O álbum "mais honesto" do Green Day, segundo Billie Joe Armstrong
Por André Garcia
Postado em 19 de agosto de 2023
A história do Green Day é repleta de reviravoltas e crises de identidade. E foi em um desses turbilhões que produziu seu álbum "mais honesto", segundo seu frotman, Billie Joe Armstrong.
O Green Day era uma banda não lá muito desconhecida quando foi alçada ao estrelato com "Dookie" (1994). Tanto que até hoje muitos acreditam ser seu álbum de estreia, enquanto, na verdade, foi o terceiro. Em questão de pouco tempo, o trio levou o punk ao mainstream e chegou ao topo das paradas de sucesso.
No ano seguinte, por outro lado, o trio se viu em uma encruzilhada: o sucesso rendeu a ele o desprezo do underground e o rótulo de vendida. Dessa forma, eles se viram afastados de suas raízes punk rock e de seus pares. Foi nesse cenário que eles retornaram ao estúdio quase que imediatamente após a turnê de "Dookie" para gravar seu sucessor, "Insomniac" — movidos a café e anfetamina.
O resultado foi um álbum menos pop e mais sombrio, considerado por seu frontman, segundo a Far Out Magazine, seu trabalho "mais honesto".
Green Day sobre a gravação de "Insomniac"
"Acho que eu estava simplesmente perdido", confessou Billie Joe à Kerrang, em 2018, "não conseguia encontrar forças para me convencer de que o que eu estava fazendo era bom. Eu estava em uma banda gigante porque era para ser gigante mesmo, porque nossas músicas eram muito boas. Mas eu nem sequer conseguia sentir que estava fazendo a coisa certa, porque parecia que aquilo estava deixando muita gente com raiva."
"O fato de que esse álbum ['Insomniac'] foi lançado, tipo, um ano e meio depois de 'Dookie', foi nossa tentativa de cortar o papo furado pela raiz e continuar fazendo música. Isso era tudo o que queríamos: continuar fazendo música. Às vezes sinto que 'Insomniac' é o disco mais sincero que já fiz no momento específico em que foi escrito e gravado."
"Na época", acrescentou o baixista Mike Dirnt, no mesmo ano, "eu sentia que havia uma urgência real no que estávamos fazendo. Havia uma urgência real bater o pé e dizer: 'Não, aqui é nosso lugar.' Era muito importante para nós garantir que as pessoas soubessem que não éramos apenas uma moda passageira."
"Insomniac" foi lançado em 1995, apresentando uma inesperada guinada sonora do melódico pop punk de "Dookie" para algo mais pesado e sombrio. Com produção de Rob Cavallo e a própria banda, vendeu 9 milhões de cópias pelo mundo (4 milhões só nos Estados Unidos), com hits como "Geek Stink Breath", "Brain Stew" e "Walking Contradiction". Apesar disso, marcou início da crise de identidade em que a banda passaria toda a segunda metade dos anos 90, e minguou suas vendas. Isso até eles se reinventarem e retornarem ao topo com ambicioso "American Idiot" (2004).
Billie Joe Armstrong se arrepende de ter tornado o punk rock mainstream?
Em entrevista de 2021 para a Vulture, Billie Joe disse "Não me arrependo de nada" quando questionado se ele se arrependia de ter levado o punk rock ao mainstream:
"Acho que o Green Day queria ser independente de tudo. Queríamos fazer as coisas do nosso jeito [...]. Nunca pensamos: 'Vamos elevar o punk a um novo patamar. Vamos virar os representantes de o todo o punk'. Isso nunca foi nossa missão. Queríamos fazer música pelo resto de nossas vidas. Queríamos ser o Green Day da mesma forma que o The Who era o The Who."
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