Tim Owens: "Sempre digo que 'Jugulator' é a continuação de 'Painkiller'"
Por André Garcia
Postado em 10 de fevereiro de 2023
Não dá para falar no Judas Priest sem pensar em seu icônico frontman Rob Halford. No entanto, de 1996 a 2003, enquanto o vocalista saiu em carreira solo, a missão impossível de o substituir coube a Tim "The Ripper" Owens. Nesse período, foram lançados "Jugulator" (1997) e "Demolition" (2001).
Em recente entrevista para a Metal Sucks, Tim falou sobre o "Jugulator", considerado por ele "a continuação do 'Painkiller'".
Metal Sucks: O que contribuiu para a sonoridade mais sombria e agressiva de "Jugulator"?
Tim Owens: Eu acho que tinha muito a ver com o que estava acontecendo na época, dentro da banda e no mundo a nosso redor. [O Judas] Priest sempre teve ouvidos abertos para as mudanças na música ao seu redor, como em discos como "Turbo" e "Painkiller". E acho que, no Jugulator, tinha bandas como Pantera e Metallica fazendo sucesso com coisas mais sombrias, talvez isso tenha moldado a direção do álbum.
Mas eu sempre digo que "Jugulator" é uma verdadeira continuação de "Painkiller", para ser sincero. Se eu não tivesse usado [no vocal] um peso mais grave, as pessoas teriam feito essa mesma associação. Musicalmente, "Jugulator" não está muito longe do "Painkiller". Mas vocalmente, eu ter entrado em registros mais graves afastou um pouco as pessoas.
MS: A recepção mista recebida por "Jugulator" foi um golpe duro para você?
TO: Na época, eu achava ele muito bom. Sabe, sempre vai ter os haters, é normal. Quando se tem Rob Halford deixando essa banda lendária, é um choque que muitos fãs se recusam a aceitar. Levou um tempo, mas quando saímos em turnê, o pessoal apareceu para ver o Judas Priest. E, quando começaram a aparecer nos shows, pude conquistar eles. Quando saíam dos shows, eles não eram mais céticos, eram fãs de novo.
"Jugulator" provavelmente não significa muito na história do Judas Priest, até porque nem mesmo foi relançado. Para aqueles caras, meus discos provavelmente não significam muito hoje em dia, principalmente com Rob na banda. Mas para mim tem muito significado. Entrar para o Priest e fazer "Jugulator" abriu o caminho para mim como músico, tornou isso meu trabalho fixo. Eu sempre digo que passar pelo Judas Priest foi minha faculdade (só que sem ter que pagar um empréstimo universitário [risos]!)
MS: Que lembranças da era "Jugulator" mais se destacam para você?
TO: Se destaca o quanto foi difícil gravar um álbum naquele nível — ter que cantar aquelas coisas repetidamente o dia inteiro era uma maratona! Eu jamais havia sido submetido a algo como aquilo antes, e foi dureza cara! Eu não uso Pro Tools: todos os meus vocais foram naturais, então ter que fazer take atrás de take era exaustivo.
Eu trabalhava em algo por horas, frustrado por não conseguir acertar o que parecia tão fácil; foi um grande aprendizado. E Glenn [Tipton] trabalhou muito comigo, me ensinou muito fazendo esse álbum. Ele exigiu muito de mim porque sabia que eu estava como uma criança em uma loja de doces. Ele dizia: "Aí Tim, tenta cantar assim; faz isso, faz aquilo…" Ele sabia que eu estava aberto a tudo, o que tornava tudo muito interessante.
MS: Você se arrepende de alguma coisa em sua passagem pelo Judas Priest?
TO: Eu não me arrependo. Inclusive gostaria que tivesse durado mais, aconteceu no momento perfeito da minha vida. Não me arrependo de nada, do "Jugulator" ou de qualquer coisa que aconteceu quando eu estava no Priest. Relembro meus anos no Judas Priest como alguns dos melhores momentos da minha vida e, repito, nos dávamos muito bem. Tudo aquilo foi ótimo.
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