A banda que quase chegou ao topo, mas decidiu parar antes que shows matassem alguém
Por Gustavo Maiato
Postado em 30 de março de 2025
Há quem diga que GG Allin pode ser considerado o artista mais bizarro e perigoso da história e provavelmente isso é verdade. O grupo de rock alternativo Butthole Surfers, entretanto, parece que tentou muito tomar para si esse título.

Misturando noise rock, psicodelia, punk e caos puro, o grupo se tornou conhecido não apenas por sua música provocativa, mas também por shows tão intensos e insanos que beiravam o risco real de tragédia. A matéria tem como base informações de texto publicado no Ultimate Guitar.
Formada no fim dos anos 1970, no Texas, a banda nasceu de um encontro entre Gibby Haynes e Paul Leary, dois jovens talentosos — e, até então, com carreiras promissoras em áreas bem distantes do rock. Gibby era capitão do time de basquete universitário e havia sido nomeado "Contador do Ano" em sua faculdade. Leary estava prestes a concluir um MBA. Mas, após um incidente envolvendo uma publicação estudantil, Gibby largou tudo e se mudou para a Califórnia. Leary o seguiu. O resto é história.
A dupla mergulhou em um universo musical que desafiava qualquer convenção, e logo foi notada por Jello Biafra, do Dead Kennedys, que bancou o primeiro EP da banda. Já nessa fase inicial, os conflitos e a energia destrutiva apareciam: a gravação do EP quase não aconteceu após uma briga física entre Gibby e o baterista.
Nos anos 1980 e 1990, os Butthole Surfers se tornaram lenda viva do underground, e seus shows — uma mistura de performance artística, ritual psicodélico e colapso coletivo — ganharam fama por serem imprevisíveis, agressivos e, muitas vezes, perigosos. Gibby cantava com megafones, vestia-se com dezenas de prendedores de roupa (ou então ficava nu), aparecia ensanguentado no palco, enquanto duas baterias tocavam em uníssono, gerando um efeito hipnótico e tribal.
Havia projeções de vídeos bizarros, luzes estroboscópicas intensas, objetos voando na plateia (inclusive imagens de baratas), animais de pelúcia rasgados ao vivo — tudo isso combinado com drogas, álcool e uma sonoridade desconcertante. O resultado? Gente no chão, brigas generalizadas e até casos de crises epilépticas em pleno show. "Todo show era mais do que música. Era uma espécie de luta em gaiola. Um motim sensorial," resume um dos relatos sobre a banda.
Mesmo com o sucesso de faixas como "Pepper", que chegou ao topo da parada Modern Rock Tracks da Billboard em 1996, os integrantes começaram a entender o custo daquilo tudo. O vocalista Gibby Haynes e o guitarrista Paul Leary sabiam que estavam flertando com a tragédia. Em determinado momento, decidiram parar antes que alguém morresse.
"Estamos com sorte de não estarmos presos. E não quero forçar mais a sorte," confessou Leary. "Não quero mandar um colega de banda pra casa dentro de um saco de cadáver. Nem ver um lugar pegar fogo por nossa causa."
Hoje, o grupo ocasionalmente se reúne para shows esporádicos, mas nunca retomou a carreira de forma contínua. Ainda assim, o legado dos Butthole Surfers permanece — como uma cicatriz brilhante no rosto do rock experimental. Eles acenderam uma chama incômoda, intensa e incontrolável, e souberam recuar antes de queimar tudo — ou todos — à sua volta.
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