Como foi feito "Arise", o álbum do Sepultura que Max Cavalera mais gosta
Por Igor Miranda
Fonte: Kerrang!
Postado em 13 de julho de 2020
O vocalista e guitarrista Max Cavalera relembrou, em entrevista à "Kerrang!", como foi o processo de gravação de "Arise" (1991), quarto álbum de estúdio do Sepultura. O músico descreve o trabalho como o seu predileto de seu período na banda.
"'Arise' é o meu favorito que fizemos naquela era. Foi o melhor em misturar death e thrash metal, algo que muitas pessoas estão fazendo até hoje. Soa um pouco tribal, também. Nosso romance com o tribal pode ser percebido a partir do 'Arise'", afirmou, inicialmente.
Max contou que "Arise" começou a ser feito a partir da ideia de que o álbum anterior, "Beneath the Remains" (1989), foi bem, mas que "daria para fazer melhor". "Fomos à Flórida gravar no Morrisound, que era o templo do death metal. Várias bandas ótimas gravaram lá: Death, Obituary, Morbid Angel, Sadist. Também rolou muita festa no 'Arise'. Não sei como fizemos aquele disco (risos). O Morbid Angel ensaiava perto de nós, em Tampa. Fomos até eles, naquele clima de 100 graus, de shorts e sandálias. Eles estavam no visual completo, todos de couro. Pensamos: 'esses caras são verdadeiros... ensaiar desse jeito?'", disse.
Influências
Algumas influências de "Arise" vieram do período em que Max Cavalera ficou na casa do produtor, Scott Burns. "O estilo favorito dele é hardcore punk, então ele tinha muita coisa do Black Flag, Circle Jerks e Minor Threat. Ele falava: 'Max, você precisa ouvir punk, as letras são realmente legais e você tem essa vibe dentro de você'", comentou.
Max relembrou que uma das faixas bônus de "Arise" é o cover de 'Drug Me', do Dead Kennedys. "Fizemos no estilo do Sepultura. Jello (Biafra, ex-vocalista do Dead Kennedys) adorou", destacou ele, citando outros bons covers que Faith No More ("Let's Lynch The Landlord") e Napalm Death ("Nazi Punks Fuck Off") fizeram de Dead Kennedys.
A capa de Arise
A capa do disco, por sua vez, foi feita por Michael Whelan, que já havia trabalhado em livros de HP Lovecraft, renomado autor de terror. "A imagem estava pronta, mas em vez de um cérebro no centro, era um ovo. Eu falei para tirar o ovo e colocar algo mais metal, pois ovos não são metal! Você come ovos no café da manhã, galinhas fazem ovos, não é metal. Fiz isso sem chateá-lo. Ele teve a ideia do cérebro e eu falei: 'boa, um cérebro é metal'", disse.
Chuck Schuldiner, falecido frontman do Death, foi um dos amigos de Max Cavalera a elogiar a arte. "Chuck Schuldiner disse que parecia como um "pesadelo de frutos do mar". É por isso que amo aquela arte. Há muitos detalhes no desenho. Dá para passar horas olhando", contou.
Turnê
"Arise" foi o primeiro álbum do Sepultura a conquistar maior destaque em segmentos mais "mainstream" do exterior. Max relembrou que a turnê de divulgação foi feita com shows ao lado de Sacred Reich, Napalm Death e Sick Of It All.
"A turnê foi chamada 'New Titans On The Bloc'. Não conseguimos entrar na 'Clash Of The Titans' (com Megadeth e Slayer de co-headliners), então, Gloria (Cavalera, esposa de Max e empresária da banda na época) teve a grande ideia de fazermos nossa própria turnê, meio que tirando sarro do nome", afirmou.
A tour percorreu vários países, mas as passagens por Rússia e Indonésia chamaram atenção de Max. "Tocamos para 3 mil pessoas em Moscou e aquilo nos deixou mais consciente sobre o mundo em nossa volta. Quando você vê na CNN, é diferente de estar lá para ver. Há uma grande máquina de propaganda. Na Rússia, vimos filas de pessoas esperando para comprar pão. Na Indonésia, vimos o poder da polícia. Quando a coisa ficava insana, eles paravam o show, batiam nos moleques e fazia 40 mil pessoas ficarem sentadas e quietas. Nunca vi uma demonstração de força como aquela na vida", disse.
Situações como essa influenciaram o álbum seguinte, "Chaos A.D." (1993), de acordo com Cavalera. "Acho que aquilo culminou em 'Chaos A.D.', aquilo abriu nossos e fizemos um álbum bem mais político", afirmou.
Por fim, Max relembra que, na época, o Sepultura também fez shows abrindo para Ozzy Osbourne. "Zakk Wylde (guitarrista) estava me lembrando há alguns anos sobre isso e disse que costumava falar para as pessoas: 'o Sepultura toca a música mais pesada do mundo, aí você entra no ônibus de turnê deles e a música que eles ouvem lá dentro é, de alguma forma, dez vezes mais pesada'. Era tudo tão alto no nosso ônibus que as pessoas nem conseguiam conversar. Era um lugar desconfortável para se ficar. Era ótimo", comentou.
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