Attomica: André Rod relembra décadas de trajetória da lendária banda de Thrash Metal
Por Frederico Borges
Fonte: Goblin TV
Postado em 18 de abril de 2021
Que "Disturbing The Noise", do Attomica, é um dos discos mais emblemáticos da história do Thrash Metal, todo headbanger que se preze já sabe. Mas será que foi um álbum injustiçado à época de seu lançamento? E quais são os percalços que uma banda do interior de São Paulo, hoje reconhecida internacionalmente, encara ao longo de mais de 35 anos de dedicação ao metal? Em entrevista à Goblin TV, André Rod, baixista, vocalista e membro fundador do Attomica, discorre sobre todos esses assuntos e muito mais: das diversas trocas de formação aos métodos de composição em tempos de pandemia, de shows na América do Norte com o saudoso vocalista Alex Rangel a hipóteses por não terem estourado ainda mais no exterior. E ainda sobra tempo para analisar, de forma apartidária e extremamente sensata, o atual (des)governo brasileiro. Confira a transcrição de alguns trechos e, mais ao fim, a entrevista em vídeo, na íntegra.
Troca de vocalistas no começo
"O Fábio (Moreira, vocalista entre 1987 e 1992) foi convidado a entrar na banda logo na saída do Laerte (Perr, vocalista entre 1985 e 1987). O Laerte chegou a fazer alguns shows com a gente, divulgando o Attomica 1. E como a gente já estava preparando o Limits e o Laerte saiu da banda, a gente convidou o Fábio. Ele tinha uma banda já, em Vitória, chamada Thor. Era para o Fábio ter gravado o Limits of Insanity. Só que nós trouxemos o Fábio para São José dos Campos e não foi possível manter ele aqui. Era início de carreira, a gente ainda não estava consolidado na cena e as coisas não estavam legais financeiramente. E ele teve que voltar pra lá. Aí eu tive que gravar. A gente já tinha um contrato com a Cogumelo para dois trabalhos e o Limits seria o primeiro".
Motivos de não terem estourado mais no exterior
"Teve falta de um acompanhamento mais profissional. A gente teve que caminhar sozinhos. Começo de carreira, você já viu como é. A gente deixou de assinar um contrato que, de repente, iria fazer a ligação do Attomica, já naquela época, diretamente no exterior. Esse contrato foi assinado, na verdade, por um selo aqui de São Paulo, e aconteceu que a gente interrompeu. (...) Foi falta de experiência e falta do acompanhamento de uma pessoa com mais visão, para poder orientar a gente. Isso foi no começo. De repente, a gente não teve uma oportunidade tão clara assim, tão firme e sólida de ter essa ligação".
Hiato após o Disturbing The Noise
"A gente apostou muito no Disturbing The Noise. É o trabalho mais cultuado. Depende da região do globo. O primeiro é muito cultuado no leste europeu, mas também o Disturbing. (...) A gente apostou muito no Disturbing The Noise e não tivemos um resultado esperado, de momento. Isso deu uma desanimada. Por isso que teve aquele intervalo de 8 anos mais ou menos. A gente não chegou a falar ‘acabou’, só deixou de aceitar uns convites que estavam vindo sem uma estrutura boa. Foi só uma pausa mesmo".
Nova velha formação e Back and Alive
"A partir do ano 2000, eu tentei remontar a primeira formação, mas não deu certo. Foi quando a gente resolveu chamar a formação do Disturbing The Noise para fazer essa apresentação que deu origem ao Back and Alive, o ao vivo. Esse trabalho não era para ser lançado, mas como ficou com uma qualidade muito boa, a gente ofereceu para a Hellion Discos e eles acabaram lançando. O Fábio veio a convite, para participação especial mesmo. A gente seguiu em quarteto até 2006 mais ou menos. Esse trabalho ao vivo é de 2004 e até 2007 a gente se manteve como um quarteto e fizemos vários shows pelo Brasil. E acabou que não teve como manter essa formação".
Attomica 4 e The Trick ainda rendem bons frutos
"(...) até chegarmos na formação para gravar o Attomica 4 em 2012. Foi bem reconhecido, o pessoal gostou muito. A gente teve uma inovação de novo, que foi ter o Alex Rangel nos vocais, que era um frontman de primeira. Fizemos muitos shows com essa formação e a repercussão foi muito boa. A gente, infelizmente, perdeu o Alex Rangel num acidente de motocicleta. Logo após, o guitarrista resolveu sair da banda. E decidimos nos manter como um trio e gravamos o The Trick, que é de 2018. Que também vem dando frutos ainda, continua vendendo".
Turnê pela América do Norte e o saudoso Alex Rangel
"A equipe estava bem sólida, bem ensaiada. E foi muito divertido também. Porque, relembrando aqui... O Alex era um cara muito divertido. Todos eram, mas ele era um que puxava as brincadeiras e tal. Mas, como sempre, ele era muito profissional também. Nós fizemos um show no Texas, em Austin, no festival SXSW, e foi muito legal encontrar o pessoal que é fã, que já conhecia a banda. Mas o mais legal mesmo foi essa galera, os hispânicos, que eles são bem parecidos com a gente na forma de ser. E a diversão foi muito maior no México, viu? Fizemos uns 5 shows mais ou menos e foi bem legal. O pessoal é bem parecido com a gente, muito divertido".
Método de composição atual
"Desde 2014 eu tenho feito uma forma diferente de composição. Eu componho mais em casa e aí levo pro ensaio e mostro o trabalho pra galera. E lá a gente dá uma repaginada, mexe aqui e ali, com todos os instrumentos funcionando. Mas agora complicou um pouco mais, porque a gente não está tendo ensaio. Ainda mais aqui na região, em que está bem perigosa a situação. E a gente não está se encontrando. Mas eu faço as gravações aqui em casa, só em um instrumento, e mando pra eles darem uma escutada e já irem ensaiando os riffs e já irem conhecendo um pouco".
O atual governo brasileiro
"Eu acho um desleixo, uma falta de respeito total com a população. A gente enfrenta a situação da pandemia, que é uma coisa que pegou todo mundo de surpresa, mas governos fizeram o que tinha que fazer para ajudar seu povo. E o que a gente vê hoje é que não existe um interesse tão grande nisso. Existe, parece, uma queda de braço. Lógico que existem conchavos, existem problemas e em todo governo existe corrupção. Mas eu ainda prefiro aquele que faça tudo isso, que esteja no meio de toda essa situação suja, mas que ainda tenha um olhar mais para o lado social, que é o lado que a gente está. Como eu vou apoiar uma coisa que me prejudica? (...) Quer dizer, ajustes têm que existir, têm que acontecer, mas têm que ser de modo geral. Só pro lado do trabalhador não, né"?
Confira a entrevista na íntegra:
Saiba mais sobre o Attomica:
https://www.attomica.com/
Sobre a Goblin TV:
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Saiba mais:
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