Os dois solos que, para Ritchie Blackmore, inauguraram a "guitarra elétrica inglesa"
Por Bruce William
Postado em 07 de novembro de 2025
Eles eram pesados, e quando abriam espaço, iam longe: solos e improvisos de dezenas de minutos. No Deep Purple, Ritchie Blackmore afinou um idioma próprio juntando blues, rock e referências de conservatório. A fagulha, ele mesmo contou: "Meu interesse por música clássica no geral foi o que me levou na direção de tentar combinar blues, rock e ideias clássicas em uma declaração de estilo. Aos 15 anos, vi uma banda que fazia clássicos em versão rock, chamada Nero and the Gladiators. Eles usavam togas... você pensaria que pareceriam ridículos, mas funcionou."
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A partir dali, Blackmore começou a caçar solos que soassem diferentes. No palco, ele sabia ocupar espaço sem fantasia. Gene Simmons explicou o magnetismo, relembra a Far Out: "Para quem entende, Ritchie Blackmore significa o mundo, ele tem o que é preciso. No palco, ele tinha o 'algo' que atraía os olhos porque as pessoas vão ao show e primeiro ouvem com os olhos. Ritchie se vestia de preto e tinha a Strat, tinha presença de palco." Visual enxuto, foco no som.
Quando pedem que cite gravações que o marcaram, Blackmore aponta um nome que poucos conhecem: Big Jim Sullivan. E os elogios são fartos: "Na minha opinião, dois dos melhores solos já gravados foram tocados por Big Jim Sullivan. [Isso] para mim foi o começo da guitarra elétrica inglesa." Um deles, conforme aponta a Rock And Roll Garage, está em "Together" (1964), de P. J. Proby (youtube), uma faixa de estúdio em que a guitarra respira fraseado e intenção sem precisar de pirotecnia. E o outro está em "The Crying Game" de Dave Berry (youtube), onde o Sullivan usou o pedal DeArmond de volume/tone (proto-wah), frequentemente lembrado como o primeiro hit britânico com esse efeito.
A escolha diz muito sobre o ouvido de Blackmore. Em vez de listar os suspeitos de sempre, ele resgata quem ajudou a construir o alicerce. E há até um motivo pessoal para tanto: "Big Jim Sullivan foi um professor meu, porque morava na esquina, então eu podia ir muito até lá." A proximidade vira um profundo respeito e não apenas pelo currículo, mas pelo som captado no rolo de fita.
Blackmore ainda sublinha um ponto que muita gente esquece: há músicos que somem nos créditos porque não chamavam atenção fazendo firulas. "Eles são provavelmente os dois melhores guitarristas na Inglaterra. Ninguém sabe porque não fazem pirotecnia, eles apenas tocam." É o elogio que mais combina com Sullivan: um profissional de estúdio cuja guitarra empurrou as bases do que viria a ser chamado de "inglês" na linguagem elétrica.
Se a equação de Blackmore junta clássicos, blues e pegada, os tais dois solos funcionam como prova de conceito. Não é sobre velocidade; é sobre escolha de notas, ataque e clareza. E, na visão dele, é ali que a "guitarra elétrica inglesa" ganha contorno, e isso antes de ganhar palco, luz e textos de história.
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