Ego Kill Talent e o tratamento recebido do Metallica na turnê pelo Brasil
Por Bruce William
Postado em 15 de junho de 2022
Jean Dolabella, baterista e guitarrista do Ego Kill Talent, disse durante participação no podcast ibagenscast, conduzido por Manoel Santos, que abrir para o Metallica na turnê brasileira de 2022 foi uma "mistura bizarra de sentimentos" principalmente por causa da pandemia, que deixou todo mundo parado por cerca de dois anos: "O mundo inteiro puxou o freio de mão, e na área do entretenimento foi muito bizarro o que aconteceu com a gente, o entretenimento depende da aglomeração, mas não podia ter nada, não podia realizar eventos, daí teve todo aquele lance de fazer Live, de tentar se posicionar online, toda aquela parada essa movimentação toda, mais claro, obviamente não é a mesma coisa(...)banda de rock precisa de palco, precisa estar tocando, então foi frustrante para todo mundo".
"E junta isso tudo com a coisa de fazer quatro shows em estádio com a maior banda de rock do planeta, então a parada foi muito intensa", prossegue Jean, explicando que a Ego Kill Talent se preparou bastante para isto e ficou satisfeita com o resultado. "Foi tudo muito, muito acima das nossas expectativas, foi tudo muito positivo, muito bom, e acima disso tudo ainda a gente teve um contato muito foda com o Metallica".
Jean fala então sobre o tratamento que o Metallica dispensa às outras bandas: "É interessante pensar assim, pois de uma banda tão grande você esperaria uma certa distância, é normal, a gente já tocou várias vezes em festival desses gigantes com bandas muito grandes, então é normal você manter uma certa distância. Mas a gente foi sempre muito bem tratado desde o começo, a gente se sentiu em casa, eles fizeram questão de deixar a gente assim, não só a gente como o Greta (Van Fleet), também. Quer queira ou não o Greta também é uma grande banda, tá no lugar muito foda, e é uma banda que, tipo o mais velho deve ter 23 anos de idade (risos), mas eles estão num momento muito bom, estão grandes".
"Foi bem surpreendente o quão familiar estava a vibe de 'todo mundo em casa'", diz Jean um pouco mais adiante. "Mas eu estou colocando em contraponto que a gente sempre agiu de forma muito profissional, a gente sempre encarou isso de um jeito muito sério. O que estou querendo dizer é que a banda de abertura normalmente é um problema, porque eles vão tocar na frente, tem o equipamento deles, as coisas deles. Então para um show que vai dar sold-out, que vai ser grande de qualquer jeito, ter uma banda de abertura é um problema. A gente entrou ali sabendo disso, a gente já fez isso várias vezes, a gente já teve a experiência de ter bandas abrindo o nosso show, assim como a gente já teve a experiência de abrir shows de bandas muito grandes. A gente fez uma turnê com o Foo Fighters há alguns anos atrás que também foi dessa magnitude, de estádios, então a gente entende muito bem e se coloca no lugar deles, a gente foi super extremamente profissional de estar sempre na hora certa, usar os tempos que a gente tinha para as coisas que tinha que fazer, a montagem, a passagem de som, tudo muito direitinho, a equipe muito bem informada, tudo muito bem costurado".
Então ele fala sobre o episódio do presente que a banda deu para o baterista Lars Ulrich: "Mas enfim, todo o negócio foi muito especial assim, com todo este trabalho e tudo mais, a gente se sentiu em casa, eles fizeram questão de deixar a gente bem à vontade, e rolou esta aproximação natural. Se não me engano foi no segundo show, no show de Curitiba, eu estava colocando a calça que eu ia tocar, era tipo quatro da tarde, estava na concentração do shows, os nossos eram às seis e meia. E aí o Lars entrou no camarim (risos). Daí todo mundo fica tipo 'como lidar com esta parada', ao mesmo tempo extremamente empolgado com a grandiosidade que isto representa, alguém como o Lars, representando a banda, entrando no camarim e perguntando se estava tudo bem, se a gente estava sendo bem tratado, já foi de cara um choque. E foi muito foda porque rolou uma conexão real, uma conexão de banda mesmo".
Jean então teoriza com base no que leu em biografias do Metallica que Lars "jogou duro" pra fazer o negócio acontecer, pra estar na maior banda do mundo, e por causa disso ele tem esta conexão com a história dele quando ele entra no camarim de uma banda que está galgando seu espaço, ele se identifica com a situação da banda que está ali batalhando pra conquistar seu lugar ao sol. "Então rolou este engajamento massa entre a gente. E o Rafa, que é o outro baterista do Ego Kill Talent, é muito fã do Metallica, que é provavelmente a banda da vida dele" conta Jean, relatando que o Rafa e os outros caras da banda se conheceram numa loja de discos falando sobre o Metallica, e também falando de outras conexões dele com a banda de Lars & Cia.
"Então o Rafa fez uma caixa de bateria, ele construiu uma caixa, ele foi atrás da lâmina de metal, da solda, da furação, ele construiu uma caixa de 14 por seis e meio de alumínio de 3 mm, uma sonzeira. Ele construiu ela para dar de presente para o Lars. E foi emocionante a parada, eu acho que o cara não esperava um presente assim, não é comum. E o Rafa contou pro Lars que ele é um dos principais motivos que ele toca bateria, foi muito emocionante. E na sequencia entra o James Hetfield, nem tinha dado tempo de assimilar a presença do Lars (risos), foi muito foda"(risos).
Este corte da entrevista de Jean ao podcast ibagenscast pode ser visto no vídeo a seguir.
A conversa na íntegra está disponível no player abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps