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Fucking Violence: O Fucking Violence passou o carro no Manifesto

Por Vagner Mastropaulo
Postado em 22 de novembro de 2020

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Pedrada seguida de pedrada... assim o Fucking Violence passou o carro no Manifesto!

Não, este escriba não esteve presente nesta live (com público!) e é fundamental prestar este esclarecimento, caso você escolha desistir da leitura desde já. Mas então como foi feita a resenha? Posteriormente, através do link disponível no YouTube e colhendo depoimentos do líder do Fucking Violence e fãs. Aliás, não se trata de uma resenha propriamente dita, mas de um resumo encorpado, pois você pode conferir por conta própria tudo que rolou clicando abaixo.

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Também é importante ressaltar que o texto não vai entrar no mérito da volta necessária ou prematura de eventos em locais fechados, respeitando normas de segurança adotadas pela Prefeitura. As duas vertentes possuem argumentos poderosos, como "a economia tem que girar e as casas de espetáculos e os artistas precisam trabalhar" versus "a pandemia não passou e a média móvel de mortes pela Covid-19 segue alta" (468 vítimas em sete dias à época), coincidentemente data do primeiro show de rock na retomada do Carioca Club, o acústico do Golpe de Estado. Enfim, todos somos adultos com direito a opinião e cada um sabe onde o sapato aperta.

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A palavra pregada por Thiago Monstrinho acerca da distância dos palcos desde 07/03 era "abstinência". Será que ela passou? Sincero, como de costume, o próprio vocalista surpreende: "Ah, meu, não deu nem para matar um pouco da saudade, né? É foda, a gente está acostumado a tocar muito, a fazer muitos shows, graças a Deus, tanto aqui quanto fora. E a live foi como ‘migalha de pão’, mas foi legal pra caramba rever todo mundo. Foi bom demais e a galera estava na febre também. A gente atingiu ali a lotação que podia ter e é isso, vamos esperar. Tomara que no ano que vem volte tudo ao normal. Estou passando mal para voltar à rotina de shows, sabe? Fim de semana cheio, agenda cheia. Puta que pariu... não estou aguentando mais".

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Antes de prosseguirmos, as informações oficiais eram: limite de cem ingressos, reservas de mesas numeradas de acordo com a quantidade de pessoas em cada uma e no máximo quatro ocupantes. A redução da capacidade visava assegurar o distanciamento, a abertura seria às 18 e o show começaria às 20. Será que tudo isso aconteceu?

Conversamos com Douglas Miranda, amigo de Monstrinho e membro do fã-clube Fucking Violence Crew: "Na verdade, cheguei cedo, às 16:30. Fui um dos primeiros a entrar e peguei a passagem de som. A casa abriu às 18 mesmo". Apuramos se a disponibilização das mesas foi feita: "Quando cheguei, havia mesas e cadeiras no salão, mas depois, prevendo que a galera iria agitar, ‘limparam’ uma parte da área. A galera ficou nas mesas durante a passagem de som. Quando começou o show, às 20 em ponto, teve uma galera que ficou nas mesas, mas outras pessoas não seguraram a bronca e foram para o moshpit". E nem poderia ser diferente, afinal de contas, a conta era: show de metal + "abstinência"...

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Sobre a atmosfera, em função da capacidade reduzida, trocamos uma idéia com Felipe Araújo dos Santos, segurança do Manifesto que, de folga no dia da live, a testemunhou como fã, sem perder a perspectiva de quem conhece o clima da casa em apresentações mais extremas: "Fãs de hardcore nunca são tranquilos [risos]. Devido à pandemia, é claro que foi reduzido o público, mas, para os fãs presentes, a garra e vontade de ver e ouvir hardcore de alto nível foi sensacional. Muita energia, e interação do público presente". E quanto ao Fucking Violence? Será que os caras se intimidaram por haver menos gente? "A banda continua impecável, como sempre, com total entrega no palco".

E o show em si? Friamente, em números, foi assim: quinze músicas ao longo de pouco além de cinqüenta e seis minutos, incluindo as dez faixas de Ingratidão (2019). As outras cinco? "Below The Bottom" (Hatebreed) e quatro dos tempos de Monstrinho no Worst: "Que Se Foda", "Enterrado", "Vencedores" e "Menos Um Rato", sem pauladas de Deserto (2018). O pontapé inicial veio em "Ingratidão", após divertida fala do frontman: "Faz barulho nessa porra aê, caralho! Estamos de volta nessa porra! A gente achou que nunca mais ia tocar. É tão bom ver vocês aí, meus irmãos. Hoje é só ‘private’, só para os irmãos, pouca gente". Completando o time, Pablo Lucente (guitarra) e os novatos André Bortolai (baixo) e Goio Medeiros (bateria). O palco? Simples, sem backdrop e apenas com nome do conjunto em mini-telões ao lado do batera.

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O hardcore seguiu comendo solto com "Encarcerado" e "Numb The Pain" e Pablo até tocou de máscara. André também, mas a dele começava a cair conforme seguia agitando, chegando a ficar abaixo do nariz em "Eu Recomeço Do Zero", com riffs incisivos e um belo solo de guitarra. Antes de "Decepção E Desgosto", o vocalista não se esqueceu de quem estava longe, dando o recado em inglês, por nós livremente traduzido: "Quero dizer ‘Obrigado’ a todos os fãs pelo mundo que estiverem nos assistindo pelo ‘fucking’ YouTube. Muito obrigado". E então misturou outros idiomas: "Muchas gracias! Sei lá que porra mais! Merci beaucoup! Danke! Spasibo!". Se alguém souber o que foi dito em turco, deixe sua contribuição nos comentários.

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Mais curta do set, "Que Se Foda" abriu a caixa de covers do Worst, seguida pela faixa mencionada do Hatebreed. "Piscina De Merda" rolou depois da muito bem-vinda invasão de palco por parte de Victor Servinskas, técnico de som da casa e apresentador da live, pedindo likes para a transmissão e incentivando quem assistia a tudo no conforto do lar a contribuir na "vakinha" online. Antes de "Enterrado" desenterrar mais uma de deus dias de Worst, Monstrinho destacou o fato de seu baixista "dar o sangue pelo bagulho", uma vez que André literalmente sangrava no palco.

"Hard Times" tirou levemente o pé do acelerador, mas o som seguiu pesado e preparando terreno para "Vencedores", maior sucesso da banda anterior do vocalista, ao menos no quesito visualizações no YouTube, passando da casa de três milhões! Retomando as pedradas do Fucking Violence, vieram "Respeito É Lei" e "Obsessão" (a "primeira letra de amor que fiz na vida", palavras do frontman), até "Menos Um Rato" representar Te Desejo Todo O Mal Do Mundo (2012), última do Worst no set, concluído por "Prosperar", verdadeiro pé no peito!

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Encerrada a noite e de volta à dura realidade, qual seria a avaliação de Thiago Monstrinho quanto às estréias no Fucking Violence? "Tirando o nervosismo e a insegurança que dão num primeiro show, os ‘moleques’ apavoraram. Tanto o André quanto o Goio, eles representaram. É claro que teve uma coisinha ou outra, nunca um primeiro show sai 100%, né? Mas foi animal, a galera curtiu pra caramba, a pegada foi ‘monstra’, foi animal! Então eles estão aprovadíssimos e, pô, estou feliz de estar com o time formado agora". O duro é voltar a pensar em pandemia, isolamento, crise política e econômica, eleição... melhor dar um replay na live!

Setlist
01) Ingratidão
02) Encarcerado
03) Numb The Pain
04) Eu Recomeço Do Zero
05) Decepção E Desgosto
06) Que Se Foda [Worst Cover]
07) Below The Bottom [Hatebreed Cover]
08) Piscina De Merda
09) Enterrado [Worst Cover]
10) Hard Times
11) Vencedores [Worst Cover]
12) Respeito É Lei
13) Obsessão
14) Menos Um Rato [Worst Cover]
15) Prosperar

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FONTE: IM Press&MTK
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Sobre Vagner Mastropaulo

Bacharel em Letras Inglês/Português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site como as melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)
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