Iced Earth: Schaffer fala da tour, cancelamentos, downloads

Após pelo menos uma década de espera e apreensão, os fãs do Iced Earth finalmente poderão ver a banda ao vivo em São Paulo e Belo Horizonte. Muitos rumores alimentaram uma possível vinda da banda ao país durante anos, e cancelamentos como os de países vizinhos (Argentina, Colômbia e Chile) colocaram em cheque mais uma vez a veracidade da tour brasileira. Mas Jon Schaffer desmente boatos de cancelamento e conversa rapidamente com Allan Mascarin sobre suas espectativas em relação ao Brasil e o poder da internet para os artistas independentes.

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É a primeira vez de vocês no Brasil, certo? O que você espera do publico Brasileiro?

Jon - Sim. Acredito que será ótimo! Eu não tenho idéia de quantas pessoas vão estar nos shows, e não sei como a banda é vista pelos fãs brasileiros comparada a outras bandas, mas espero que seja sensacional.

Com o cancelamento dos shows na Argentina, Chile e Colômbia, você acha que terá uma responsabilidade maior nos shows no Brasil?

Jon – Eu estou bastante chateado com essa onda de cancelamentos; os promotores locais nos disseran que estava tudo certo, mas infelizmente foi aparecendo um problema atrás do outro. Melhor então cancelar, mas esperamos poder voltar logo para o Brasil e para o resto da América do Sul.

Com a atual mídia e com as facilidades da internet, como você acha que é o melhor modo de chegar aos fãs?

Jon - A indústria da música vem mudando muito atualmente, e a internet hoje desempenha um papel muito importante para nos aproximar dos fãs. Na verdade, isso já está acontecendo. Até onde isso vai, nós não sabemos, tudo está mudando drasticamente.

Qual a sua opinião sobre o download de músicas?

Jon - É uma faca de dois gumes. Mesmo só com o CD as pessoas já faziam cópias, e isso afetou a indústria, as bandas, as gravadoras - que na verdade não me incomoda de serem afetadas por que às vezes elas merecem. Por um lado, os artistas estão podendo mostrar sua música para todos. Mas pelo outro, se as bandas não conseguirem lucrar, elas vão acabar, porque precisamos de dinheiro pra tudo. Como eu disse, a indústria está mudando, e pra um ponto onde não se consegue faturar com um disco, e se não faturarem, não poderão fazer outro, pois fazer um CD custa dinheiro.

Mas você não acha que isso ajuda outras bandas a ficarem conhecidas?

Jon – Sim, mas com milhares de pessoas oferecendo seus CDs de graça tudo fica muito saturado. Não sei até onde isso vai, mas é ruim, pelo menos do jeito que está agora. Eu acho que um dia os artistas poderão vender seus álbuns diretamente para seus fãs, e isso seria bom para as duas partes, por que assim você se livra de tudo, das gravadoras, das lojas, e tudo acabaria bem mais barato para os fãs, e o dinheiro iria diretamente para o artista. Não sei aonde tudo isso levará, só sei que a indústria musical está morrendo.

Quais outras bandas você ouve, e quais te influenciaram?

Jon - Olha, eu sinceramente não presto muita atenção nessas bandas de hoje, porque trabalho muito, praticamente o dia todo, e não tenho muito tempo. Mas o Iron Maiden continua sendo minha banda favorita de todos os tempos. Eu sempre fico ansioso quando eles lançam um CD novo. Quero dizer, quando tenho esses raros momentos em que posso parar e ouvir uma música, eu sempre acabo nas bandas que eu cresci ouvindo como o Black Sabbath, Judas Priest, Iron Maiden, Deep Purple, esse tipo de coisa.

Qual foi o melhor show que você já fez?

Jon – Ah, essa é difícil, sei lá, já fiz vários shows muito bons, mas acho que a primeira vez que fomos até a Grécia. Acho que foi um dos shows mais especiais que fizemos.

Eu acho que você vai mudar de opinião depois dos shows no Brasil, hein?

Jon – Mesmo? Você acha?

Já vi muitos mudarem de idéia depois de terem tocado aqui.

Jon – Que bom cara, nós realmente esperamos isso.

Pra terminar, mande uma mensagem pros fãs brasileiros.

Jon – Estamos muito felizes de ir até aí depois de tanto tempo. É algo que nós queremos fazer a muito tempo. Infelizmente não é fácil, não é só falar "Ei, vamos para tal lugar, faça acontecer" - risos. Não é assim que funciona. Temos que arranjar um produtor que nos contrate, para algum show em algum país. Estamos a mercê deles. Mas, de verdade, estou muito feliz de finalmente poder tocar aí no Brasil, e esperamos poder voltar em daqui a algum tempo.

Bem, obrigado, e espero que vocês tenham um bom show e que você goste da energia dos headbangers brasileiros.

Jon – Com certeza, estou ansioso por isso!

CRÉDITOS:
Pauta: Alexandre Cardoso
Entrevista: Allan Mascarin
Tradução: Thiago Caires