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O baterista que, sem querer, criou a sonoridade dos anos oitenta e mudou a história do Rock

Por Bruce William
Postado em 20 de novembro de 2024

Nos anos setenta, a música e, por tabela o Rock, eram marcados por uma sonoridade mais orgânica, com instrumentos analógicos dominando as gravações. Baterias, guitarras e baixos soavam crus, captados de forma direta em estúdios que ainda priorizavam equipamentos clássicos, como mesas de som valvuladas e fitas magnéticas. A energia das bandas vinha do desempenho ao vivo, com pouca interferência tecnológica, criando um som que parecia mais próximo do que se ouvia nos palcos.

O cenário mudou com a chegada dos anos oitenta, A popularização dos sintetizadores, baterias eletrônicas e gravações digitais trouxe uma estética mais tecnológica ao Rock. Produções começaram a adotar efeitos mais polidos e camadas de som artificiais, criando músicas que soavam modernas, mas menos "naturais" aos ouvidos. Essa transição representou a adaptação do Rock a uma nova era, onde o avanço tecnológico redefiniu como a música era feita e ouvida.

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Foto: Michael Dobrinski @ www.unsplash.com
Foto: Michael Dobrinski @ www.unsplash.com

E um ajuste técnico que foi descoberto por acaso contribuiu muito para isso. A menos que você tenha um conhecimento técnico profundo de música, talvez nunca tenha ouvido a expressão gated reverb. Mas certamente já ouviu - e muito - o efeito em ação: é aquele som marcante e seco da caixa da bateria que ganhou destaque na música dos anos 1980.

O vídeo abaixo ilustra bem como funciona o efeito; aos 47 segundos, é exibido o som sem o efeito; após um minuto e meio temos o som com o efeito, e aos dois minutos e vinte uma variação do efeito usando somente uma caixa.

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Como Phil Collins e Peter Gabriel apresentaram ao mundo o "gated reverb", efeito de bateria que moldou a música dos anos oitenta

Em 1979, Peter Gabriel estava gravando seu terceiro álbum solo, que sairia sob seu próprio nome, mas que é bastante conhecido como "Melt" ("derretido" em português), em alusão à foto de capa onde Peter aparece neste estado. Seu ex-colega de banda no Genesis, Phil Collins, foi um dos dois bateristas chamados para as gravações (o outro foi Jerry Marotta).

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E foi em "Intruder" que Phil Collins, em colaboração com o produtor Hugh Padgham, desenvolveu o que ficou conhecido como gated reverb. Mas o som característico da bateria desta música foi criado por acidente durante as gravações. Tradicionalmente, os microfones são bloqueados para cortar o ruído, já que os músicos continuam a tocar muito depois do tape ter parado de rolar.

Durante as gravações, Collins tocava em um kit captado por um microfone ambiente de um console SSL (Solid State Logic), configurado com um compressor e um corte abrupto do reverb. O engenheiro Hugh Padgham percebeu o efeito único e decidiu usá-lo. O resultado foi uma batida intensa e seca, que se tornou a base emocional da faixa.

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"Um dia, Phil estava tocando bateria e eu tinha o talkback reverso ligado porque ele estava falando, e então ele começou a tocar bateria", contou Padgham. "O som mais inacreditável saiu por causa do compressor pesado. Eu disse, 'Meu Deus, esse é o som mais incrível! Steve, ouça isso'", se referindo ao produtor Steve Lillywhite.

"Mas do jeito que o talkback reverso estava configurado, você não conseguia gravar", prossegue Padgham. "Então eu mandei modificar a mesa naquela noite. Pedi para um dos caras da manutenção desmontar a mesa e obter uma saída dividida desse compressor e alimentá-la em um ponto de conexão no campo de entrada para que eu pudesse então conectar em um canal na placa. De lá, conseguimos rotear isso para o gravador."

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O gated reverb revolucionou a forma como as baterias eram gravadas e mixadas, influenciando fortemente o som dos anos oitenta. Depois de "Intruder", Collins usou o mesmo efeito em "In the Air Tonight", seu primeiro grande sucesso solo, e a técnica rapidamente se tornou uma assinatura de produções Pop e Rock da época. Assim, "Intruder" foi a música que redefiniu a maneira como baterias seriam gravadas em estúdios pelo mundo.

Phil Collins em pessoa, o próprio baterista que criou o efeito, explica tecnicamente como ele é obtido, no vídeo que está a seguir (em inglês, sem tradução, mas com efeitos sonoros "de boca" do próprio baterista):

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Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
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