Jeff Beck: as palavras do gênio da guitarra aos 70 anos
Por Paulo Giovanni G. Melo
Fonte: Gibson.com
Postado em 25 de junho de 2014
Dos principais guitarristas britânicos de blues dos anos 1960 - Eric Clapton, Jimmy Page e Jeff Beck - é justamente Beck o expert. Longe de ser um nome familiar como Clapton e Page, Beck é considerado pelos músicos do ramo como um dos guitarristas mais estilosos de todos os tempos.
Jeff Beck completou 70 anos em 24 de junho de 2014, mas, em seu próprio ritmo, ele está trabalhando em um novo álbum que, sem dúvida, mais uma vez irá chegar ao limite da guitarra elétrica.
Feliz aniversário, Geoffrey Arnold Beck! Aqui está um pouco de sua destreza e sabedoria ao longo dos anos...
Sobre tocar muitos instrumentais, Jeff Beck disse:
"Não tenho nenhum desejo em particular de tocar solos de 10 minutos. Era apenas uma forma barata de colocar a tensão na plateia. Um solo deve fazer algo; não deve apenas estar lá como um cosmético. Deve haver algum objetivo, levar a canção a algum lugar."
Sobre a inspiração em Hank Marvin [músico inglês]...
"Nunca ouvi falar que ele cometeu um erro. Ele é muito diferente de mim. Eu bato e queimo, como um trapezista bêbado."
Sobre o JEFF BECK GROUP original dos anos 1960 (com Rod Stewart e Ronnie Wood)...
"Fomos a melhor banda do mundo que não ensaiava! Isso era porque, a) não podíamos pagar para ensaiar em qualquer lugar, e b) nós éramos expulsos da maioria dos lugares depois de cinco minutos, porque tocávamos muito alto! A única maneira de descrever aquilo era como um blues super carregado."
Sobre ser o modelo do personagem "Nigel Tufnel", interpretado por Christopher Guest no filme/documentário "This Is Spinal Tap"...
"Sentei-me no cinema e acho que fui o único da plateia a rir! Soluçava de rir. Ao que parece, Nigel Tufnel foi baseado em uma estrela do Heavy Metal - não posso dizer em quem - mas Chris adotou meu visual, porque ele poderia me fazer melhor!"
Sobre tocar sem palheta...
"Você pode fazer muito mais com os dedos do que com uma palheta. Você não tem aquele som da palheta em uma guitarra muito amplificada. É também um som mais pessoal, com mais controle."
Sobre ganhar o quinto prêmio de Melhor Performance de Rock Instrumental (HammerHead, em 2011)...
"Bem, tem um monte de categorias. Melhor Uso De Um Pente, Melhor Clipe de Papel? Você é obrigado a ganhar algo se estiver por aí há tanto tempo quanto eu estou."
Sobre o convite para fazer um teste para o ROLLING STONES depois que Mick Taylor saiu...
"Eles me enrolaram quando fui tocar algumas faixas com eles em Rotterdam. Quando cheguei lá, avistei 400 guitarras, cada uma de uma marca diferente. Eu disse 'todas são de Keith?'. Eles disseram 'não, são dos caras que estão vindo fazer o teste'. Eu falei 'como é que é? Não estou sendo testado?'. E eles disseram 'não, você tem o show, eles vão avisar aos outros para não vir'.
"Eu estava sendo sugado, então aquela era a encruzilhada, qual caminho eu estava tomando? Mas um ensaio foi o suficiente. Quando toquei com os ROLLING STONES foi tão singular, depois dos riffs realmente violentos e dos ritmos selvagens de Billy Cobham, nunca teria funcionado. Troquei uma ideia com o gerente de turnê Ian Stuart, eu disse 'houve um erro' e pulei fora.
Sobre sua duradoura carreira...
"Não tenho arrependimentos. Vamos falar sério, sou o centro do palco, no ingresso tem meu nome, vou lá e toco e não há vocais. Quem quer trocar isso por fazer parte de uma banda de qualquer outra pessoa?"
Sobre a primeira vez que viu Jimi Hendrix...
"Clapton, Page e eu fomos amaldiçoados por sermos de Survey. Nós parecíamos ter saído da janela de uma loja em Burton. Jimi Hendrix com sua jaqueta militar, seu cabelo esvoaçante e tocando com os dentes. A gente teria gostado de ter feito isso. Ele me atingiu como um terremoto quando surgiu. Tive que pensar muito sobre o que faria em seguida. Fiquei muito feliz por tê-lo conhecido no pouco tempo que viveu."
Sobre o Heavy Metal...
"Não rola. Muitos amplificadores, muito volume. Guitarras rápidas não apenas deixam meu feeling isolado, mas fisicamente desconcertado. Quando você pensa em todas as sutilezas que foram construídas na guitarra e nos amplificadores, daí você descobre que eles cobrem completamente a coisa com um rack de efeitos. A guitarra não precisa disso."
Sobre fazer álbuns...
Gravações são um incômodo, porque elas são uma falsidade. A coisa ao vivo ainda domina. É a experiência de uma pessoa fazendo seu negócio sobre o palco e milhares de pessoas respondendo. Você precisa de um bom amplificador e um músico, é isso. Então você está mais perto de revelar o que está tentando dizer."
Sobre a planejada sessão "Led Zeppelin" com Jimmy Page, John Paul Jones, Keith Moon e Nicky Hopkins...
"Poderia ter sido melhor. Mas não tínhamos um cantor - e eu insisto que havia o projeto do LED ZEPPELIN em algum lugar ali. Éramos a máfia. Mas infelizmente todos tínhamos outras prioridades."
Insistindo que não havia rivalidade com Eric Clapton...
"Eric queria ser o cara associado com guitarra, o que posteriormente ele se tornou. Você para qualquer pessoa na rua em qualquer lugar do planeta, e eles sabem quem é Eric Clapton. Eles não sabem quem sou eu! Mas nós estamos mudando isso, não estamos?"
Sobre seu estilo lento de trabalho...
"Quando nada é planejado é aí que os resultados parecem fluir. Eu não me organizo o suficiente para fazer um álbum, reservar o estúdio e ir embora. Preciso ser expulso... é assim que funciona comigo. Vou ter uma grande ideia no local, e vou ficar lá até que alguém chegue e me arraste para fora!"
Sobre Les Paul...
"A falta de Les é tristemente sentida, mas ele teve uma ótima vida e nos deu muito mais do que apenas a guitarra. Sempre fui um grande fã e sua forma de tocar guitarra me inspirou muito. Fiquei feliz de ter a chance de conhecê-lo."
Sobre ignorar o estrelato e seguir suas próprias regras...
"Tenho a sorte de não ter nenhum disco de enorme sucesso, o que automaticamente teria me levado a fazer o que vende", explicou Beck, sem qualquer indício de ironia. "Desse ponto de vista, fui muito livre. É difícil virar as costas se você vender 30 milhões de cópias de um disco. Você seria muito tolo se não tentasse fazer isso de novo, mas não tive esse problema. Todos os meus álbuns foram divertidos de se fazer. Tenho a liberdade de fazer o que quero."
Sobre a criação de novos álbuns...
"Se este álbum cai bem, então tenho uma pista de onde deveria ou poderia ir. Então eu vou para o outro lado!"
Citações das mídias: Uncut, Vox, Guitar Player, The Daily Telegraph, Guitar Center, Guitar World, The Guardian, The Times e Gibson.com
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