Phil Spector: "Brilhante produtor, péssimo marido", diz ex-esposa Ronnie Spector
Por Igor Miranda
Postado em 18 de janeiro de 2021
A cantora Ronnie Spector, famosa pelo trabalho com o grupo The Ronettes, divulgou um comunicado sobre a morte de seu ex-marido, o produtor Phil Spector, nas redes sociais. O profissional de estúdio faleceu no último sábado (16), aos 81 anos, enquanto cumpria pena por ter assassinado a atriz Lana Clarkson, em 2003.
Ronnie e Phil foram casados entre 1968 e 1972, após terem trabalhado juntos com o The Ronettes, grupo que a cantora comandou ao lado da irmã Estelle Bennett e da prima Nedra Talley. A artista sofreu abuso físico e psicológico por parte do produtor durante o relacionamento.
Em seu comunicado, Ronnie Spector afirma: "É um dia triste para a música e para mim. Quando trabalhava com Phil Spector, vendo-o criar no estúdio de gravação, eu sabia que estava trabalhando com um dos melhores. Ele estava no controle completo, dirigindo a todos. Amava aqueles tempos. Conhecê-lo e me apaixonar por ele foi como um conto de fadas".
O texto completa: "A música mágica que conseguimos fazer juntos foi inspirada pelo nosso amor. Eu o amei e entreguei meu coração e minha alma a ele. Como eu disse muitas vezes enquanto ele estava vivo, ele foi um brilhante produtor, mas um péssimo marido".
Por fim, ela declara: "Infelizmente, Phil não conseguia viver e trabalhar fora do estúdio de gravação. A escuridão se instalou, muitas vidas foram prejudicadas. Eu ainda sorrio sempre que ouço a música que fizemos juntos - e sempre irei sorrir. A música será para sempre. Phil Spector 1939-2021".
O relacionamento abusivo
O casamento de Ronnie e Phil Spector foi marcado por atos de abuso físico e psicológico por parte do produtor. Em seu livro, "Be My Baby: How I Survived Mascara, Miniskirts And Madness" (1990), a cantora diz que era obrigada a ficar dentro da residência do casal, que era cercada por arame farpado e cães de guarda, tendo que pedir permissão para sair.
A artista também conta que Phil Spector tinha um caixão dourado guardado no porão da residência. Ele sempre ameaçava matá-la, apontando uma arma em sua direção.
Somente em 1972, Ronnie conseguiu fugir de casa, descalça, deixando tudo para trás, com a ajuda da mãe. Dois anos depois, eles oficializaram o divórcio, com um acordo que prejudicava a cantora - ela teve que ceder todos os seus ganhos futuros com direito autoral para Phil, pois ele dizia que iria contratar um assassino de aluguel para matá-la se ela não concordasse com tais termos. Em troca, ela recebeu US$ 250 mil e um carro usado.
A morte de Phil Spector
Um dos produtores musicais mais conhecidos da história, Phil Spector morreu no último sábado (16), aos 81 anos. Ele estava preso após ter sido condenado, em 2009, pelo assassinato a tiros da atriz Lana Clarkson, ocorrido em 2003.
O Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia comunicou, em nota: "Phillip Spector, detento do Centro de Saúde da Califórnia, foi declarado morto por causas naturais às 18h35, no sábado, 16 de janeiro de 2021, em um hospital externo. Sua causa oficial de morte será determinada pelo legista do Gabinete do Xerife do Condado de San Joaquin".
A causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente. Porém, o site TMZ apurou que Phil Spector sucumbiu a complicações causadas pela Covid-19.
Ao longo de sua carreira, Spector trabalhou com nomes do porte de Beatles (além de John Lennon e George Harrison em carreiras solo), Ramones, Ike & Tina Turner, Righteous Brothers, The Crystals e The Ronettes, entre outros.
Ele foi o criador da técnica de produção "wall of sound" (ou "muralha de som"), que consistia em deixar a sonoridade das músicas bem densas, com muitas camadas instrumentais e reverberação, quase como uma "orquestra pop", para soar bem nas rádios e jukeboxes da época.
Em 2003, Spector matou a tiros a atriz Lana Clarkson, conhecida pelo trabalho no filme "The Barbarian Queen" (1985). O produtor alegou que ela havia cometido suicídio acidental, mas a investigação provou que Phil a assassinou. Ele foi condenado a prisão perpétua, com possibilidade de pedir liberdade condicional após 19 anos.
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