Regis Tadeu explica o verdadeiro problema do comercial da Elis Regina
Por Bruce William
Postado em 15 de julho de 2023
O polêmico comercial que uniu as vozes de Elis Regina e Maria Rita através da inteligência artificial tem gerado intensos debates sobre os limites éticos e morais dessa prática. Regis Tadeu expressa suas opiniões francas sobre o assunto, questionando a atenção dos publicitários em relação à letra da música utilizada. Ele destaca a preocupação com a possibilidade de abusos e violações dos direitos de propriedade intelectual ao se utilizar a imagem e a voz de artistas falecidos, ressaltando a importância de encontrar um equilíbrio entre os avanços tecnológicos e os princípios éticos na criação de conteúdo por meio da inteligência artificial.
"Os publicitários responsáveis pelo comercial não prestaram uma mínima atenção, aliás não prestar atenção é o que acontece a torto e à direito nas redes sociais vamos falar a verdade", diz Regis. "Eles não prestaram atenção a mínima atenção à letra composta pelo igualmente lendário Belchior e eles ficaram prestando atenção só no refrão. E você ao ler a letra dessa música, você vai constatar exatamente isso. Aliás, foi o mesmo incômodo que eu senti anos atrás quando 'Should I Stay Or Should I Go?', aquela clássica canção do The Clash, foi usada como tema de uma propaganda de uma famosíssima marca de jeans lá na Inglaterra e que deu também um bafafá imenso" disse Regis, comentando depois que a canção, de fato, foi usada totalmente do contexto somente para emocionar todo mundo e para vender um novo lançamento.
E daí Regis pondera que defender o comercial ou atacá-lo é uma questão que tem gerado argumentações absolutamente absurdas. "De um lado, uma multidão sensível, uma multidão vêm postando o quanto eles choraram copiosamente, quantas vezes se emocionaram, gente que chora até em comercial de banco. Do outro lado, tem os patrulhadores execrando o capitalismo voraz de uma empresa que foi fundada por um Ditador Alemão, que Elis Regina não compactuava com nada disso, que ela defendia os trabalhadores, que não sei o quê, que a Maria Rita vendeu a imagem da mãe dela, blá blá blá blá blá blá blá, um festival de burrice e de estupidez de ambos os lados", diz Regis.
Daí Regis enumera o que ele considera o pior aspecto disto tudo: "Só que ninguém fala da principal questão, que é exatamente o que eu quero dizer agora, é que esse comercial, entre outros aspectos, ele abriu uma espécie de caixa de pandora para validar qualquer uso da imagem e áudio para fins não apenas comerciais e de conteúdo edificante, mas também para fins indevidos, e também para finalidades desonestas(...) Muita gente de moral e ética duvidozíssimos já estão salivando para usar imagens e criar falas inescrupulosas, driblando autorizações, driblando direitos autorais e o que quer que seja, para uma violação em massa dos direitos de propriedade intelectual" diz Regis, pontuando que ele aposta que vamos ter muitos problemas com o enorme impacto negativo na cultura e na memória coletiva.
O vídeo completo com toda a análise de Regis Tadeu sobre a polêmica do comercial envolvendo Elis Regina, Maria Rita e Volkswagen pode ser visto abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps