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Reedições de Luxo: a nova maneira da indústria roubar você

Por Nacho Belgrande
Fonte: Site do LoKaos Rock Show
Postado em 08 de setembro de 2011

Por Mick Wall, traduzido por Nacho Belgrande

"Alguém me ligou perguntando se eu gostaria de resenhar o ‘novo’ relançamento do PINK FLOYD, ‘Wish You Were Here’. Sendo fanático pela banda na época de seu auge, eu de pronto senti um frisson de excitação. Aquele arrepio que você tinha quando ouvia a notícia de um disco novo de sua banda favorita.

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Agradecidamente, entretanto, isso passou rapidamente à medida que eu olhei para contar quantos discos do Floyd de vários formatos e pedigrees eu já tenho que contêm ‘Wish You Were Here’ e qualquer coisa digna de nota na carreira – vamos ter coragem e admitir isso aqui – bem cheia de falhas dessa banda estelar. Tal como Hitler dando ordens cada vez mais paranóicas de seu bunker em Berlin durante os dias finais da guerra, as grandes gravadoras estão agora numa luta desesperada que se baseia pesadamente em convencer a si próprias, e àqueles que querem pagar para concordar com eles, de que elas ainda podem vencer.

Nãos mais capazes de contratarem o que há de melhor nos talentos por aí, não mais capazes de segurá-los mesmo quando elas os contratam, já que nós desistimos de querer CDs e de precisar de vídeos de três minutos, elas estão concentrando-se como nunca antes em nos vender de novo tudo o que nós já temos.

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Eu posso não ter mais minha cópia original em vinil de 1973 de ‘Dark Side of the Moon’ «eu sou homem, mudei pra lá e pra cá a minha vida toda, pedaços de minha coleção de discos foram deixados por todo canto como esperma congelado», mas eu no momento tenho, em minhas empoeiradas prateleiras, a edição de vigésimo aniversário de ‘Dark Side’, a edição de trigésimo aniversário, a versão ao vivo tanto de ‘Pulse’ como as muito-pirateadas versões de Roger Waters, além daquelas faixas classificadas como ‘remixadas’ naquele CD duplo muito pouco interessante, ‘Echoes’ de alguns anos atrás.

E eu aposto que muitos de vocês têm pelo menos uma dessas versões também.

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Então por que, por exemplo, nós precisaríamos da nova versão ‘Immersion Box Set’ que sai esse mês? E com ‘Immersion’, a propósito, eles querem dizer o disco original mais um CD de versões ao vivo – o tipo de coisa que vale uma cerveja e um passe de ônibus. Esta, entretanto, lhe custará 90 libras «cerca de 240 reais». A versão ‘immersion’ de ‘Wish You Were Here’, que virá em Novembro, custará o mesmo. Sim, ela virá espalhada como margarina ao longo de cinco CDs, mas, na verdade, e daí? Pessoalmente, eu recomendo o CD usado que pode ser comprado por menos de cinco libras atualmente na Amazon. Ou apenas peça a um amigo mais velho que envie os arquivos pra você, entende o que quero dizer?

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Falando sério, não é de se surpreender que a indústria fonográfica esteja de joelhos. Eles gritaram e acusaram a internet de roubar os artistas. Bem, eles devem saber, eles têm roubado tanto os artistas como os fãs desde que o universo do rock começou e ainda o fazem. E não é só com o Pink Floyd. A (gravadora) Universal muito bondosamente lançou um box-set do Black Sabbath ano passado que custava 170 libras (450 reais) e consistia de todos os nove discos da era Ozzy, dos quais somente cinco valem a pena ter, todos os quais você pode comprar por um total de 30 libras (80 reais) adquirindo-os individualmente.

Seja lá quem for seu artista favorito, acredite em mim, alguém, em algum lugar, está bolando um jeito de fazer você pagar pelos discos deles de novo, só que a preços que você nunca cogitou pagar quando os comprou pela primeira vez, e muito menos o faria agora.

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Há um nome que nós usávamos para esse tipo de coisa: roubo. E um nome que tínhamos para o tipo de gente que é cúmplice disso: ladrões. Não seja uma vítima. Guarde seu dinheiro no seu bolso e compre algo de útil ao invés disso."

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Sobre Nacho Belgrande

Nacho Belgrande foi desde 2004 um dos colaboradores mais lidos do Whiplash.Net. Faleceu no dia 2 de novembro de 2016, vítima de um infarte fulminante. Era extremamente reservado e poucos o conheciam pessoalmente. Estes poucos invariavelmente comentam o quanto era uma pessoa encantadora, ao contrário da persona irascível que encarnou na Internet para irritar tantos mas divertir tantos mais. Por este motivo muitos nunca acreditarão em sua morte. Ele ficaria feliz em saber que até sua morte foi motivo de discórdia e teorias conspiratórias. Mandou bem até o final, Nacho! Valeu! :-)
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