Holocausto: "A gente queria foder com tudo, ser o mais extremo, o mais podre possível"
Por Frederico Borges
Fonte: Goblin TV
Postado em 15 de setembro de 2020
Ao participar de quadro da Goblin TV, o integrante original da banda Rodrigo "Führer" discorre sobre o clássico álbum "Campo de Extermínio", assim como sobre o pioneirismo da banda mineira dentro do estilo War Metal e todas as polêmicas envolvendo o nome Holocausto.
No ano de 1985, em Belo Horizonte, surgia uma das primeiras bandas de metal extremo do Brasil. Com uma sonoridade que mesclava Death e Thrash Metal, o Holocausto não foi apenas um dos precursores do estilo, mas um dos nomes mais controversos da cena e um dos responsáveis por consolidar o subgênero War Metal em todo o globo. Tudo isso, em grande parte devido às temáticas adotadas pela banda em sua primeira fase – posteriormente, também em sua última: os horrores da guerra e, mais especificamente, do Nazismo. Aspectos que, embora agregassem polêmicas ao nome da banda, também a imbuíam de personalidade, destacando-a diante pesos-pesados como os conterrâneos do Sarcófago e do Sepultura.
Lançado pelo tradicional selo Cogumelo Records em 1987, o primeiro álbum do Holocausto, Campo de Extermínio, foi um divisor de águas tanto na cena local quanto mundial – ao menos nos países em que esteve acessível, pois foi alvo de censura nos EUA na Europa. E para entender melhor o contexto das gravações, além das intenções e influências da banda na época, o canal Goblin TV recebeu em seu quadro My Masterpiece o integrante original da banda, Rodrigo "Führer" Magalhães. O músico, responsável pelos insanos vocais em Campo de Extermínio, compartilha, então, diversos casos e responde àquela que talvez seja a mais recorrente das questões que cercam a banda: afinal, o Holocausto fazia alguma apologia ao Nazismo?
Confira a transcrição de alguns dos principais trechos do quadro e, ao final, o programa na íntegra.
Origens do estilo War Metal
"Pra gente que era jovem, fodido e da periferia, falar de guerra, essa coisa que a gente vivia, da Guerra Fria, de não saber ao certo se vai ter o amanhã... A gente vivia nesse clima, do pós-ditadura. E jovem sofria preconceito e tudo mais. A polícia realmente era repressiva com a gente. (...) Então essa coisa dessas letras falando da guerra, falando de um amanhã incerto, bateram muito mais do que as letras que eram comumente usadas no metal, de falar de demônio e tudo mais. (...) E aí comecei a fazer essas músicas, falando de guerra, que leva ao estilo War Metal".
Influências musicais
"Foi uma coisa até natural, porque a gente tinha todas as referências do metal, e, cada vez mais, do metal extremo. Então, daqui, Sarcófago, Sepultura, Dorsal Atlântica, Vulcano. E, de fora, Hellhammer, Celtic Frost, Venom, Bathory. Só que, em contrapartida, a gente sempre foi muito aberto pra som. A gente escutava muito punk de São Paulo: Brigada do Ódio, Ratos de Porão, Olho Seco. E também as bandas de hardcore da Suécia e da Finlândia".
Polêmicas e censura
"(...) E vieram os pseudônimos, as suásticas, o próprio nome da banda, que causou uma espécie de confusão, não é? Na Europa foi proibido, nos Estados Unidos também não entrava esse disco. Porque a banda se chamava Holocausto, as suásticas, a temática e tudo mais, não é? Então muita gente confundiu. O intuito da gente era meio que mostrar a podridão do mundo, saca? O que a gente achava de mais podre no ser humano, era a guerra. E o que era mais podre na guerra, era o nazismo".
Apologia ao Nazismo?
"Sem nenhuma apologia. A gente, como eu te falei, era muito jovem e também existia uma coisa de não ter muito... Pensar em consequências, não é? E o que a gente sempre queria e todos os nossos amigos, das outras bandas... Do Chakal, do Sarcófago, do Sepultura, do Mutilator... Cada um, na sua maneira, queria ser mais extremo do que o outro, saca? (...) E a gente queria mostrar esse lado aqui. Um lado muito obscuro da alma humana, que era a guerra e o nazismo. Então foi por aí, sem fazer apologia nenhuma".
A repercussão
"Ninguém imaginava esse lance da repercussão, ninguém imaginava. Como eu te falei, a gente era muito jovem. A gente não pensava no amanhã, pra gente não existia o amanhã, era só o hoje, saca? Então a gente queria foder com tudo, cara, queria ser o mais extremo, o mais podre possível. E a gente não imaginava de forma alguma, cara, aonde que ia dar isso aqui".
No estúdio
"Era a mudança do estúdio, que antes, no Warfare Noise, ele foi gravado no mesmo estúdio, do João Guimarães, só que era no Centro e era um estudiozinho menor, com a fita de rolo oito canais e tal. Pra esse aqui, ele já abriu o estúdio na casa dele, que é um estúdio grandaço, em um porão na casa dele, 16 canais. Então foi a primeira gravação em 16 canais, desses discos da Cogumelo".
Primeiras turnês
"Começamos a tocar muito em São Paulo. Então tocamos em Jundiaí, Presidente Prudente, Santos, ABC... As histórias, porra, cara, a gente saía daqui e íamos os amigos. Então, em um ônibus de rodoviária, ia metade com metaleiro, saca? Chapando, tomando todas, zoneando a noite inteira. (...) O motorista ficava puto, porque os caras estavam enfumaçando o ônibus. Aquelas coisas, né".
A banda ao vivo
"Mas, assim, os shows em si, eu lembro que o Holocausto sempre teve isso, de um show de muita energia, né, cara? É uma banda que, ao vivo, ela realmente representa, cara. E a gente levava tudo isso aqui, que a gente conseguia fazer no disco, para o show. Então os shows eram muito bons, muito bons".
O legado
"Porque isso aqui já durou 30 anos e eu acho que vai durar mais 30, com certeza, isso aqui é item essencial para qualquer fã de música extrema sul-americano. Isso é um marco da música sul-americana, então cada um tem que passar por isso daqui. Então eu acredito que é um disco que vai estar marcado ainda por muito tempo".
Confira o programa completo aqui.
Sobre a Goblin TV
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