Engenheiros: Gessinger tocará "A Revolta dos Dândis" na íntegra
Por André Nascimento
Fonte: Blogessinger
Postado em 14 de janeiro de 2017
Humberto Gessinger escreveu nesta semana em seu blog, o Blogessinger, os planos de sua carreira neste começo de 2017 e que incluem o lançamento de um novo EP, que se chama "Desde Aquela Noite" e terá três faixas com composições dele com outros artistas mas nunca gravadas por ele; e a estréia da nova turnê "Desde Aquele Dia" onde ele vai tocar na abertura de seus shows o álbum "A Revolta dos Dândis", que foi o segundo álbum na carreira dos ENGENHEIROS DO HAWAII e que completa neste ano 30 anos de lançamento do álbum que foi o primeiro com o trio clássico Gessinger/Licks/Maltz e traz o hit "Infinita Highway".
Engenheiros Do Hawaii - + Novidades
O post escrito pelo vocalista e baixista escreveu sobre as novidades com ias detalhes em um post que pode ser lido na íntegra abaixo:
Salve, salve, meus caros, minhas caras!
Desde Aquela Noite é o nome do meu novo trabalho, três canções que estarão disponíveis nas plataformas digitais em breve. Para os fãs do bom e velho vinil, lançaremos um compacto na sequência. As três têm em comum o fato de serem parcerias já gravadas pelos parceiros mas ainda inéditas na minha discografia e cobrem um bom naco de tempo: de 1988 a 2015.
Alexandria escrevi com Tiago Iorc, ele gravou no disco Troco Likes. O Que Você Faz à Noite fiz com Dé, então baixista do Barão Vermelho. Foi gravada por eles no disco Carnaval. Nos dois casos, mandei os versos e os parceiros musicaram. Caminho diferente gerou Olhos Abertos: escrevi a letra sobre uma base que o pessoal do Capital Inicial me mandou já em estágio bem adiantado de produção. Eles gravaram no disco Todos os Lados.
Foi divertido e um belo exercício transpor para meu trio a pegada acústica millenial do Tiago, o riff setentista do Barão e a parede de sons oitentista do Capital. Fazendo música, às vezes, pintam oportunidades de belos passeios pelo tempo e pelas contigências e estilos de outros artistas.
Gostei tanto da experiência de lançar, no ano passado, o Louco Pra Ficar Legal que mantive o formato (digital e vinil), a formação (um trio: eu, Rafa Bisogno e Nando Peters) e alguns aspectos do projeto gráfico. Estes dois trabalhos mais recentes estarão no centro da nova tour que estreará no dia 17 de março no Vivo Rio e se chamará Desde Aquele Dia.
Abrirei o show tocando na íntegra A Revolta dos Dândis, no ano em que completa 30 outonos. É um álbum com o qual me conecto muito facilmente. Basta ouvir seus primeiros acordes para reviver o estado mental e emocional de quando escrevi e gravei as canções. Não é algo tão comum quanto possa parecer. O mesmo acontece com o Dançando no Campo Minado e não faço a menor ideia do porquê. Não há muitas semelhanças entre os dois, mas também com este disco a conexão é imediata. Basta uma mirada na capa e… Ops, divaguei! Não é este álbum o assunto do post. Voltemos ao aniversariante.
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Em 2013, num evento da Rádio Mix de São Paulo, toquei A Revolta dos Dândis na íntegra. Se não me falha a memória, isso não aconteceu quando do seu lançamento, em 87. Lembro que foi uma tour curta. No início dela, as músicas do Revolta disputavam espaço com as do disco anterior (Longe Demais das Capitais). Mais adiante, a disputa passou a ser com algumas canções que fariam parte do disco seguinte (Ouça o Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém).
É um álbum interessante de visitar não só pelas músicas em si, mas também pelo que aconteceu com elas. Algumas tiveram grande exposição (Infinita Highway, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero). Outras, talvez só os de fé conheçam (Guardas da Fronteira, Filmes de Guerra Canções de Amor).
Seria hipocrisia dizer que, pra mim, dá na mesma. Mas também seria falso afirmar que o fato de terem feito sucesso ou passado batido muda minha relação com as músicas que faço. No momento em que isso acontece ou deixa de acontecer, seja em que disco for, eu já terei convivido com elas por tantas madrugadas que… ah, deixa pra lá! Ninguém pode conhecer as canções tanto quanto eu e ninguém pode surpreender-se com elas tanto quanto eu.
Quando um artista começa a dar importância demasiada aos números que cercam sua obra está cruzando uma linha perigosa. Números são importantes mas contagiosos, podem invadir aspectos da vida que os sábios jamais quantificariam.
Uma canção sobre a qual havia expectativa de sucesso por parte do nosso entorno (Desde Aquele Dia), não "vingou" (na ótica míope da indústria). Outras, em que ninguém acreditava, estouraram. Que bom que não se trata de ciência exata!
Que bom ter trilhado este caminho sem atalhos, passando por cada uma de suas curvas! Aproveito para mandar um fraterno abraço a Carlos e Augusto, companheiros de viagem em inesquecíveis quilômetros da infinita-enquanto-dura-highway. Gracias! Orgulho máximo de nossa caminhada. Boas vibes pra vocês sempre!
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Sim, meus caros, minhas caras, cá estou, no verão portoalegrense, fazendo demos de músicas que gravei há trinta anos no inverno paulista - e adorando! Esta volta ao estágio mais rudimentar das canções é natural e necessária pois minha intenção na nova tour não é fazer covers de mim mesmo. Vou oferecer ao pessoal que me acompanha hoje o mesmo que ofereci a quem gravou comigo em 87: composições bem pessoais, ideias pouco ortodoxas de arranjo, estranhas linhas de baixo, alguma guitarra, poucos teclados, a voz, intenções, desejos, receios… e vamos ver aonde a vida vai nos levar!
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Na praia onde passávamos os verões da minha infância, havia potentes vagalumes. Tentávamos capturá-los e mantê-los num vidrinho para que vagalumeassem à hora que quiséssemos. Nunca funcionava. A natureza não funciona assim. Melhor deixá-los no ar iluminando quando, como e o que quiserem. E usar os vidrinhos de remédio pra tocar slide guitar.
Dia desses minha mãe conversava com a Adri olhando para o horizonte onde nuvens anunciavam a chegada de uma tormenta de verão. Promessa de alívio imediato para o desconforto do calor. Ali ao lado, absorto em sei lá que pensamentos, só captei uma frase da mãe: "Meu marido gostava de chuva". Caraca! Senti um conforto enorme, vindo sei lá de onde. Eu também gosto de chuva! Não sabia que meu pai gostava. Passado e presente, presença e ausência, abraçados, girando indistinguíveis enquanto dançam pelo salão.
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Um dos prazeres que uma carreira longeva oferece é assistir ao abraço entre músicas escritas hoje e feitas faz tempo. Vê-las dançando pelo salão é muito legal. Da tour que se encerra, trago belas lembranças do diálogo entre Ando Só e inSULar - um mesmo tema iluminado por dois ângulos diferentes - e do bis onde a inércia de Tudo Esta Parado ganhava movimento e seguia Até o Fim da Infinita Highway.
Entre elas havia uma união musical além da temática, é claro. Talvez muita gente curtisse aquela sem se dar conta desta. Normal, sem problema, minha música está aí pras pessoas se relacionarem com ela como quiserem, é claro. Mas para mim, forma e conteúdo giram indistinguíveis lançando luzes recíprocas uma na outra, numa dança que ilumina o salão.
Outro ponto alto do show Louco Pra Ficar Legal eram as referências aos 30 anos de gravação do Longe Demais das Capitais num set acústico e aos 20 anos do Gessinger Trio no set de teclados. Sem mistificação do passado, um piscar de olhos pros mais chegados que encaixava bem no fluxo do show. Bacana. Acho que, ao lado do programa de rádio de 2013, foram estes dois momentos que semearam na minha mente a ideia de tocar o "disco amarelo".
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Mas nem só dos discos A Revolta dos Dândis e Desde Aquela Noite viverá a nova tour. Vão rolar músicas de outros álbuns também. A montagem de um show, assim como a composição de uma canção, a partir de certo ponto começa a andar sozinha, surpreendendo mesmo quem deveria estar no comando. Tipo…
… resolvi tocar Faz Parte no arranjo acústico, piano e voz. Ela chamou Vida Real para o seu lado. Esta, por sua vez, pediu que eu explicitasse uma das inspirações do seu refrão (na hora da canção em que eles dizem "baby" eu não soube o que dizer), a saber: a convicção de que Robert Plant – ao lado de Janis Joplin – é o melhor cantor de "babies" de todos os tempos. E mil ideias pintaram. Vindas da mesma matriz que gerou Ando inSULar e Até o Fim da Infinita. Tô curioso pra saber como estas ideias evoluirão e chegarão à estreia da tour. Qual será a rota de voo dos vagalumes?
Alô amigos cariocas e viajantes do som: a partir das 10h desta quarta, os ingresso para a estreia do show Desde Aquele Dia, no Vivo Rio, estarão disponíveis aqui:
http://tudus.com.br/vivo-rio-humberto-gessinger
É com amor e rigor, força e delicadeza, sonho e precisão que estamos preparando esta nova tour. Espero que vocês curtam tanto quanto tenho curtido tocar as linhas de baixo daquele alemãozinho naive que não fazia a menor ideia do que fazia!
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bah: Perdoem-me se fui prolixo. Culpa da empolgação pelo que vem por aí e da saudade de passar por aqui. Não prometo voltar a escrever semanalmente. Já tem gente demais, falando demais, alto demais, né? :-) Quem sabe no futuro... Enquanto isso, sigo me expressando através da música.
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