Motörhead: Lemmy Kilmister exaltou a "lealdade" dos fãs do Motörhead e de metal
Por André Garcia
Postado em 22 de janeiro de 2023
Ao longo do mais de meio século de história do rock, podemos citar muitos casos de bandas personificadas em um de seus membros: Jim Morrison/The Doors, Lou Reed/Velvet Underground, Frank Zappa/Mothers of Invention, Alice Cooper/Alice Cooper… À frente do Motörhead, Lemmy Kilmister levou isso ao volume 11 — Lemmy era o Motörhead e o Motörhead era Lemmy; e quem discordar está errado!
Em 2005, o baixista deu uma entrevista para Sam Dunn, disponível no YouTube, parte do documentário Headbanger's Journey. Com muita sinceridade e pouca sutileza, como sempre, entre outras coisas, ele respondeu à acusação de ter se vendido.
Sam Dunn: No livro você comenta sobre a lealdade dos fãs
Lemmy Kilmister: Tinha até gente com cada parte visível do corpo tatuada com a logo do Motörhead, sabe? Capas dos álbuns das antigas. Um cara chamado Jimmy tem nossos rostos na panturrilha... Eu nem sei se eu mesmo faria. Eu admiro a resistência a dor deles, porque dói. Eu só tenho três pequenas, e doeu pacas.
SD: Não apenas fãs do Motörhead, mas fãs de metal em geral parecem mais apaixonados.
LK: Isso. É aquela coisa da lealdade, de novo. Se você é fã dos top 40 [das paradas de sucesso], vai ter que mudar todo mês. Todos aqueles singles indesejados que você comprou, bem como todas aquelas músicas horríveis do ano passado que você não aguenta botar para tocar... É um negócio bem feio. Eu gosto de ter o disco em vinil, porque você consegue ler o que está escrito, o que aquilo diz e tal. Invés de ter que arrumar uma lente de aumento.
SD: Você acha que o metal é o maior azarão da música?
LK: Acredito que sim, e vou te dizer o porquê. O suposto heavy metal — chame como quiser, eu chamo de rock n roll — é o sucessor lógico do rock n roll clássico. Se Eddie Cochran tivesse 18 anos, estaria em uma garagem com uma banda tocando em uma Les Paul falsificada do Japão, sabe? É isso o que a gente faz. Porque é a mesma necessidade de fazer barulho para irritar os pais e transar — basicamente, é disso que se trata."
[Heavy metal] é o filho bastardo abandonado do rock n roll, certo? É por isso que eu gosto. É por isso que ele sempre volta. Eles nunca vão conseguir se livrar, e olha que eles tentam a cada três anos sepultar o metal. Na América tudo é conduzido pela religião, tudo é ritual, tudo é o diabo, sabe?
SD: Por que incomoda as pessoas esse tipo de música?
LK: Porque não se trata de ser bonzinho, se trata de ser f*dão. É tudo que o bom rock n roll sempre foi. Jesus Cristo, é só ver Little Richard, cara: um cara negro gay da Georgia! Como você acha que era crescer sendo gay em um ambiente como aquele, e nos anos 50? Jesus Cristo [risos]! Ele tinha que fazer aquilo; era o que ele sentia, então tinha que fazer. Até hoje ele é o maior vocalista do rock para mim. Rock n roll é heavy metal, que é rock n roll.
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