Metallica: Mick Wall sai em defesa do "St. Anger"
Por Carla L Fillardi
Fonte: Classic Rock
Postado em 10 de junho de 2014
O autor da biografia do METALLICA Mick Wall revela a verdade por trás do álbum mais controverso e menos amado do METALLICA.
É o álbum que a maioria dos fãs do METALLICA ainda ama odiar. Mais até mesmo do que o Lulu, da colaboração com Lou Reed há oito anos atrás. Pelo menos neste, os fãs hardcore tiveram em REED uma figura pronta para ser culpada.
Com "St. Anger", lançado em 2003, foi entretanto diferente. Gravado na parte final de uma saga que viu a reputação da banda ser manchada para sempre pela guerra perdida contra o Napster; pela saída do baixista JASON NEWSTED, depois de anos sendo subjugado pela banda; pela estadia de 11 meses do cantor James Hetfield na reabilitação; e o baterista Lars Ulrich e o guitarrista Kirk Hammett tão convencidos de que a banda estava acabada que eles estavam planejando suas vidas sem o METALLICA, "St. Anger" foi o primeiro álbum desde de "Kill ‘Em All" que refletiu verdadeiramente como estavam as pessoas no METALLICA: em conflito, sobrecarregadas, insanamente ricas, e agora, de repente, profundamente inseguras. Musicalmente, os resultados estavam distantes de serem bons. Não apenas não havia solos de guitarra, a bateria soava meio mecânica, como uma bigorna sendo martelada. E não havia momentos mais calmos, nenhuma balada, nenhuma parte instrumental, nenhum lugar para escapar do redemoinho pavoroso das guitarras insanas, do baixo elástico e dos vocais absolutamente atormentados.
Pegando por partes, faixas como "Dirty Window", "Invisible Kid" e "Shoot Me Again" foram um dos momentos mais selvagens, mais convincentemente honestos, talvez musicalmente incoerentes que a banda expressou desde o sonoramente não rebuscado mas brutalmente direto !... And Justice For All", de 15 anos antes. Considerado como um todo, entretanto, que é claramente como "St. Anger" deve funcionar, foi uma pílula amarga para engolir. "I’m madly in anger with you!" ("Eu estou descontroladamente com raiva de você!"), Hetfield grita seu lamento na faixa-título; "My lifestyle determines my deathstyle" ("Meu estilo de vida determina meu estilo de morte"), ele instiga gravemente em "Frantic". Quando a faixa final, "All Within My Hands" termina com ele gritando repetidamente "Kill, kill, kill, kill!" ("Mate, mate, mate, mate!"), o silêncio ao final te deixa encarando a si mesmo, quase perplexo.
O diretor de marketing do METALLICA disse a Kirk que o álbum era um "maldito desastre comercial". Falando relativamente, ele estava certo. Embora tenha alcançado o nº 1 na América e em outros 12 países e o nº 3 no Reino Unido, no total "St. Anger" vendeu aproximadamente metade do equivalente ao álbum anterior, "S&M".
Mesmo assim, vendas de zilhões de dólares ou sinais de apreciação não tinham a ver com "St. Anger". Historicamente, ele tem mais em comum com os igualmente mal-interpretados e até detestados álbuns "Tonight’s The Night" de NEIL YOUNG, "Low" de DAVID BOWIE, e "Plastic Ono Band" de JOHN LENNON; tão feroz quanto o demente "Funhouse" dos STOOGES; tão auto-piedoso quanto seu primo de sangue "In Utero" do NIRVANA. Álbuns que refletem as enormes crises pessoais que os artistas enfrentaram – ou que estão enfrentando ainda -, mas que todo mundo achou impossível ouvir, a princípio, sem torcer a boca ou simplesmente tirá-los, enfurecido porque eles não corresponderam ao valor pago e ao entretenimento de forma convencional.
A razão pela qual o álbum soa tão fragmentado, James me contou, era porque isso era "exatamente onde nós estávamos naquele ponto... É mais uma declaração do que um álbum para mim. Aqui está o que está rolando em nossas vidas e estamos provando isso, sabe como é? Mas, nessa fragmentação isso nos colocou juntos. Então, foi uma peça necessária do quebra-cabeça para nos fazer chegar onde estamos hoje".
Infeliz aniversário a todos...
N.T.: Mick Wall é o autor da biografia do METALLICA, traduzida para o português e intitulada "Metallica – A Biografia".
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