A banda que abriu para o Guns N' Roses, se chocou com o que viu e se arrependeu de aceitar
Por Bruce William
Postado em 20 de junho de 2025
No começo dos anos 90, quem aceitasse um convite para abrir os shows do Guns N’ Roses ganhava, de brinde, palcos lotados, imprensa em cima e a chance de fazer o próprio nome explodir. Para uma banda jovem e barulhenta de Seattle, parecia o passaporte perfeito para sair dos clubes alternativos e encarar plateias imensas. Mas a realidade do camarim era outra, e isso deixou um gosto amargo que duraria pra sempre.
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O Soundgarden já vinha com moral depois do álbum "Badmotorfinger", mas não estava pronto para mergulhar no universo de excessos, seguranças particulares e atrasos lendários que rondavam Axl, Slash e companhia na Use Your Illusion Tour. Logo de cara, o entusiasmo do empresário bateu de frente com o silêncio dos músicos. Um deles só quis saber o que tinha na caixa de camisetas que a empresária levava - o resto do anúncio morreu ali mesmo.
Para Ben Shepherd, baixista da banda, dividir palco com o Guns era um choque de mundos. "Eu sou punk, cara. Gosto de Black Flag, de coisa pesada. Esse lance de rock farofa não é pra mim. Eu não sou estrela do rock, não gosto de estrelas do rock e não quero estar perto delas... era uma extravagância total. Eu nunca quis tocar em estádio. E lá estávamos nós, cercados pelos mesmos tipos de gente que, quando eu era punk, queriam me bater. Eu tinha uma animosidade enorme por aqueles fãs", disparou ele anos depois para a Classic Rock.

O baterista Matt Cameron também saiu da turnê com lições sobre tudo o que não queria copiar. Cada integrante do Guns tinha um segurança próprio, todos viviam no modo festa infinita e, para fechar o pacote, Axl decidia na hora quando ia subir ao palco - o atraso padrão era de uma ou duas horas. Cameron lembrou de uma noite em que ouviram que Axl ameaçava encerrar o show na frente de todo mundo. O medo era de confusão generalizada, e o Soundgarden teve que sair de fininho pra não virar alvo.
Chris Cornell, na época, ficou especialmente abatido ao ver o Guns no auge, mas atolado em caos. "Sem falar nada de ruim sobre o Axl, o que mais lembro é que o Duff, o Slash e o resto eram caras legais, pé no chão, só queriam tocar rock. Mas parecia que tinha um Mágico de Oz escondido atrás da cortina, complicando tudo. Eles eram a maior banda do planeta, tinham tudo pra só tocar e fazer o público feliz. E mesmo assim sempre tinha algum rolo acontecendo. Isso era triste", contou Cornell.

No fim, o apelido que o staff do Guns deu aos grunge de Seattle resumiu tudo: Frowngarden (algo tipo "jardim carrancudo"). Ben Shepherd não negou: "Chamaram a gente assim porque não éramos festeiros, não éramos estrelas de rock. Não estávamos ali por modelos e cocaína. Estávamos ali pra tocar alto e esmagar seus tímpanos."
Para o Guns N' Roses, foi só mais uma turnê gigantesca. Para o Soundgarden, um lembrete eterno de que, para quem ama a música, não existe palco grande o bastante que compense viver um circo fora de controle. E se Axl ainda era fã, eles preferiram seguir seu próprio caminho, mas bem longe da confusão.

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