Quando o System of a Down comeu o pão na mão dos fãs do Slayer que o diabo amassou
Por Bruce William
Postado em 24 de janeiro de 2025
No final dos anos 90, o System of a Down ainda era uma banda em ascensão, tentando conquistar espaço em um cenário dominado por nomes como Metallica, Pantera e Korn. Apesar de já criar um burburinho na cena de Los Angeles, suas apresentações iniciais pelo país não foram tão bem recebidas, especialmente durante a turnê de 1998 em que abriram para o Slayer, grupo com fãs notoriamente fervorosos e nada receptivos a novidades.
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Em seu livro de memórias, "Down With The System", Serj Tankian, vocalista do SOAD, descreve a experiência como um verdadeiro "campo de treinamento do rock", conforme relatou a Metal Hammer. "Os fãs do Slayer são conhecidos por amar o Slayer e odiar praticamente tudo e todos os outros," explica Serj. Para a plateia, o System era apenas o obstáculo entre eles e o show principal. A recepção era hostil: "Era comum enfrentarmos uma parede de braços cruzados e dedos do meio erguidos. Não ajudava o fato de eu estar com maquiagem tribal, enquanto Daron [Malakian, guitarrista] aparecia de cabelo rosa e uma roupa glam."
Apesar da resistência inicial, Serj conta que a atitude e a presença de palco da banda começaram a conquistar parte do público. "Era um desafio diário, mas nossa persistência e determinação acabou ganhando alguns fãs." No entanto, nem sempre as coisas corriam bem. Durante um show em Utah, a chuva fez o evento ser cancelado, provocando um caos entre os presentes. "Lixo começou a voar, brigas estouraram por todo lado. Pulei para trás da nossa mesa de merchandise para tentar salvar nossas coisas, mas logo percebi que era inútil."
O vocalista também relata que houve momentos particularmente tensos, com pequenos grupos de fãs mais radicais tentando causar problemas, o que fazia Serj perder a paciência: "Havia um pequeno grupo de fãs do Slayer que tinha o hábito perturbador de aparecer nos shows com trajes nazistas completos. E eu lembro de ver seguranças afro-americanos em uma casa de shows em Detroit, o Harpos, brigando do lado de fora com esses fãs depois que terminamos nossa apresentação."
Tankian também relatou um episódio marcante na Polônia: "Estávamos no palco quando começaram a nos jogar moedas e a fazer saudações nazistas em nossa direção. Em um momento, fui atingido no rosto por um bagel [um tipo de pão] e perdi a paciência. Pedi ao técnico de luz para iluminar o público e encontrar o responsável. Surtei e fiz um discurso raivoso ameaçando acertar as contas com quem estava envolvido naquilo. Quando terminei, o lugar ficou completamente em silêncio. Literalmente dava para ouvir um alfinete cair. Então saímos do palco."
No entanto, a banda mostrou resiliência mesmo diante dessa resistência. Em Berlim, Daron Malakian recordou uma tática inusitada para ganhar o público: "Eu disse, 'Olha, se esses caras não aplaudirem depois da primeira música, 'Know', vamos tocar ela de novo, repetidamente, até reagirem.' Tocamos 'Know' e o público ficou em silêncio. Então o John [Dolmayan, baterista] começou a música de novo, e todos continuamos. No meio da segunda vez, eles estavam aplaudindo. Minha atitude era: 'Vocês vão nos amar, quer gostem ou não. E, se não gostarem, vão ouvir essa música até aprenderem.'"
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