A aula de music business do Fresno que explica por que bandas grandes não lotam shows
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de maio de 2025
Em entrevista ao músico e entrevistador Mateus Starling, o vocalista Lucas Silveira, da banda Fresno, abordou um tema que tem preocupado artistas da cena nacional: a desconexão entre números de streaming e público real nos shows.
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Segundo o cantor, o sucesso digital nem sempre se traduz em venda de ingressos. "O cara dá mil plays na tua música e te rende uns R$ 2. Mas pra ele ir no teu show, pagar R$ 100 no ingresso, mais transporte, bebida, comida... é um salto enorme", disse Lucas.

Ele explicou que, no auge do mainstream, muitos artistas atraem ouvintes momentâneos, mas poucos desses se tornam fãs de verdade. "Aprendemos cedo que esse público de massa não se fideliza. Pode não voltar nunca mais", completou.
Lucas também criticou a forma como os ouvintes mensais são usados como métrica de relevância nas plataformas. "Nos ouvintes mensais entra qualquer um que ouviu uma música. Nosso fã escuta 40 músicas por semana, mas conta como um só", afirmou.
Para ele, bandas com hits virais podem inflar os números temporariamente. "Tira a música do momento e vê quanto sobra. Às vezes cai de 13 milhões pra 800 mil", exemplificou. Apesar disso, o vocalista reconhece que hoje a Fresno tem mais poder de mobilização do que há uma década. "Nosso público cresceu, trabalha, tem renda. Hoje eles têm condições de ir ao show, comprar camiseta, consumir mesmo", disse.

Lucas ainda comparou a era atual com os anos 2000. "Naquela época, a gente tinha mais ouvintes, mas vendia menos ingresso. Hoje a conversão é maior", afirmou. Ele encerrou refletindo sobre a diferença entre relevância digital e impacto real. "Tem banda com o triplo de plays que não consegue fechar uma casa de 300 pessoas. O buraco é mais embaixo."
Confira a entrevista completa abaixo.

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