Bruce Dickinson aponta a característica que havia em comum entre Andre Matos e Chris Cornell
Por Bruce William
Postado em 18 de setembro de 2025
Bruce Dickinson sempre enxergou a voz como muito mais do que um instrumento de alcance ou potência. Para ele, cantar é, acima de tudo, uma forma de comunicação. Foi com essa perspectiva que, em entrevista com a Songfacts, destacou dois nomes que, em sua visão, representavam o ápice dessa capacidade: Chris Cornell e Andre Matos.
"Chris Cornell, que infelizmente não está mais entre nós, foi uma das melhores vozes que já ouvi de qualquer geração. E, infelizmente, ele se foi. O cara do Angra [Andre Matos], também. Esses caras se foram e tinham a capacidade de realmente emocionar as pessoas. Eles podiam gritar e berrar como os melhores, mas tinham a habilidade de emocionar as pessoas com suas vozes", afirmou.


O comentário de Dickinson não surpreende os fãs brasileiros, já que Andre Matos sempre foi lembrado como um dos grandes talentos do metal mundial. Sua extensão vocal e sensibilidade o colocavam em um patamar diferenciado, capaz de interpretar com emoção tanto baladas quanto passagens mais pesadas. A admiração era tamanha que, em 1999, o próprio Bruce dividiu o palco com o Angra em Paris, durante a turnê do álbum "Fireworks". Na ocasião, cantou ao lado de Andre dois clássicos do Iron Maiden: "Run to the Hills" e "Flight of Icarus", que ficaram imortalizados em vídeos amadores.

O encontro foi resultado da sugestão de um promotor, que acreditava que a parceria seria positiva para a carreira solo de Dickinson, então em ascensão na França após o lançamento de "The Chemical Wedding". Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra, recorda aquele momento como um dos mais marcantes da trajetória do grupo. "Foi uma experiência maluca, uma coisa de realmente entender que tinha realizado o grande sonho da minha vida, que eu estava onde eu queria estar", disse.

Ao lembrar de Cornell na conversa com a Songfacts, Dickinson também apontou uma das performances que mais o impressionaram: "Uma das minhas favoritas para mostrar o quão bom ele era é a de 'You Know My Name', tema de James Bond. Essa é uma grande performance vocal". E, num paralelo inusitado, comparou a força de Cornell à potência de Tom Jones, intérprete da música "Thunderball": "Se alguém quiser ouvir uma voz de metal incrível e forte, ouça Tom Jones e imagine se essa voz estivesse fazendo metal ou rock".
Ao citar Chris Cornell e Andre Matos no mesmo contexto, Bruce Dickinson traçou uma ponte improvável entre Seattle e São Paulo, unindo dois cantores de estilos distintos que, no entanto, compartilhavam a mesma virtude: a capacidade de emocionar e transcender barreiras por meio da voz. Uma lembrança que reforça como o talento vocal pode atravessar fronteiras e permanecer vivo mesmo após a perda de seus intérpretes.

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