Blu-ray Audio: por que o formato não decola?
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa del Nacho
Postado em 03 de agosto de 2012
Em janeiro de 2010, o jornalista Garry Margolis do site Home Theater Review escreveu sobre o potencial do áudio no formato Blu-ray como a mídia da nova geração da música multicanal em alta resolução. Os audiófilos estão exigindo saber o que aconteceu desde então. O especulado formato Profile 3.0 somente para áudio ainda não foi anunciado, e fontes dizem a Margolis que o projeto já foi arquivado e esquecido. Isso provavelmente quer dizer que não haverão players automotivos de áudio em Blu-ray. Entretanto, todo player de Blu-ray já existente pode fornecer áudio LPCM de alta resolução e DTS lossless, além de conteúdo Dolby multi-canal através de sua conexão HDMI, então não há necessidade real de um player dedicado somente ao áudio.
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Tal como esperado, há muito pouco software lançado em áudio Blu-ray. Dentre os lançamentos mais notáveis, destacam-se ‘Dark Side of the Moon’ [Immersion Edition] do PINK FLOYD, que inclui o espetacular remix em 5:1 de James Guthrie [e que já era disponível anteriormente em SACD], e o mix quadrofônico em 4.0 de Alan Parson para o lançamento original de 1973 [que nunca fora disponível comercialmente], assim como o produto original em estéreo, todos em LPCM 96/24. Não deveria haver diferença entre o remix 5.1 deste lançamento e o do SACD - o consenso é de que o remix para 5.1 fora feito em 96/24 e convertido para DSD para o lançamento em SACD. Esse pacote inclui muitos extras em seus seis discos, dos quais somente um é Blu-ray.
‘Moving Pictures’, do RUSH é um combo de Blu-ray com CD que inclui remixes em áudio 5.1 tanto nos encodamentos 96/24 como em DTS-HD Master Audio, além de um mix 96/24 em dois canais.
Um set impressionante que repassa as gravações de NEIL YOUNG de 1963 a 1972 foi remasterizado em encodamento LPCM 192/24 de dois canais, cobrindo nove discos; o décimo volume contém o primeiro filme do artista, ‘Journey Through the Past’, com as trilhas em 5.1 DTS e estéreo 96/24 LPCM.
TOM PETTY tem dois lançamentos: uma versão remasterizada de ‘Damn The Torpedoes’ em 5.1 LPCM e DTS-HD Master Audio, além de um mix em estéreo, todos em 96/24, e ‘Mojo’, em DTS-HD Master Audio 96/24 5.1 e estéreo LPCM 48/24.
O selo Naxos oferece atualmente 16 discos clássicos em áudio específico para Blu-ray, todos com estéreo e surround em 96/24 ou em trilha LPCM 88.2/24. Como é de costume com a Naxos, a maioria é de artistas poucos conhecidos.
A AIX tem 11 lançamentos em Blu-ray e três samplers do formato que incluem vídeo 3D e/ou 2D HD, então não são só de áudio, mas contêm Dolby TrueHD 7.1 e/ou 5.1. Dada a origem da AIX como um selo de audiófilos, é de se esperar uma qualidade superior no som.
A 2L da Noruega é um dos distribuidores mais ativos no apoio e nos lançamentos de Blu-rays. O catálogo deles figura no momento 14 discos em Blu-ray áudio e eles já anunciam 16 mais lançamentos, a maioria dos quais incluirá um SACD extra no pacote duplo.
A 2L e alguns outros pequenos selos estão usando a Pure Audio Blu-ray interface desenvolvida pelos msm Studios na Alemanha. Tal design usa botões padrão de controles remotos para manuseio e os botões numéricos para acesso a qualquer faixa. Ele também usa os botões coloridos no controle para selecionar as versões surround ou estéreo das gravações. Acrescentando um monitor, você terá acesso aos elementos visuais contidos no disco, tal como track lists, créditos e conteúdo em vídeo.
A Pure Audio Blu-ray é a base de uma interface recomendada para os usuários e que foi adotada pela Audio Engineering Society. Stefan Bocks dos msm Studios, os desenvolvedores dos discos em Pure Audio Blu-ray, liderou uma mesa na última conferência da AES em Budapeste onde se discutiu os últimos desenvolvimentos e lançamentos em discos Blu-ray de áudio. Durante o painel, ele descreveu uma função opcional do Pure Audio BD: a mShuttle.
A mShuttle permite que qualquer player de Blu-ray conectado a uma rede seja acessado do navegador de um Mac ou PC naquela rede, de modo que o conteúdo possa ser carregado do disco. Nenhum programa adicional é preciso para conectar o computador e o player de Blu-ray. A única informação necessária é o endereço de IP do player de Blu-ray, que deve aparecer no menu de configurações do player.
Por exemplo, os discos em Blu-ray da 2L possuem arquivos em dois canais em encodamento FLAC de todo o conteúdo musical dos discos também em alta resolução, assim como em qualidade de CD [44.1/16], além de um conjunto completo de arquivos em MP3 a 320 kbps/16 bits para uso em aparelhos portáteis. Um disco tinha versões 44.1/16 em WAV também. Esses arquivos não possuem proteção contra cópias. No mais, a capa e o encarte podem ser carregados também.
Lembre-se de que um player compatível com o encodamento em FLAC tem que ser instalado no computador para tocar tais arquivos. O iTunes e o Windows Media Player não são compatíveis com o formato – mas o Winamp sim.
E por que não há uma variedade maior de títulos em Blu-ray áudio? Os selos menores dizem que discos de catálogo que pertencem ao acervo das grandes gravadoras são caros demais para se licenciar e prensar nessa mídia. Ademais, as grandes gravadoras não conseguem ver isso como uma fonte adicional de receita que de outro modo elas não veriam. Ao invés disso, tais empresas exigem quantias exorbitantes, fazendo assim com que esses registros não sejam disponibilizados em Blu-ray áudio. Nos dias da batalha entre o SACD e o DVD-Audio, não era raro que a taxa pedida por uma gravadora chegasse a 250 mil dólares por um título de rock classe ‘B+’ ou ‘A-‘, com as vendas raramente ultrapassando 25 mil cópias por título [incluindo ‘Dark Side of the Moon’ em SACD]. Resumindo, não havia como viabilizar tais números em termos de lucro, ainda que a importância de vender música em HD é algo que os grandes chefões da indústria música têm simplesmente ignorado, apesar do fato de os estúdios cinematográficos de Hollywood, desenvolvedores de vídeo games e todo mundo que vende conteúdo de entretenimento em mídias ter abraçado a necessidade de conteúdo de alta-definição. A única maneira pela qual os executivos nas grandes gravadoras prestarão atenção a formatos com o Blu-ray é que o dinheiro apareça bem na cara deles. Enquanto é importante provar uma finalidade lucrativa para as gravadoras, é mais importante ainda alimentar seu sistema ou aparelhagem de áudio e vídeo com o melhor som possível, e isso vem através do Blu-ray. Compre você mesmo um dos títulos mencionados nesse artigo e prepare seus ouvidos para uma farra.
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