Nevermore, de CD novo, começa a 'viver de música'
Fonte: Terra Música
Postado em 01 de julho de 2005
Fernão Silveira
Apesar de já ter lançado cinco álbuns "full-length", de ter dividido o palco com grandes grupos da cena metal e de ter firmado um novo contrato com uma das maiores gravadores do gênero no mundo, a Century Media, a banda americana Nevermore só conquistou recentemente sua autonomia na carreira musical.
"Finalmente estou podendo viver da minha música, que é o que eu sempre quis. Passei dez anos me dividindo em dois empregos para chegar até aqui. Muitos param antes disso. Diria que uns 95% desistem depois de tanto tempo tentando. Mas eu amo tocar e foi essa dificuldade que me estimulou", contou ao Terra o vocalista Warrel Dane.
Antes da estabilidade na carreira musical, os membros do Nevermore precisavam de um ganha-pão que sustentasse suas necessidades pessoais e o "hobby" que, mais tarde, viria a se tornar uma profissão de fato.
Dane e o baixista Jim Sheppard atuavam como chefes de cozinha. O guitarrista Jeff Loomis trabalhava no mesmo restaurante que os dois colegas e acabou aprendendo com eles a cozinhar. Já o baterista Van Williams era designer gráfico da multinacional japonesa Nintendo, em Seattle, onde ele ajudava no desenvolvimento de games.
"Era muito difícil conciliar o emprego com a música. Só os mais fortes sobrevivem a isso. Mas tocar é a coisa que eu mais gosto de fazer, além de cozinhar", afirmou Dane. "Cozinhar é muito bom. Vou lhe dar uma dica: se você fizer um jantar para uma mulher, com certeza ela irá para a cama com você depois. Comigo sempre deu certo", recomendou o vocalista e cozinheiro, entre risos.
O tom animado e otimista de Dane ao telefone reflete o bom momento do Nevermore. A banda de Seattle está com o sexto álbum pronto - This Godless Endeavor, com lançamento previsto no Brasil para o final de julho - e vai reforçar o cast do festival metálico Gigantour, que rodará os Estados Unidos e o Canadá, entre julho e setembro, levando ao público atrações do calibre de Megadeth e Dream Theater.
Dane afirmou que a banda planeja uma excursão pela América do Sul depois de cumpridas todas as datas previstas para a América do Norte e a Europa no segundo semestre deste ano. O vocalista recordou de dois shows pequenos feitos no Brasil há cerca de três anos e disse que o Nevermore tem de retornar ao País. "Tenho certeza que faremos muito sucesso com This Godless Endeavor e vamos voltar para tocar aí muitas vezes."
Novos tempos
O Nevermore gosta mesmo de nadar contra a corrente. A banda nasceu no berço do grunge (Seattle), há cerca de 13 anos - época em que o revolucionário estilo roqueiro estava em seu auge. Apesar da tentação de aderir ao modismo, Dane e seus companheiros se mantiveram fiéis à idéia de construir uma carreira baseada no heavy metal - gênero que chegou a ser considerado "morto" nos anos 90.
"Montar uma banda grunge nunca, jamais, sequer passou pelas nossas cabeças", enfatizou Dane. "Os caras da banda em que eu tocava antes (Sanctuary) aderiram ao movimento para tentar ganhar dinheiro, mas eu briguei com eles e abandonei. Eles quebraram a cara e nós estamos aqui. Apesar de termos voltado a conversar, após uns seis anos de briga, eles ainda têm ciúmes de nós", contou.
"Todos os músicos de Seattle que montavam bandas grunges olhavam para nós como se fossemos inferiores a eles, só porque fazíamos metal. E agora? Quantas dessas bandas continuam na ativa?", destacou. "Eu, particularmente, não gosto da chamada 'música grunge'. A única banda que me agrada é o Alice in Chains, que é a mais metal de todas elas."
Depois de 13 anos batalhando um espaço na cena metal, o conjunto de Seattle parece finalmente ter encontrado o caminho. Uma das grandes conquistas atuais do Nevermore é a entrada do guitarrista Steve Smyth (ex-Testament), que dá mostras de ter chegado para assumir em definitivo a quinta vaga da banda.
"Estávamos ficando cansados de substituir músicos. Chegamos a pensar em contratar alguém apenas para tocar em turnês. Felizmente encontramos Steve. Ele é muito profissional, um ótimo guitarrista e está completamente integrado com a banda. Ele escreveu três músicas de nosso novo álbum e ninguém sabe dizer quais foram, pois estamos muito bem sintonizados. Isso é ótimo", comemorou Dane.
O álbum This Godless Endeavor, aliás, pode ser considerado uma vitória para o Nevermore. A boa repercussão que o remix de Enemies of Reality - versão deste ano para o CD lançado originalmente em 2003 - teve entre os fãs e a crítica ajudou a banda a conquistar um status melhor dentro da gravadora Century Media.
A aposta no Nevermore levou o selo a investir em This Godless Endeavor, que teve a produção de Andy Sneap, responsável também pelo remix de Enemies of Reality. "Ele não é o tipo de produtor que mexe nas nossas músicas. Posso dizer que Andy me fez um cantor melhor. Ele sabe tirar o melhor da performance dos músicos. É muito bom trabalhar com ele", explicou Dane.
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