A gente demorou pra tirar o Aquiles da banda", afirma Felipe Andreoli, baixista do Angra
Por Mateus Ribeiro
Postado em 24 de setembro de 2021
Felipe Andreoli, baixista da banda Angra, concedeu entrevista ao Canal Ibagenscast. Durante a entrevista, o músico falou sobre a demissão do baterista Aquiles Piester (Hangar), que fez parte do grupo entre 2000 e 2008. Durante o período que fez parte do Angra, Aquiles gravou os álbuns "Rebirth" (2001), "Temple Of Shadows" (2004) e "Aurora Consurgens" (2006).
Ao ser perguntado sobre as razões pelas quais nem ele, Rafael Bittencourt (guitarrista) ou Kiko Loureiro (ex-guitarrista) comentaram as razões para o baterista ser demitido, Felipe respondeu com as seguintes palavras: "Cara... A nossa postura sempre foi de evitar ficar expondo as coisas internas da banda, entendeu? Especialmente quando não são coisas bacanas. Se você não tem nada bacana pra falar, entendeu, não fala, entendeu? O Aquiles falou ou deixou de falar, tá tudo certo".
Em setembro de 2020, Aquiles contou com detalhes a sua versão sobre a demissão. Na época, o baterista afirmou, entre outras coisas, que Kiko Loureiro disse que o show do Angra estava virando "workshop do Aquiles", como pode ser conferido na matéria a seguir.
Na sequência, Felipe contrariou a versão contada por Aquiles sobre a sua demissão. "Claro que não é bem assim. Eu nunca vi ninguém ser demitido de uma empresa por ser bom demais, entendeu? Isso nunca aconteceu, sabe? É claro que a gente teve os nossos motivos, e não foram poucos, sabe assim?".
O baixista também afirmou que a saída de Aquiles demorou para acontecer. "Eu digo mais: a gente demorou pra tirar o Aquiles da banda, dada a insatisfação que já tinha dentro do grupo, pelas atitudes dele, a gente demorou pra tirar ele da banda, por que é uma decisão muito difícil de fazer... Imagina, você pega a banda, que fez o ‘Rebirth’ [2001], fez o ‘Temple Of Shadows’ [2004], entendeu? Aí fez o ‘Aurora’ [Consurgens, 2006], a turnê já meio que miou...".
Felipe também falou sobre as dificuldades que ele e a banda estavam passando na época. "Eu estava num período pessoal de inferno astral, total, entendeu? E não estava ninguém querendo acreditar que o negócio estava desmoronando, sabe assim? Então essa decisão foi sendo adiada, adiada, adiada, na esperança de que ‘vai mudar’, ‘vai ser diferente’, e aí claro que não ia ser diferente, que não ia mudar. E a gente tomou a decisão de tirá-lo da banda, entendeu, que é uma coisa que acontece, cara".
Ainda falando sobre a demissão, Felipe disse que se fosse hoje, as coisas poderiam ser diferentes. "De repente, se fosse o Aquiles de hoje, sabe, que acabou de completar 50 anos (...), não teria acontecido. Mas o Aquiles daquela época aconteceu, sabe assim? E não quer dizer que você tem ódio mortal do cara pra sempre, não. Não deu mais pra trabalhar com ele, naquele momento, naquela circunstância, entendeu. E passou. Porra, que empresa que não tem um funcionário que dá uma ‘causada’ e sai fora, entendeu? E não quer dizer que o cara é um monstro por causa disso... não. Mas ele causou e perdeu o emprego".
Um pouco mais adiante, Felipe falou sobre o fato de ter sido indicado ao Angra por Aquiles e anos depois, votar pela sua saída do grupo. "Inclusive, eu vi o pessoal comentando estes tempos ‘porra, puta ingratidão, o Aquiles te indicou pro Angra e você foi lá e deu uma facada nas costas votando pro cara sair da banda’. Aí, eu penso o seguinte, imagina que você trabalha numa empresa e que você foi apresentado pro seu chefe por um colega de trabalho. E que aí o colega de trabalho começa a fazer um monte de merda na empresa que prejudica a empresa inteira, entendeu? Um mês, dois meses, três meses, dois anos, três, quatro anos. Você não ia querer que ele saísse também? Entendeu? Por mais gratidão que você tenha pela indicação que ele fez, você precisa pensar no conjunto da obra, entendeu? E outra, ele não é vítima, ele que tá causando, então, isso pode acontecer. E isso não significa que eu não seja grato pela indicação, mas pode acontecer de no meio do caminho a pessoa ter atitudes que não são compatíveis com o grupo, entendeu? É simples assim".
Por fim, Felipe citou o fato de que a separação interferiu na relação pessoal que existia entre ele e o baterista. "É uma pena, porque com essas rupturas que a gente passou, ao longo do tempo trabalhando junto, tem uma série de outras rupturas que ninguém enxerga, que acontecem também. Então, as famílias que conviviam, que tinham amizade, que frequentavam a casa uma da outra, rompe [a relação] também, né? O Aquiles teve um filho depois de sair da banda que eu nem conheci, né? E assim, teve uma ruptura geral. E aí, as vezes eu fico me perguntando, ‘porra, seria legal saber como o cara tá, como que tá a família dele’, a gente conviveu por tantos anos, teve uma amizade. Infelizmente, eu percebo que esta vontade não é mútua, né, de apaziguar, sabe assim, de baixar o ânimo e deixar o tempo fazer o seu trabalho. Mas, essa ruptura cara, [foi] tanto no profissional quanto no pessoal, como diria o Faustão", finalizou.
O vídeo completo pode ser visto no player a seguir.
Na mesma entrevista, Felipe também falou sobre o "climão" que rolava no Angra na época do disco "Aurora Consurgens". Leia mais detalhes na matéria abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps