Marko Hietala admite arrependimento por ter deixado o Nightwish
Por João Renato Alves
Postado em 18 de janeiro de 2025
O baixista e vocalista Marko Hietala concedeu entrevista ao Metal Global, de Portugal. Nela, foi questionado se tinha algum arrependimento pela decisão de deixar o Nightwish, quatro anos atrás. O músico respondeu, conforme transcrição do Blabbermouth:
"Claro. Já estava me sentindo assim enquanto estava saindo. Mas não era só o Nightwish. Eu já disse isso algumas vezes que realmente deixei tudo para trás. Meu problema com depressão e ansiedade era constante. Simplesmente não ia embora e só piorou ao longo dos anos. Cerrei os dentes e segurei até sentir que — sim, foi quando a Covid começou a acabar, e eles disseram: ‘Ok, temos esses planos para a primavera e depois esses planos para uma turnê’ e tudo mais. E então meio que percebi: ‘Eu não quero ir. Estou me sentindo muito mal. Se for para a estrada, vai ser só estresse. Vou ficar sozinho.’"
Hietala afirmou ter pensado em todo tipo de maneira para amenizar o que sentia. No entanto, a situação chegou a um ponto irreversível. "Todo mundo tem seus próprios métodos de sobrevivência quando se trata de estar em turnê — eles precisam tê-los e tudo mais — então eu pensei, 'Eu não posso fazer isso.' E ao mesmo tempo, também já estava procurando vagamente se haveria um lugar para onde pudesse escapar em alguns meses de inverno, porque a escuridão estava piorando a depressão, a ansiedade e tudo mais. Foi quanto percebi que precisava largar todas as responsabilidades e descobrir o que havia de errado comigo.
Vim para a Espanha para fugir de tudo, de todos que eu conheço, exceto da esposa e do cachorro. Consultava com psiquiatras aqui na Espanha e lá na Finlândia, por vídeo e tudo mais. Um deles apenas sugeriu 'você pode ter TDAH (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade)'. Perguntei: 'Como diabos isso se relaciona com depressão e ansiedade?' 'Bem, se relaciona. Leia sobre isso.' Foi o que fiz. E era real. É aquela sensação de diferença, que você não se iguala às capacidades das outras pessoas de lidar com suas tarefas diárias ou o que quer que seja.
Estava sempre perdido — tudo era uma bagunça e tudo mais. E o que você sabe? Aí está — o TDAH. E isso faz de você, como uma criatura social, uma criatura tribal, esse tipo de coisa, o isolamento social é um caminho lento para a morte. Sabemos que a solidão é um assassino. Meio que aprendi a lidar com isso desde que era criança. Mas isso não torna necessariamente mais fácil. Teve suas consequências. E eu era assim: 'Nada que eu fizer vai melhorar nada. Tudo é cinza e sem valor. E eu também sou.' Essa era a coisa que estava crescendo em mim. Então, quando essa coisa do TDAH surgiu, li sobre isso, fiz o teste neuropsicológico e tudo mais, e sim, eu entendi."
Marko finalizou garantindo estar se sentindo muito melhor agora. "É um alívio saber que há coisas na sua história e em você mesmo que não dá para simplesmente evitar. É isso que você é. Então, muita culpa sobre coisas que foram deixadas por fazer ou não ditas ou foram direto para o inferno pelas coisas que você fez e disse, de repente descobre que, ok, na verdade, não importa o quanto desejasse ter agido diferente. Você não poderia, com o conhecimento que tinha naquela época... E você pode se perdoar pela merda. Também pode perdoar muitas outras pessoas por não entenderem. Então, sim, é um alívio. Você tira um peso do seu peito."
Além da carreira solo, Marko retomou a parceria com outra ex-Nightwish, a cantora Tarja Turunen. Os dois passaram pelo Brasil ano passado e voltam em maio para mais quatro shows – incluindo um com orquestra em São Paulo. O músico também participa do Bearwood, que lançou seu primeiro single recentemente.
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