O guitarrista que deixou David Gilmour de boca aberta - e não foi Jimi Hendrix
Por Bruce William
Postado em 23 de junho de 2025
Muita gente associa o Pink Floyd, ainda hoje, ao começo confuso do rock psicodélico dos anos sessenta, e não é de se estranhar que Jimi Hendrix, principal mestre da guitarra naquela época, não tivesse muita paciência para o que via nas bandas britânicas. Para ele, aquilo que chamavam de "psicodelia" não passava de barulho cheio de luzes piscando, embalando covers mal tocados de blues e rock clássico. Ele mesmo dizia: "Tudo que esses caras fazem é tocar 'Johnny B. Goode' errado, com luz colorida em cima. É terrível."
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Curiosamente, foi o próprio David Gilmour, que ainda nem fazia parte do Pink Floyd quando Hendrix soltou essa opinião, quem acabou moldando o som da banda para algo muito mais coeso e reconhecível. Gilmour sempre admitiu o peso que Hendrix teve na sua formação: assistiu a shows dele em Londres ainda sem ter nada gravado para ouvir em casa - e passava tardes tentando recriar frases soltas que viu no palco, misturando tudo à sua forma particular de tocar.
Só que, para surpresa de muitos, o guitarrista que deixou Gilmour realmente "mudo" de tanta admiração não foi Hendrix, mas sim Pete Townshend, do The Who. Décadas depois de ser apenas um fã que pegava carona para ver o The Who no Marquee Club, Gilmour se viu dentro do estúdio trocando faixas e ideias com o ídolo. Ele contou que ficou completamente sem palavras ao perceber a forma como Townshend, que sempre trabalhou como compositor solitário, aceitava criar em parceria, aproveitando bases que Gilmour tinha guardado em fita.

Gilmour, na verdade, nunca escondeu que considera Townshend um dos maiores nomes do rock inglês, não só pela presença de palco nos shows do The Who, mas pelo jeito direto de criar riffs poderosos sem precisar encher de solos. "Ele raramente faz solos, mas poderia fazer sem dificuldade nenhuma", disse em declaração publicada na Far Out, onde ele relembra as viagens de Cambridge a Londres só para ver a banda de perto, ainda adolescente.
Essa colaboração com Townshend, que nem sempre aparece nas manchetes quando se fala em Gilmour, mostrou que até um guitarrista lendário ainda pode se sentir como um fã sortudo. E, ironicamente, se Hendrix tivesse vivido o bastante para ver o Pink Floyd depois de "Dark Side of the Moon" ou "The Wall", talvez também precisasse engolir o orgulho e admitir: aqueles "gatos barulhentos" conseguiram fazer as coisas direito, graças ao garoto de Cambridge que cresceu de ouvido colado na guitarra de outros heróis.

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