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Uma resposta às críticas que Regis Tadeu fez aos Engenheiros do Hawaii

Por Flavio Gabriel Capinzaiki Ottonicar
Postado em 19 de setembro de 2023

O objetivo desse ensaio era reagir ao vídeo publicado pelo crítico de música Regis Tadeu na plataforma de vídeos Youtube há alguns meses. No vídeo, Regis repete as críticas rasteiras que a imprensa hegemônica costumava dirigir aos "Engenheiros da Hawaii" nos idos da década de 1990. Como já passou muito tempo (alguns meses já são muito tempo para um "react" na era digital!) e apesar de muitos já terem tido o trabalho de responder a Regis no próprio Youtube, tentarei aqui elaborar uma modesta defesa da banda gaúcha, motivado, sobretudo, pela ultra sintética opinião de Regis sobre aquele que é um dos grupos musicais mais criativos no mainstream do rock nacional.

Engenheiros Do Hawaii - + Novidades

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Foto: Reprodução - Várias Variáveis
Foto: Reprodução - Várias Variáveis

Sim, no mainstream, pois ainda que os "Engenheiros" se pretendessem "outsiders", a verdade é que o grupo é um dos principais representantes da assim chamada "geração 80" do rock nacional. A própria repercussão dos álbuns na grande imprensa confirma isso. E o fato de as críticas serem majoritariamente negativas não faz com que Gessinger seja menos entertainer do que os "Titãs" ou Lulu Santos!

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Dito isso, cabe ainda outro breve aviso: como os "Engenheiros do Hawaii" foram uma banda de muitas formações, o comentário será restrito à fase "GLM", ou seja, aos anos de 1987 a 1993, quando a banda era formada por Gessinger, Licks e Maltz.

Vou separar a explicação em pontos:

1. O "gauchismo" de Gessinger:

Humberto Gessinger, líder e maior representante dos "Engenheiros", carrega consigo um certo "pedantismo gaúcho" que não transparece em outros artistas sul-rio-grandenses, como Elis Regina e Nei Lisboa ou Júpiter Maçã.

Antes de tornar-me fã de Gessinger e dos "Engenheiros do Hawaii", eu jamais havia pensado em uma cultura propriamente gaúcha de forma independente e separada da cultura brasileira. Gessinger, em entrevistas como a que concedeu à UFRGS TV, revelou ao Brasil o Rio Grande do Sul que, musical e culturalmente, estaria fora do Brasil.

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Segundo o fundador dos "Engenheiros", existe uma música popular gaúcha (MPG) "fora" da música popular brasileira.

Para me explicar melhor: seja qual for o gênero, jamais concebi algo como uma música popular paulista, carioca, ou baiana em oposição à música popular brasileira. Se há uma música popular paulista, esse tipo só pode fazer parte da música popular brasileira. Assim ocorre com o samba paulista, o rock mineiro, etc; são parte de um mesmo todo chamado MPB.

O caso gaúcho, segundo Gessinger, seria diferente. Enquanto o samba paulista é Música Popular paulista E (sublinhe-se) Música Popular Brasileira; a música popular gaúcha seria Música Popular gaúcha OU (sublinhe-se) Música Popular Brasileira.

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Daí a oposição que lá se faz ou se fazia, segundo o próprio Gessinger, entre o regional e o nacional.

Mas essa visão do caldo cultural brasileiro também me esclareceu sobre um outro fato. Sou nascido e criado em uma cidade pequena do interior de São Paulo, quando adolescente, lembro-me de os "Engenheiros do Hawaii", ao lado da "Legião Urbana", serem uma das bandas mais populares entre meus amigos roqueiros, mais do que outras da mesma geração, como "Barão Vermelho" e "Paralamas do Sucesso". Mas, ligando o fato de o Rio Grande do Sul ter uma posição geográfica periférica em relação aos principais centros comerciais e financeiros do Brasil com o fato da banda ser extremamente popular em um rincão do Brasil como a minha cidadezinha do interior de São Paulo, creio que posso concluir que a mensagem dos "Engenheiros" foi compreendida por quem, assim como eles, também se encontrava "longe demais das capitais!", ou sentiam-se "Dândis" revoltados, procurando um lugar ao sol.

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Talvez isso explique a popularidade da banda gaúcha entre meus amigos de adolescência, é possível que essa mensagem tenha sido devidamente compreendida pela similaridade das circunstâncias.

É só uma hipótese.

Mas voltando ao tema do ensaio, os "Engenheiros" sempre estiveram longe de ser uma banda identificada com o regionalismo. Se músicas como "Herdeiro da Pampa Pobre" (composta por Gaúcho da Fronteira e Vaine Darde) e a milonga "Pampa no Walkman" remetem à tradições gaúchas, nas letras, de maneira geral, sempre se sobressaíram temas cosmopolitas como como o fascismo, a indústria pop - que incorpora a juventude rockeira - as limitações impostas pela condição humana ("Somos quem podemos ser") a violência, entre tantos outros.

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No fim das contas, essa contradição e essa tensão entre o regional e o nacional está presente não apenas nas letras e músicas, como também na própria existência de Gessinger. Ele carrega isso consigo, por isso sua obra, bem como suas declarações e entrevistas, estão impregnadas de gauchismo e anti-gauchismo. Ele é talvez o artista brasileiro mais gaúcho ou o artista gaúcho mais brasileiro do mundo.

Ou seja, Gessinger sempre soube que, apesar de sua ligação íntima com o Rio Grande do Sul, jamais "anoitece em Porto Alegre" sem que também anoiteça no Brasil.

2. O instrumental

É claro que nenhum dos "Engenheiros" da fase GLM é um virtuose, porém, ainda assim, em geral, o desempenho técnico do trio, ao vivo inclusive, ao contrário do que disse Regis, não deixava a desejar. Nesse sentido abundam na internet vídeos de shows e apresentações ao vivo em programas de auditório que mostram a banda dando conta do recado.

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Obviamente, antes de falar das capacidades técnicas de bandas nacionais é preciso levar em conta que o rock nacional, e especialmente a "geração 80", não produziu grandes instrumentistas.

Há exceções, como Edgard Scandurra, do "Ira!"; mas a regra geral é que o rock nacional não legou virtuoses para a cultura brasileira.

Podemos constatar isso através da medianidade musical da "Legião Urbana", por exemplo.

"Titãs" são outro grande exemplo. Nove músicos no início da banda e nenhum instrumentista que mereça menção.

Cabe ainda dizer que é difícil medir o talento de um músico quando o espaço na indústria fonográfica nacional é tão escasso, (para não dizer inexistente!) para que esses talentos possam se desenvolver. Frejat e Herbert Vianna, por exemplo, eram guitarristas promissores, no entanto, talvez tenha lhes faltado um contexto comercial e musical mais favorável para que pudessem investir tempo e energia no aprimoramento instrumental.

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Enfim, apenas outra hipótese.

Por isso mesmo arrisco-me a dizer que a guitarra de Augusto Licks esteve claramente acima do padrão brasileiro para instrumentistas em bandas de rock. Licks destacou-se tanto em termos de criatividade como nos timbres na pegada, no feeling, etc.

Excepcionalmente ocorreram alguns deslizes. Entre eles cito a faixa "Curtametragem" do disco "Várias Variáveis" (talvez um deslize proposital, mas ainda assim, a guitarra é mal executada) e o solo na metade de "Ninguém = Ninguém", em que Licks, usando o bottleneck, soa como um aprendiz do instrumento.

Por outro lado, há os solos de "Herdeiro da Pampa Pobre" em que, usando a técnica conhecida como pick tapping, faz com a guitarra, de maneira genial, um som que lembra o acordeão. Outros exemplos que merecem menção são "Piano Bar" (destaque para todo o arranjo da guitarra, além do solo); "Ando Só" (no dueto com o baixo) "Ilusão de Ótica" (em um dueto também com baixo e a aplicação de Palm Muting em seguida); "Era um Garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones", em que o guitarrista faz um mosaico de vários hinos; o arranjo de "Parabólica", entre tantos outros.

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Quanto ao papel (ou "papeis") de Gessinger no âmbito instrumental, ocorre com ele o mesmo que, em geral, ocorre com músicos que se pretendem multi-instrumentistas: geralmente se destacam em um ou dois instrumentos e são medianos nos demais.

Em 2011, vi pela televisão uma apresentação de Gessinger no programa Altas Horas tocando, sozinho, violão e gaita simultaneamente e, digo isso com a sinceridade de um fã, essa apresentação beirou o constrangimento.

Na guitarra ou violão e também no piano, Gessinger dá pro gasto, nada de extraordinário.

Mas naquele que poderíamos dizer que é seu "carro chefe", o contrabaixo, merece reconhecimento a criatividade do porto alegrense. Sobretudo nos dois primeiros discos em que Gessinger atua como baixista ("A Revolta dos Dândis" e "Ouça o que eu digo: não ouça ninguém"), o instrumento tem um protagonismo interessante no tecido sonoro da banda, o que pode ser claramente percebido em músicas como "Infinita Highway"; "Refrão de Bolero"; "Quem tem pressa não se interessa" e "Cidade em Chamas".

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E, para além dos dois primeiros discos, podem ser destacadas, ainda, as linhas de baixo de "A Violência Travestida Faz seu Trottoir" - em que o baixo faz a famosa "cavalgada" do heavy metal (ritmo esse que se repete em "Ando Só" e "Até quando você vai ficar?").

Além disso, é bom lembrar também que, como Gessinger sempre gostou do formato "power trio", cabia a ele executar as linhas de baixo e cantar as músicas simultaneamente nos shows. Coisa que, até onde os registros em vídeo mostram, ele sempre fez com segurança e desenvoltura.

(*Aqui apenas uma observação: por falar nos power trios que influenciaram Gessinger, como Rush e Emerson, Lake and Palmer, a canção "No Inverno fica tarde mais cedo", do disco GLM, lembra muito a música "Trilogy" do Emerson, Lake and Palmer!).

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3. Gessinger cantor

Apesar de parecer um tanto quanto idiossincrática em alguns momentos - como na maneira de empostar o tritongo "uai" em palavras como "iguais"; "trottoir"; "no ar noir" (em "Chuva de Containers"); "ficar" (em "Até quando você vai ficar?"); Gessinger é sim um bom intérprete das próprias canções e, nas raras vezes em que se arriscou a interpretar músicas de outros artistas, também não se saiu mal.

Aplica de forma adequada o drive em momentos onde a música ganha corpo (como em "O Papa é pop"; "Anoiteceu em Porto Alegre"; "Além dos Out doors") e possui uma boa extensão vocal - demonstrada nos momentos em que dobra sua própria voz em uma oitava acima (como em "Pra Ser Sincero"; "Refrão de Bolero" e"Túnel do Tempo").

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Utiliza também o belting de forma apropriada, ("Parabólica") e especialmente para alcançar agudos que empolgariam qualquer headbanger, como em "Sampa no Walkman".

4. As letras

Creio que nas letras encontra-se o grande diferencial dos Engenheiros.

É verdade que Gessinger repete temas, mas eu, particularmente, não vejo isso como um problema. Na arte, em geral não é incomum a repetição temática. O "Pensador" de Rodin ou a "Catedral de Rouen" pintada mais de trinta vezes por Monet, não são menos belos por terem sido produzidos mais de uma vez.

E não apenas artistas, mas também, escritores e filósofos repetem temas no conjunto de sua obra. Isso, por si só, não é um problema para um letrista que assume a postura de cronista do seu tempo, como Gessinger.

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Claro que não se trata de uma repetitividade entediante, ou de um auto plágio, mas de uma reincidência das mesmas ideias em novos contextos, ou seja de um constante reposicionamento e rearticulação das mesmas ideias em torno de novas descobertas.

As letras de Gessinger compõem, por isso, uma totalidade mais ou menos coesa que expressa uma forma particular de ver o mundo.

Particular, porém, como tudo na arte, não completamente original. Gessinger já revelou suas fontes em várias entrevistas: Camus, Sartre, Scliar entre outros. E, cá entre nós, essas não seriam meras "fontes", mas verdadeiros chafarizes ou minas de ideias provocadoras para se ir além da rebeldia infanto-juvenil de roqueiros em "propagandas de refrigerante", ou de histórias infelizes nas "canções de amor" (e nos "filmes de guerra!").

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Não é porque Gessinger tem uma habilidade quase parnasiana com as palavras que suas letras seriam feitas meramente por análise combinatória, como afirma Regis. Ora, qual é o problema de uma letra adornada com rimas, aliterações, assonâncias entre outros recursos linguísticos? Aliás, onde está o defeito de letras cujos temas remontam a grandes pensadores da cultura ocidental? (ou em seitas orientais, para lembrar da possível referência a Renato Russo em "Quartos de Hotel")?

Na música popular são válidas as letras que cantam a vida boêmia e romances "MPBísticos" (como no caso do Cazuza/Barão Vermelho); são válidas as letras com críticas sociais mais diretas, embora algumas vezes soem ingênuas (como em "Que país é esse?" da Legião Urbana), mas merecem também ser apreciadas as letras mais elaboradas e carregadas de fina ironia, como as de Raul Seixas, Renato Russo e (sim!) Humberto Gessinger.

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Gessinger gosta de brincar com ideias que, em princípio, seriam opostas, mas cuja oposição foi liquidada pelo mundo moderno e pela cultura de massas. O Papa que é Pop; o rock nas propagandas de refrigerante; a cegueira dos guardas da fronteira; etc.

Às vezes a brincadeira ocorre com oposições meramente semânticas ou apenas lógicas, que em nada refletem as mazelas da modernidade: assim acontece em toda a letra de "A Revolta dos Dândis Parte I" (em que Gessinger, que já esteve "longe demais das capitais", agora se declara um "estrangeiro" entre a "solidão e a cidade") e "Revolta dos Dândis parte II" (dedicada à figura lógica do "terceiro excluído").

Essa "dialética do irreconciliável" se verifica já no título de algumas canções, como "Canibal vegetariano devora planta carnívora"; "Ouça o que eu digo: não ouça ninguém", "O exército de um homem só" (baseada em um livro de Moacyr Scliar), entre outras.

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O eu-lírico gessingeriano traz também uma certa austeridade, uma frieza, um anti-clímax que beira o pessimismo.

Isso se observa no balde de água fria que o Gessinger joga na juventude em "Terra de Gigantes". Se a juventude seria "invejada pelos adultos", em "Aloha" de Renato Russo, e "bicho revoltado" e "grande novidade", (segundo Cazuza em "Jovem"), para Gessinger..."a juventude é (nada mais que) uma banda numa propaganda de refrigerantes". Ou seja, uma postura absolutamente anticlimática, desencantada e, talvez, até mesmo... pessimista.

Há, ainda, uma certa desilusão que ultrapassa a cultura pop e se estende à própria existência, à própria vida em geral. Nesse sentido, a "longa estrada da vida" é traduzida (talvez por "garotos que inventaram um novo inglês") e se transforma na "Infinita Highway". E o desalento permanece o mesmo: "estamos vivos e isso é tudo". Nenhuma lição de moral do tipo "deveria ter amado mais" é ensinada a partir da aceitação da "lei dessa infinita Highway"!

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Ainda na fronteira do pessimismo niilista, o que dizer do "epitáfio" "Somos quem podemos ser"?

Observações sobre a realidade social também estão presentes nas letras de Gessinger, como em "Ouça o que eu digo: não ouça ninguém": "Tantas pessoas/Paradas na esquina/Assistindo a cena/Pele morena/Vendendo jornais/Vendendo muito mais/Do que queria vender".

Ou mesmo em "Chuva de Containers": "a nossa elite burra se empanturra de biscoito fino/Somos todos passageiros clandestinos dos destinos da nação". Em resumo, falta "o pão nosso de cada dia, mas sobra o pão que o diabo amassou".

Gessinger passa também por temas como a guerra e os militares: ("Há um guarda em cada esquina esperando o sinal pra transformar o banho de piscina numa batalha naval" - "Filmes de Guerra, Canções de amor"); e, preservando o seu estilo que põe os opostos frente a frente, a "religião profana" de quem não faz "nada além do mito que limita o infinito" ("Guardas da Fronteira").

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Enfim, pode parecer pedantismo esse esforço exegético acerca das letras de Gessinger, pois como o próprio Gessinger afirma em uma de suas letras: "aquilo que é preciso ninguém precisa explicar" ("Variações Sobre o mesmo tema"), mas, sabendo que o rock nacional é relativamente carente de grandes gênios (como aqueles que se encontram na MPB, por exemplo) ouvir as críticas de Regis Tadeu sobre os "Engenheiros" provoca um certo sentimento de insatisfação e descontentamento. Posso aqui, é verdade, estar correndo o risco de ser apenas mais um "fã chato", que não aceita críticas, etc; mas o fato é que entre aquilo que o rock nacional nos oferece, creio que o esforço criativo dos "Engenheiros" mereceria ser tido em conta mais alta pela crítica especializada.

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