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Alchimist: "O Brasil é um país de aparências"

Por Pedro Hewitt
Fonte: FullRock
Postado em 24 de janeiro de 2021

Ao longo de meses de pandemia, sem se afastar das grandes mídias, a banda maranhense se mantém ativa com muito gás e competência, e tive a honra de trocar algumas ideias em um bate-papo muito aproveitador, sensacional e curioso. O quarteto nos conta abaixo como foi sua turnê, sistema de eventos durante quarentena e muito mais. Confiram:

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Pedro Hewitt - Certamente não sou um fã nato de bandas progressivas e de Modern Power Metal, mas tenho um encanto especial pelo que o Alchimist faz. Que baita satisfação poder entrevistar vocês, o que nos contam? Abram alas ao baile.

Alchimist: É um grande prazer participar dessa entrevista, fico muito feliz de sermos lembrados e de poder contribuir com qualquer que seja o material para mídias alternativas do meio Rock/Metal. Tamo aí nos isolando da forma que conseguimos e metendo umas lives de vez em quando (risos).

Pedro Hewitt - Todos vocês tocam em outros projetos, certo?! Como é dividir o tempo nestes paralelos? O foco muda ou há uma preparação em especial? Quais as dificuldades?

Alchimist: Acredito que cada integrante tem sua maneira de lidar com os projetos paralelos. Não existem tantas dificuldades quando se trabalha com pessoas muito focadas e ligadas num objetivo principal, isso facilita tudo de verdade. Nos organizamos pra que tudo seja feito conforme o tempo de cada um e respeitamos isso.

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Pedro Hewitt - Levando em conta a última pergunta; qual a diferença de ser um músico que toca Metal e um Headbanger que toca Metal?

Alchimist: É uma pergunta difícil (risos), mas posso dizer que todos nós antes de tocar somos fãs de Metal, headbangers, então trouxemos essa paixão pra dentro da banda, a gente compõe e toca pensando como músico mas a parte headbanger fala bem alto no feeling e na atitude.

Pedro Hewitt - Com bons saldos da turnê que fizeram em 2019, agradaram não só o público nacional, mas também os exigentes gringos. Na humilde opinião do Alchimist atual, como percebem a inserção da importância desta turnê e da divulgação do trabalho em geral no cenário brasileiro? Aliás, como vocês olham o mercado musical para as bandas que estão crescendo aos poucos?

Alchimist: Turnês e lançamentos de álbuns são sempre marcos na história de qualquer projeto, conosco não foi diferente. A turnê de 2019 foi perfeita, sobretudo por ter acontecido em um ano que ainda não se tinha pandemia, todos nós amadurecemos imensamente com os "corres" da turnê e com tudo que vem de brinde. É um trampo pesado, custoso em vários aspectos, mas que trouxe imensos ganhos para nós.

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Pedro Hewitt - Seguindo a mesma linha de raciocínio, muitas bandas ficam com receio de fazer trabalhos mais elaborados e bem mais progressivos, um exemplo local é o AFalange, que trouxe um material que "espanta" os que acompanham a fase mais direta e e sem melodia prolongada. Com certeza posso presumir que fizeram um estudo bem interessante para o EP "The Wisher" e o próximo registro na língua inglesa, mas porque não em português? Geralmente redijo esta pergunta em outras entrevistas; qual a importância da língua tocada hoje em dia no Underground?

Alchimist: Escrevemos em inglês por dois principais motivos, o primeiro é que faz com que mais pessoas no mundo entendam a letra diretamente, apesar da maioria dos brasileiros precisar de traduções, o segundo motivo é que achamos que a estética e a sonoridade do inglês encaixam melhor em nossas músicas, o que não quer dizer que nunca faremos músicas em português ou mesmo com influências em línguas nativas, ou seja, que não foram trazidas pelo colonizador.

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Pedro Hewitt - O cenário ludovicense tenho muito a que elogiar, amo demais os locais que tocam, o ânimo da galera, enfim. Com a sonoridade e posicionamento fixo, quais problemas e críticas sofrem ou sofreram na cidade?

Alchimist: Tivemos muita resistência de início, o nosso estilo principalmente lá no começo foi alvo de muitas críticas do cenário assim que nossos shows foram acontecendo e sobretudo quando lançávamos material na internet, percebemos que fomos sendo melhor absorvidos, galera foi dando mais valor a cada dia.

Pedro Hewitt - Falando em posicionamento, temos dois problemas que assolam ainda nossa realidade: um vírus e um verme. Nosso país ficou bastante a ainda continua um baque tremendo pelo caos, falta de gestão, dúvidas e avanço de imbecis de fontes "da minha mente". A banda possui características notáveis antifascistas, onde sabemos que a luta é diária como podemos batalhar, ciente de que os neofachos roubam da ideologia, da estratégia, da realidade, e principalmente da cultura. O que podem dizer a respeito de tais problemas?

Alchimist: Eu acho que essa tempestade de merda um dia vai passar, infelizmente o Brasil é um país de aparências, de hipocrisias, onde o dinheiro que manda em tudo. Mentiras se propagam mais rápido que verdades e é por isso que estamos nessa situação atual de extremo negacionismo. Óbvio que precisamos derrubar tudo de ruim que esse presidente colocou no poder, mas temos também que fazer nosso "trabalho de formiguinha" ao nosso redor, tem gente que precisa da nossa conscientização, tem gente com fome, tem gente passando pelas mais variadas necessidades, se cada um de nós tem capacidade de ajudar, não podemos tardar em fazê-lo. Atitudes concretas transformam.

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Pedro Hewitt - Mesmo com Pandemia a Alchimist produziu como pôde os materiais, executaram Live's, collab's, e até participaram do 24H de Rock na Fanzine. Como foram as experiências sem o público? Como se deu as parcerias?

Alchimist: Nós temos uma forte característica de assumir personagens no palco, isso faz com que a nossa vida fora do palco não influencie na performance, digo isso pois com ou sem público iremos dar nosso melhor, bater cabeça, tocar com vigor. Óbvio que nada se compara ao calor e a energia que emana do público, mas temos que mostrar nosso trabalho sempre da melhor forma possível. Também participamos de alguns festivais online, enviando vídeos, fizemos contatos importantes.

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Pedro Hewitt - Com a situação citada, existe uma guerra entre amigos próximos: CD físico e mídia virtual. Sabemos do tamanho da importância de cada um, por exemplo, no decorrer da divulgação do The Iguana's Attäck Vol.1, tivemos um alcance que um material físico não teria devido as limitações e trâmites de envio, mas ainda sim houve pedidos e perguntas sobre tal lançamento. Na visão atual do Underground e atualizações desse mercado, o que acham de cada um? Os próximos materiais seguirão em ambas as linhas de divulgação?

Alchimist: Alchimist sempre lançará material físico. Mesmo com todas as opiniões que ouvimos, tivemos muito lucro na venda de cds físicos e nos rendeu muita influência nas cidades que passamos, as coisas tendem a ser mais líquidas, mais fluidas, mais instantâneas, no entanto, só de pensar em ter alguém segurando nosso material em mãos me faz muito satisfeito.

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Pedro Hewitt - Independente de formato lançado, estão a procura de um selo ou uma gravadora? Com a turnê já citada, é certeza que contato não faltou.

Alchimist: Sim, temos alguns contatos e estamos em período de analisar as propostas, mas não há nada fechado, essa notícia deve ficar para os primeiros meses de 2021.

Pedro Hewitt - Quando Qualidade e quantidade andam lado a lado ninguém repara. Quando soube que um dos integrantes teve que se ausentar de sua função, fiquei com interrogações a respeito dos shows. Quando tocamos juntos no TRPP (Edição São Luís) fiquei surpreso com que vi. Um quarteto que possui a mesma qualidade existente no EP. Irão continuar assim, ou somente nos CDs com um quinto membro para fazer a segunda guitarra?

Alchimist: Posso afirmar que o próximo álbum será em quarteto, assumindo uma pegada mais "ao vivo" mais orgânica, quanto aos anos seguintes, quem sabe colocamos outra guitarra ou teclado. Não temos barreiras e buscamos também não ter rótulos.

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Pedro Hewitt - Com planos seguindo conforme literalmente a banda toca, quais podemos esperar de vocês ao longo do ano incerto?

Alchimist: Com toda certeza lançaremos o próximo álbum esse ano, quanto a viagens e turnês infelizmente não podemos afirmar nada agora, o momento é de incerteza mesmo. Assim que pudermos vamos sim fazer nossos rolês, principalmente em divulgação do próximo álbum.

Pedro Hewitt - Não me recordo de ter visto, sinto muito se pode ser chato algo óbvio (Risos), mas vocês fazem uma pintura para as apresentações. O que significa tais detalhes?

Alchimist: Como disse anteriormente, assumimos personagens no palco, somos alquimistas. As pinturas são parte dessa caracterização, de uma forma prática trouxe uma forte identidade para nós, foi muito positivo termos inserido esse conceito na banda.

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Pedro Hewitt - Bom, influência é nato, referência não é tudo, então quais 5 materiais do Maranhão compõem a história não só da banda, mas da vida musical de cada um?

Alchimist:
Tanatron – Trivial Chaos
School Thrash - Evil Attack
Furia Louca – Fúria Louca
Gallo Azhu – Totem
Púrpura Ink – Breaking Chains

Pedro Hewitt - Obrigado, meus amigos. Espero vê-los logo menos em terras da ilha ou por aqui na quente Teresina! Que seja uma série de entrevistas que possamos fazer. Que nunca nos falte Berrió e Magnífica. Valeu!

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Sobre Pedro Hewitt

Estudante, Headbanger, amante de relações públicas, responsável pelo Infektor Self Festival & Toque Rápido ou Peça Perdão, trabalha desde 2015 com produção de shows em Teresina. Teve a oportunidade de trabalhar com grandes nomes do Metal como Onslaught, Air Raid, Enforcer, Fist Banger, Escarnium, entre outros.
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