O hit do Queen que Brian May pensou que Freddie Mercury não conseguiria cantar, e ele arrasou
Por André Garcia
Postado em 01 de novembro de 2024
Eu sei que você aí que está me lendo vai achar que eu fiquei maluco, mas mesmo assim vou dizer que o Queen é subestimado — ou pelo menos o foi durante os anos finais de Freddie Mercury. Após conquistar o mundo em 1985 no Live Aid e no ano seguinte emplacar os hits "One Vision" e "A Kind of Magic", eles fizeram músicas muito boas, mas que o público parece não ter dado muita bola.
Dessa fase eu diria que a melhor música, o maior clássico, é "The Show Must Go On" — um degrauzinho abaixo só de "We Are the Champions". Embora soe meio datada, com certeza está entre as músicas do Queen que serão ouvidas para sempre (enquanto a humanidade durar, claro).
Em entrevista de 2023 para a Total Guitar Brian May confessou que achou que Freddie não conseguiria cantar aquela música, por conta de seu estado físico já muito debilitado pelo HIV no "Innuendo" (1991), álbum gravado pouco antes da morte do vocalista.
"Eu toquei para ele um pouco da demo, comigo cantando", relembrou Brian, "que era [estava em um tom] incrivelmente alto e muito difícil [de cantar]. No passado, Freddie sempre gritava comigo, tipo: '[Essa música que você fez o tom] está muito alto! Você está me fazendo estragar minha linda voz, p*rra!' Mas [em 'The Show Must Go On'] ele simplesmente ouviu a demo e me disse: 'Eu vou conseguir cantar essa p*rra, não se preocupe'. Aí ele se apoiou na mesa [para conseguir ficar de pé] e cantou toda a música. E ficou incrível!"
Quem sabe essa cena narrada por Brian não apareça em Bohemian Rhapsody 2. O filme ainda não tem nem previsão para entrar em produção, mas já se sabe que o roteiro já está sendo esboçado. Como o primeiro conta a história do Queen até 1986, o segundo teria que ser focado em Freddie Mercury e o HIV, já que a banda parou de fazer shows.
"The Miracle" (1989), o primeiro álbum gravado por Freddie já diagnisticado com AIDS, tem em sequência das ótimas "The Miracle", "I Want It All", "The Invisible Man" e "Breakthru". Em 1991 foi lançado "Innuendo", o último álbum gravado (até o fim) por ele. Durante as gravações muitas vezes ele se ausentava do estúdio por dias; quer fosse por não conseguir sair da cama ou pela bateria de consultas médicas e exames.
Embora já estivesse nas últimas (e soubesse disso), o vocalista usou toda a energia que lhe restava para entregar performances vocais à altura do Queen, apesar de suas condições físicas cada vez mais comprometidas.
Não deve ser nada fácil gravar um álbum sabendo que você está em seus últimos dias de vida; da mesma forma que deve ter sido difícil para a banda trabalhar naquela produção vendo o amigo e colega sendo consumido pelo vírus. Mesmo assim, apesar dos pesares, o disco ainda tem faixas que, para mim, pelo menos, são (ou deveriam ser) hits: "Headlong" e "I Can't Live with You" e "The Show Must Go On" — essa última considero um degrauzinho só abaixo de "Somebody to Love".
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