A candidata petista que brilhou mais do que Cazuza em seu próprio show
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de fevereiro de 2024
Em 1988, Cazuza foi entrevistado por Jô Soares no programa Onze e Meia e na ocasião foi questionado sobre a vez em que a política Luiza Erundina, que na época era candidata a prefeitura de São Paulo, foi ao seu show e roubou a cena. A eleição para prefeitura de São Paulo tinha dois principais concorrentes: Erundina (PT) e Paulo Maluf (PDS). A petista acabou sendo eleita no pleito.
"Eu não estou de namoro com o PT, mas admiro e acho um partido honesto. Eles são até algo ingênuo, mas isso me emociona. Acho algumas plataformas radicais. É um partido bacana que não fez coligação nenhuma. A Luiza Erundina foi ao meu show. Não acompanhei a campanha dela, mas ela tem uma cara muito boa.
É uma pessoa simples. Ela foi ao camarim, morremos de rir. Ela parece uma tia minha! Eu olho para a pessoa e confio ou não. Pode ser que ela não faça um bom governo. Foi uma loucura quando ela foi no meu show. Ela brilhou mais do que eu! [risos] Falei para as pessoas levantarem e aplaudirem ela. Achei que tivessem muitos malufistas. Depois me disseram que a classe alta não vota no Maluf, só a baixa. A classe alta não agüenta ser assaltada mais".
Cazuza e o PT
A relação de Cazuza com a política deixou frutos como as músicas "Brasil" e "Ideologia". Em certa ocasião, em meados dos anos 1980, o músico refletiu sobre o tema e chegou a afirmar que tinha medo caso o PT assumisse o poder.
O assunto foi comentado por Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, durante sua participação no podcast Corredor 5. "O Cazuza falava cada coisa que eu ria muito! Mas teve uma vez que ele começou a falar sobre política. Quando ele tocava nesse assunto, se transformava em uma pessoa centrada. Bem séria.
Um dia perguntaram para ele se ele era do PT. Ele respondeu que era sim, mas tinha muito medo. Ele disse que entendia que o poder precisa de alternância e tinha medo porque se o PT pegasse o poder, podia dar merda. Ele fala isso. Eu concordo, tem que alternar. Um colega dele de infância foi o Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Ele sabia todas as músicas do Cazuza. Às vezes, quando ele faz algum discurso, uma uma frase do Cazuza! Ele é fã dele", disse.
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