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Bohemian Rhapsody: por isso me chamam de senhor Fahrenheit!

Por Carlos Eduardo Corrales
Fonte: Delfos
Postado em 06 de novembro de 2018

Duas coisas estão muito bem documentadas aqui no DELFOS. Uma delas é o quanto eu não gosto de cinebiografias. A outra é o quanto eu gosto de Queen. Combine os dois e o que dá? Esta é minha crítica de Bohemian Rhapsody, o filme.

Matéria originalmente publicada no site Delfos.
Leia mais em https://delfos.net.br

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MOÇAS DE BUMBUM GORDO FAZEM O MUNDO DO ROCK GIRAR

Bohemian Rhapsody é um recorte da trajetória do Queen, focado no vocalista Freddie Mercury (Rami Malek). Começa pouco antes de ele entrar na banda, então chamada de Smile, e termina na famosa apresentação da banda no Live Aid, em 1985 (e não vale dizer que é spoiler, pois isso foi divulgado pela própria distribuidora).

Isso significa que o filme deixa muito de fora. Toda a época em que o Queen deixou de se apresentar ao vivo e focou em discos e videoclipes superproduzidos ficou de fora. E é uma pena, pois algumas das músicas mais legais da banda, como I Want It All e Innuendo, foram compostas neste período.

Os primórdios também são bastante corridos. Não demora para Freddie entrar no Smile, e uns cinco minutos depois, a banda já mudou o nome para Queen, tocava na TV e fazia turnês internacionais. Imagino que o Queen deve realmente ter feito um sucesso meteórico, mas um pouco mais de desenvolvimento deste período seria muitíssimo bem-vindo.

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EU QUERO ANDAR DE BICICLETA, EU QUERO ANDAR DE BIKE

Felizmente, na época que é realmente o foco do filme, ele se dá melhor. Vemos coisas como os experimentos da banda no estúdio para criar uma experiência sonora, assim como o surgimento de clássicos que todo mundo conhece e gosta, como We Will Rock You, Love of My Life e, claro, a épica balada que dá nome ao longa.

Como fã da banda, esta parte musical é o que mais me interessa e realmente foi impressionante ouvir as composições cheias de cores e detalhes nas caixas de som potentes do Imax.

Porém, há também um grande foco na vida pessoal de Freddie, em especial no seu relacionamento com a moça que ele chama de "love of my live". Também há muito do seu comportamento de diva autodestrutiva. Este é o aspecto mais tradicional e ao mesmo tempo o mais sem graça do longa. Afinal, já vimos esta mesma história tantas vezes, em dezenas, talvez centenas, de cinebiografias musicais.

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A própria decisão de cortar o filme no Live Aid representa isso. Afinal, é neste momento que a banda retorna de um hiato não muito amigável. Perfeito para criar um arco dramático típico de aulinha de roteiro e, por isso mesmo, bastante clichê.

MANHÊ! EU MATEI UM CABOCLO!

Convém falar das atuações. Rami Malek (que você provavelmente conhece de Mr. Robot, mas eu sempre vou lembrar dele no Until Dawn) definitivamente não se parece com Freddie Mercury fisicamente, mas ele imita os trejeitos do cantor direitinho. Eu já falei antes por aqui, mas considero que imitar uma personalidade marcante, como Freddie (ou o Silvio Santos, ou quem quer que seja) é muito mais fácil do que criar um personagem tendo apenas o roteiro como base. Isso explica porque eu não considero que papéis em cinebiografias merecem prêmios, mas dito isso, Rami fez o seu papel direitinho. Infelizmente, todas as músicas do filme aparecem em versões tocadas pelo Queen, o que tira parte da graça de ver o ator cantando as músicas do biografado, como costuma acontecer.

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O resto da banda é basicamente um elenco de apoio, mas Brian May e Roger Taylor realmente ficaram bem parecidos com suas contrapartes reais. O Brian do cinema, em especial, pode até ser confundido com o guitarrista da banda, de tão parecido que ficou.

Bohemian Rhapsody é uma cinebiografia bem formulaica, que reproduz direitinho tudo que seus colegas de gênero costumam fazer. Cá entre nós, o fator "eu gosto pacas de Queen" fez com que eu acabasse curtindo mais este longa do que costuma acontecer com o gênero. Mas analisando friamente, ou de forma imparcial, para aqueles que esperam isso dos jornalistas, é simplesmente uma boa cinebiografia. Não por acaso, o melhor momento do filme é justamente o Live Aid, quando a banda toca uma sequência de suas músicas mais famosas, sem interrupção.

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Sobre Carlos Eduardo Corrales

Carlos Eduardo Corrales é jornalista e fotógrafo há oito anos. É editor-chefe do Delfos - www.delfos.jor.br - o maior site nerd de jornalismo parcial reflexivo humorístico do mundo. Sua principal característica é não levar nada a sério, até mesmo quando fala sério. A única exceção, claro, são os ensinamentos do Deus Metal. Com esse ele não brinca, pois não quer que o Vento Preto venha tirar satisfação.
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