O lado do Punk que desagradava John Lennon, apesar dele adorar o estilo; "uma coisa pura"
Por Bruce William
Postado em 07 de novembro de 2024
John Lennon foi um dos músicos mais influentes do século XX, cofundador dos Beatles e responsável por composições que mudaram para sempre o cenário da música. Suas letras, inicialmente voltadas para temas de amor, evoluíram para canções com teor político e pessoal, abordando temas de paz e questões sociais. Após os Beatles, Lennon seguiu uma carreira solo igualmente impactante, explorando novos estilos e abordando temas mais profundos e introspectivos, ao lado de Yoko Ono, com quem também manteve uma parceria artística.
E durante entrevista realizada em setembro de 1980 com David Sheff da Playboy, ao ser perguntado sobre suas preferências musicais naquela época, Lennon respondeu: "Gosto de todo tipo de música, dependendo da hora do dia. Não gosto de estilos de música ou pessoas em si. Não posso dizer que gosto dos Pretenders, mas gosto da música de sucesso deles. Gosto dos B-52s, porque ouvi eles fazendo algo parecido com o estilo da Yoko. É ótimo. Se a Yoko voltar ao som antigo dela, vão dizer: 'Sim, ela está copiando os B-52s'".
Yoko comenta: "Nós já fazíamos muitas coisas no estilo Punk há muito tempo". O entrevistador comenta que Lennon e Ono são os Punks originais, e a artista concorda. Em seguida, ao ser perguntado sobre as "novas ondas musicais", Lennon diz: "Eu adoro toda essa coisa Punk, é uma coisa pura. Mas não gosto das pessoas que se destroem."
O entrevistador então pergunta se John discorda do trecho da letra de "My My, Hey Hey (Out of the Blue)" de Neil Young, que diz: "É melhor queimar do que se apagar lentamente", e o ex-Beatle responde: "Odeio isso. É melhor se apagar como um velho soldado do que queimar. Não gosto dessa adoração ao Sid Vicious morto, ao James Dean morto ou ao John Wayne morto. É tudo a mesma coisa. Fazer do Sid Vicious um herói, do Jim Morrison - para mim é lixo".
Prossegue John: "Eu venero as pessoas que sobrevivem. Gloria Swanson, Greta Garbo. Dizem que John Wayne venceu o câncer - que lutou como um homem. Sabe, lamento que ele tenha morrido e tudo mais - sinto muito por sua família - mas ele não venceu o câncer. O câncer venceu ele. Não quero que Sean [Lennon] venere John Wayne ou Sid Vicious. O que eles ensinam? Nada. Morte. Sid Vicious morreu por quê? Para que possamos fazer Rock? Quero dizer, isso é tudo lixo, entende? Se Neil Young admira tanto esse sentimento, por que ele mesmo não fez isso? Porque ele com certeza se apagou e voltou muitas vezes, como todos nós. Não, obrigado. Prefiro os vivos e saudáveis."
Tristemente como hoje sabemos, apesar de seu desejo de viver e de ver valor em enfrentar a vida, a própria trajetória de John Lennon foi interrompida brutalmente cerca de três meses depois dessas falas, em um desfecho que ele certamente não teria escolhido para si.
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