O motivo pelo qual Dio preferia o público europeu ao dos Estados Unidos
Por André Garcia
Postado em 21 de junho de 2023
Embora fosse americano, nos anos 2000 Dio curtia muito mais o público europeu do que o dos Estados Unidos. Para ele, era na Europa que o pessoal tinha o heavy metal como estilo de vida.
Quatro anos antes de sua morte, em 2006 o lendário vocalista Ronnie James Dio passou pela Holanda para tocar no festival Arrow Rock. Por lá, ele deu uma entrevista para o Toazted, disponível no YouTube. No vídeo, o que ele mais falou foi sobre seu carinho pelo público da Europa, e desencanto pelo público americano.
"Na Europa, em geral, [o público] é muito melhor do que na América. A América virou um lugar de modinhas, onde, se você vence no programa American Idol (ou American Karaokê, como chamo), aí você é um grande astro. E isso sem pavimentar seu caminho, sem ralar para crescer com seu trabalho... Mas é isso o que a América virou: a terra da moda. Então para tocar lá para muitas pessoas que não consegue mais ouvir suas músicas você só consegue fazer se você for a algum festival. Sabe, só mesmo sendo o Iron Maiden, Scorpions ou Deep Purple, para talvez você conseguir se sair bem. Fora isso, as coisas estão muito difíceis na América. Já Alemanha, Escandinávia, Espanha, Itália... [Esses países] realmente amam muito a música, então eles sempre apoiam.
Ao ser questionado se o público americano era totalmente diferente de como era 20 anos antes, Dio concordou:
"Sim, com certeza. Hoje em dia tem as participações especiais de alguém. Rod Stewart quando lança um álbum, do nada aparece no topo das paradas. Como é que é? Ou Barry Manilow, que estava em um programa [de TV] e seu disco volta para o primeiro lugar. Essa é a mentalidade dos espectadores, muitos abaixo dos 13 anos. Quando não é isso, são pessoas com mais de 13 anos, mas com um cérebro de 10. Eu realmente acho isso ridículo. Sem trabalho duro, você não consegue fazer nada que realmente dure por muito tempo. E nenhuma dessas pessoas vai durar por muito tempo. É tanta música boa que tem por aí que cai no esquecimento só porque não vende um produto. Essa é a questão. Se você não vende pomada para acnes com sua banda de heavy metal, então você não vai tocar seu heavy metal. Mas se você conseguir isso cantando rap, ou doo-wop, ou fazendo músicas que nem Madonna... aí vão prestar atenção em você."
"Mas aqui [na Europa] o pessoal é muito leal", acrescentou, "e sempre teve o rock pesado e o heavy metal como um estilo de vida. Eu já notei também que na América se você é um artista de rock pesado, as pessoas fazem cara de nojo 'Você não está falando sério, está?' Mas se você for um pedaço de m*rda sem sal e pré-fabricado, é 'Oh, eu amei!' É isso o que a América virou. É uma pena", concluiu.
Em 2006, Dio já tinha lançado seu último álbum solo, "Master of the Moon" (2004), e promovia o recém-lançado "Holy Diver - Live" — álbum duplo ao vivo, que no primeiro disco trazia seu primeiro trabalho solo "Holy Diver" na íntegra, e no segundo disco músicas do restante de seu catálogo.
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