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Paulo Baron: Quais artistas ele mais se orgulha de ter trazido ao Brasil?

Por Vagner Mastropaulo
Postado em 14 de dezembro de 2021

Perguntas: Vagner Mastropaulo / Isabele Miranda

Você deixaria o conforto de seu lar e pátria a fim de se estabelecer em outro país com língua diferente? Precisa de coragem e ela jamais faltou a Paulo Baron, o empresário à frente da Top Link Music, produtora especializada em shows de rock/metal na terra do... Samba! Além da bravura para investir em segmentos tão fora do mainstream, é necessário ter muita paixão pelo que se faz e ela sobra no mexicano radicado no Brasil desde 2001.

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Concluída a série de quatorze datas da turnê acústica Rocking Your Life envolvendo o vocalista Fabio Lione e o guitarrista Marcelo Barbosa, ambos do Angra, conseguimos um espaço na apertada agenda do cara responsável por fazer acontecer incontáveis apresentações em mais de três décadas de carreira, dentre as quais nomes do porte de Scorpions, Chuck Berry, Megadeth, Jerry Lee Lewis, Bruce Dickinson, Motörhead, Bon Jovi e Ronnie James Dio, citando artistas de estilos distintos.

A pauta? Como separar amizade genuína de puxação de saco; como lidar com saias justas; dicas a quem for à Cidade do México; sua contribuição ao Carnaval de Salvador; e mais! Confira.

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Seu livro, "Rocking All My Dreams", foi coincidentemente lançado na festa de trinta anos da Top Link Music no Tropical Butantã em 03/05/19 com shows de Massacration, Malta, Jesus Jones e uma mega jam do Angra com nomes consagrados do metal nacional. Passados dois anos e meio, quais suas lembranças do evento marcante? E há planos para uma revisão e ampliação da obra?

Paulo Baron: O lançamento do meu livro realmente foi uma coincidência ter sido junto do trigésimo aniversário da Top Link Music. Tentei juntar os dois eventos, pois algo tão memorável como passar trinta anos vivendo só do show business é realmente um evento para ser comemorado. Esse dia foi tão incrível que todos os músicos que participaram de diferentes bandas, como Angra, Jesus Jones, Massacration, Malta, Korzus, Dr. Sin, Torture Squad e Project46, todos tocaram sem cobrar cachê, simplesmente em respeito à minha história e sou muito grato por isso.

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Algumas semanas depois, em 30/05, houve também uma comemoração em Curitiba, onde a Top Link Music está baseada atualmente, no Hard Rock Café com as participações das bandas curitibanas Motorocker e Punkake, além do Angra. Houve a presença de muitos músicos, produtores, empresários e jornalistas e pude ver que, apesar de o show business ser tão selvagem no sentido da competividade, muitas pessoas reconheciam essa minha trajetória. Isso é mágico e único.

Sim, tenho a segunda parte do "Rocking All My Dreams" já bastante avançada, mas meu parceiro e grande amigo Emerson Anversa, que escreveu o livro comigo, está morando na Inglaterra. Nós conseguimos adiantar até um ponto em que realmente precisamos estar juntos e creio que isso só irá acontecer quando as fronteiras estiverem 100% abertas e o Covid tiver virado um passado trágico.

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Bons professores de jornalismo afirmam: "Editar é escolher!". Enfim, qual estória acabou não entrando no livro e você sente que deveria ter sido incluída, mas não houve espaço para ela?

PB: Quando comecei essa estória, não estava pensando que fosse se tornar um livro, mas sim um tema de auto-ajuda comigo mesmo, registrando, a pedido do Emerson, grandes momentos de minha história. Depois de alguns meses, tudo foi tomando tamanha proporção que ele me convenceu que deveria se tornar um livro e, nesse processo, já tinha andado quase até a metade.

Em vários momentos, quando você revisita sua história, percebe que algumas coisas ficam praticamente esquecidas em seu inconsciente para você seguir em frente. É um mecanismo que na psicologia se entende como uma válvula de escape que nosso cérebro tem para não desistir. Com isso, precisei cuidadosamente resgatar no fundo do baú algumas das memórias que eu tinha e, na maioria dos casos, não queria expor coisas mais privadas de algumas pessoas ou as minhas próprias.

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Isso se resolveu quando percebi que estava se tornando um livro que seria um momento de auto-ajuda para pessoas que se sentissem excluídas (possivelmente por não estarem felizes em suas profissões, seja um médico, advogado, engenheiro, arquiteto) vissem que se você segue seus sonhos, pode transformá-los em realidade e num método de viver. Com isso, posso falar que em mais de trinta anos no show business, consegui viver e pagar minhas contas só com o mundo da música.

Se deixei alguma coisa de fora, creio que irei colocar no próximo livro, como possivelmente me estender um pouco mais no relacionamento com alguns dos astros da música com quem convivi por mais tempo. E tentar tratar tudo como um método de caminhos para seguir na parte mais técnica do show business, algo que se encontre em conjunto com meu Congresso Rocking Your Life, voltado justamente a quem quer se tornar artista ou quer ser um empresário da música.

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A contracapa e as seis últimas páginas do livro trazem depoimentos de músicos renomados, entre eles, Stu Cook, baixista do Creedence Clearwater Revival, que diz: "É um grande prazer poder felicitar você e a Top Link Music pelo seu 30º aniversário e 10.000 shows produzidos". Isso gera uma conta simples de 333,33 shows por ano, quase um por dia! Esses dados são precisos ou houve certa inflacionada?

PB: Não posso falar com 100% de exatidão se foram 10.000 ou 9.000, mas há oito anos, num levantamento de nossa empresa feito por minha sócia, que é quem faz toda a parte de contabilidade e contratos, ela me disse que havíamos passado de 7.000 mil shows. Isso oito anos atrás. Pode ser que eu tenha exagerado para mais, ou até mesmo para menos. Não sei a quantidade exata, mas tenho esse número bem aproximado.

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O que, sim, posso falar é que fiz shows em mais de cinqüenta países, empresariei muitas bandas e produzi meus próprios shows em toda a América Latina e em vários países do mundo. E cada contrato assinado e realizado é de um show que aconteceu sobre nosso gerenciamento. Para quem não sabe, gerenciar um show não é apenas produzir o show naquele dia, mas sim cuidar de tudo que o envolve para ele acontecer: passagens de avião, passaportes, vistos, hotéis, alimentação e segurança. Então, mesmo não estando presente nesses 10.000 shows (ou 9.000 ou 11.000), esses contratos saíram de nosso escritório.

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Qual banda ou artista você mais se orgulha de ter conseguido trazer para se apresentar no Brasil? E, ainda nessa linha, quem ainda é um sonho você fazer vir tocar no Brasil?

PB: Sem dúvida, ter trabalhado, não apenas no Brasil, mas também em vários países da América Latina, com Chuck Berry e Jerry Lee Lewis, por terem sido os criadores do rock. Ter feito parte da história do Scorpions por sete anos, tendo produzido mais de cinqüenta shows da banda e, quando digo produzir, não falo de shows pequenos, mas sim de algo para 10.000, 20.000 e até 70.000 pessoas.

O fato de eles terem sido uma de minhas três bandas favoritas em toda a vida (e continuo escutando) e ainda por cima ter a amizade deles, poder conversar diretamente via WhatsApp, ter freqüentado suas casas e eles terem freqüentado a minha casa... E após tantos anos conhecendo uns aos outros e termos essa amizade, tudo isso indica que sou um profissional que conseguiu encontrar o equilíbrio exato entre amizade e profissionalismo, mas sempre deixando o profissionalismo em primeiro lugar, pois foi desta forma que conheci esses artistas.

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Eu me lembro de sentir que entrei mais uma vez para a história, com uma das idéias mais loucas que já tive (e olha que foram várias): ter imaginado que, em pleno Carnaval de Salvador, poderíamos ter na avenida, entre o trio elétrico de artistas populares como Chiclete Com Banana e Timbalada, um trio elétrico com Sepultura, Angra e Carlinhos Brown – ali no meio deles.

O Carlinhos Brown ter confiado em mim com essa loucura e ter convencido o povo de Salvador que o Carnaval era diversidade me fez me sentir um dos caras mais afortunados. E me ver em cima do trio elétrico, passando diante de mais de um milhão e duzentas mil pessoas na avenida durante oito horas, me fez sentir como se tivesse estado num sonho. Eu ainda me lembro de acordar no dia seguinte, ir ao aeroporto e me perguntar se aquilo tinha realmente acontecido. Não vamos esquecer que, no final das contas, sou um mexicano que mudou o jeito de se fazer Carnaval na Bahia!

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Como você enxerga o mercado do rock no Brasil e como faz para continuar resilientemente ativo, agradando um público seleto num nicho musical que não é preferencialmente o que o brasileiro gostar de ouvir?

PB: Eu me sinto muito grato e orgulhoso! Em todo lugar a que vou, seja uma praia ou um evento mais "nice", por assim dizer, sempre faço questão de mostrar que sou roqueiro. Isso é realmente algo genuíno em mim. Acredito que a cultura do rock identificou isso em minha pessoa e possivelmente me vêem não como um músico, mas não menos criativo e não menos artista. Costumo falar que faço música com meus negócios e se você pesquisar com qualquer banda que eu tenha empresariado, eles vão te falar que realmente sou um louco, que sonho com as coisas, mas que as faço se tornarem realidade e que para mim não existem limites... O limite está no cérebro!

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Então quanto mais pessoas consomem rock, seja todos os dias, como eu, ou esporadicamente, seja como pessoas como eu, que vão a um programa midiático de TV, para mim é uma vitória, pois sei que posso chegar a pessoas que, pela educação que tiveram ou por questões familiares, não tiveram acesso ao rock, e que uma ação ou decisão minha mudou a vida delas. Por meio do meu Congresso de Show Business Rocking Your Life, pude ajudar muitas bandas e futuros empresários a entender como funciona o meio.

E segundo relatos que tenho recebido das pessoas, isso já está rendendo frutos e há bandas que já estão fazendo turnês com maior visualização em seus vídeos e músicos que estão começando a chamar atenção do mundo do rock. Isso indica que o trabalho que fiz não foi apenas egoísta visando dinheiro e, sim, também tentando dar a mão às várias bandas que poderiam estar preparadas e acabaram dando certo depois de escutar uma assessoria/consultoria pessoal minha ou no Congresso – algumas inclusive me acompanhando nas redes sociais da @toplinkmusic.

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A quantidade de bandas que aparecem enviando seu trabalho às minhas redes sociais ou me buscando para abrir para uma banda ou fazer uma consultoria é de cinco a seis por dia, mas é lógico que nem todas estão preparadas, pois, no meio de tudo isso, além da arte, existe um fator financeiro e as bandas têm que entender como funciona a mecânica do show business e que não é suficiente apenas tocar bem, mas sim se entender como artista e empresário de sua própria música.

Tive a alegria e a honra de passar dez dias na Cidade do México em 2018 com um grande amigo, Martín Ernesto Russo, e o credito porque a viagem não teria saído do papel sem o esforço dele. Nosso foco era o Hell And Heaven, mega evento contando com mais de cinqüenta bandas, em 4 e 5 de maio, e estrutura próxima ao que se vê nos grandes festivais europeus. Por que o Brasil não consegue organizar algo desta magnitude voltado ao metal? Ou, pelo menos, o que falta para começarmos a pensar em algo assim grandioso?

PB: Tivemos vários festivais de metal no Brasil. Eu mesmo produzi o Live ‘N’ Louder Rock Fest se você se lembra. Teve também o Monsters Of Rock, que a Mercury Concerts fez em várias ocasiões. Mas ainda não se concretizou um festival com tantas bandas, como você vê na Europa, acredito que por um principal motivo: os artistas cobram em dólar e as passagens de avião são muito caras. Quando você está no México, o país está muito perto dos Estados Unidos e você encontra passagens de avião em valores que possivelmente nós pagaríamos para viajar entre duas cidades do Brasil. Os impostos no Brasil são muito altos e existe a meia-entrada, que complica para termos uma estimativa de quantas pessoas poderiam vir. Além disso, os patrocinadores não estão interessados em eventos de metal no Brasil. Portanto, fazer um evento dessa magnitude é uma coisa titânica, monstruosa.

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Além dos shows, outras lembranças para sempre estarão em minha memória: o aroma de farinha de milho vindo das barracas de rua vendendo taco (observado por meu amigo mencionado e em oposição às notícias de minha infância sobre o ar poluído na cidade); a calma beleza imponente das pirâmides de Teotihuacán; os murais de Diego Rivera, marido de Frida Kahlo, no Palácio Nacional; e o degustar de um mole, prato típico com chocolate no molho, e do mezcal, em vez da tão famosa tequila. Além dessas experiências, o que você indicaria a um turista brasileiro na capital mexicana?

PB: Nossa... Fico muito feliz com alguém se preocupando em conhecer a cultura mexicana um pouco mais a fundo. Como você pode ter percebido, nós, mexicanos, somos muito orgulhosos do nosso país e de nossas comidas. Sou da cidade de Guadalajara, mas a Cidade do México tem mil coisas para se fazer, vou listar algumas que me lembro de cabeça aqui:

- Conhecer Xochimilco, que é como se fosse uma Veneza mexicana, onde, num domingo, você passeia por canais numa gôndola escutando os mariachis tocando ao vivo;

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- Ir à Lucha Libre, ver onde começou toda essa tradição e comprar uma máscara de El Santo ou Blue Demon;

- Ir a Zócalo, sentar-se para tomar um mezcal ou tequila escutando os mariachis;

- Conhecer a Basílica da Virgem de Guadalupe, um dos lugares mais icônicos do México;

- Comer um de meus pratos favoritos, que se chama pozole e é feito de milho.

Enfim, mil coisas agradáveis para serem feitas e acredite: já levei artistas dos mais variados nomes para fazer esses passeios, como Scorpions, Dee Snider, Angra e Dio, entre vários outros que levei para conhecer esses lugares incríveis no México.

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Nos bastidores do show Rocking Your Life no Tom Brasil, você revelou a alguns poucos amigos uma passagem sua sobre ter sido indicado pelos finlandeses do Nightwish para ser empresário da lendária banda alemã Scorpions na América Latina. Como você encarou essa missão e o que isso te trouxe de lições para a vida?

PB: O aprendizado que posso levar é que você se torna bom quando se esforça para não cometer erros, pois quanto mais você sobe, mais fácil é cair. Quando você chega aos grandes artistas que estão na primeira fila do rock mundial, a perfeição no trabalho é o único caminho. Nós, latino-americanos, vivemos num mundo em que muitas vezes os relacionamentos profissionais não estão preparados para levar esse profissionalismo na íntegra e isso pode fazer com que sua caminhada se torne mais complicada e mais complexa.

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A auto-exigência se torna pior e não é à toa que todos esses anos me custaram uma fibromialgia. Andar com quatro telefones todos os dias, de segunda a segunda não foi fácil, mas foi um grande aprendizado. E agradeço ao Peter Amend, empresário mundial e advogado do Scorpions, por ter confiado em mim.

E também aprendi que vale mais a pena você se retirar no momento certo para não causar problemas em sua própria história construída e nem prejudicar a história que a banda criou. Afinal de contas, não estou nesse negócio apenas pelo dinheiro, mas também pelo tesão, que é o que me movimenta.

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

Em trinta e dois anos de existência da sua empresa, você já deve ter se deparado com pessoas que não tinham muita certeza de qual é sua real ocupação. Qual é a diferença entre ser empresário, manager e produtor no meio artístico?

PB: Sim, ao contrário de quando você tem uma profissão, estudou numa faculdade e se preparou para isso, vejo que muitas vezes as pessoas que fazem parte do show business infelizmente parecem não entender seu papel dentro desse universo conforme passam os anos. Primeiro, sempre faço o seguinte: entender a palavra "show business". O que ela significa? A tradução é: "negócios do espetáculo". E assim muitas vezes vejo artistas querendo tomar o lugar do empresário e, quando tentam, terminam quebrando a cara e levando suas próprias bandas para o buraco.

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Músicos que colocam seus namorados(as)/esposos(as) como empresários(as) e, quando isso acontece, os outros membros se sentem inseguros e a banda começa a se quebrar internamente, pois, de certa forma, o empresário(a) acabará sempre favorecendo o parceiro. É diferente quando o músico se junta a seu parceiro(a)/empresário(a) e criam um novo produto/banda, pois nesse caso já será assim desde o início e todos os membros estarão cientes de como será o trabalho.

Também vejo que aparecem, nesse meio artístico, pseudo-empresários e pseudo-promotores que não entendem como funciona o show business, apenas acham que contratar uma banda é ganhar na loteria, não estão financeiramente preparados e depois terminam acontecendo situações como vimos no passado com festivais e shows em que o promotor tentou fazê-los, não tinha respaldo financeiro e quem acabou pagando foram os fãs.

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Mas o certo na comunicação entre empresário e artista, e sempre defendo essa tese, é que o empresário necessita estar envolvido na parte artística que o músico está fazendo, pois, como sempre digo, o empresário faz música com os negócios e, se ele não está envolvido na parte criativa, não irá saber como vender ou posicionar um produto. E hoje, realmente, a escassez de empresários é muito notória. Portanto, as bandas que estão começando precisam entender como funciona o show business e cada membro de uma banda tem que ter um papel importante dentro dela.

Agora as perguntas mais difíceis, porém necessárias: fazer lives é uma faca de dois gumes. Vi um trecho de uma com você e o Regis Tadeu, com um engraçadinho perguntando a ele a respeito de duas hipotéticas novas músicas do Aerosmith. Ao vivo, vocês não sacaram se tratar de uma pegadinha, mas, se tivessem notado, como ter jogo de cintura ao perceber a zoeira quando algo bizarro assim acontece?

PB: Sou um cara que, quando estou no palco e em meu trabalho, sou muito estrito. Inclusive, mais para o estilo alemão do que para o latino. Mas quando estou num momento relaxado, até mesmo nas próprias lives em que estou participando, não gosto de me levar tão a sério, pois quero estar ali para dividir meu conhecimento. É claro que não permito que as pessoas me faltem ao respeito, mas essa zoeira é da natureza do latino-americano. Tanto é que, no dia seguinte, vi que isso se tornou um meme e o repostei em meu Instagram. Para mim, uma das coisas mais importantes da vida é saber curti-la, me divertir e não me levar tão a sério.

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E metendo de vez o dedo na ferida, como você faz para perceber e estabelecer diferenças entre quem realmente gosta de você e é, de fato, seu amigo e os bajuladores interesseiros, sempre dispostos a tirar algum tipo de vantagem devido ao seu prestígio na cena?

PB: Entendo que 80% das pessoas chegam perto de mim porque têm algum tipo de interesse. Mas tenho uma intuição muito aguçada e coloco limitadores escalonados de pessoas que permito que cheguem perto de mim. Por exemplo, há os amigos mais próximos que conheço há muitos anos e são os poucos que sabem onde moro ou que conhecem minha família. Há os amigos com quem gosto de sair, que fazem parte da minha sociedade de convívio, mas que ainda não permito entrar 100% em meu mundo privado.

Há os colegas de trabalho, que existem normalmente e pode ser que no transcurso do tempo possam se tornar amigos mais próximos. Há pessoas que sei que estão aí por uma troca de interesses, inclusive que eu possa me interessar por algo deles. E há os unicamente interesseiros e esses eu consigo eliminar antes de trocar algumas poucas palavras. Acho que é uma situação natural que veio a acontecer em minha vida depois de tantos anos trabalhando sempre nesse meio, afinal de contas quem não gosta de ganhar um ingresso para um show? E quem não gosta de ser amigo do chefe que é amigo dos artistas, né? [risos]

Mas tem uma coisa que é certa: qualquer pessoa, do meu amigo mais próximo ao interesseiro, tem que existir uma troca de duas vias, em que cedo um pouco e ele tem que ceder na mesma intensidade. Porque senão passamos a parecer bobos e se tem uma coisa que me irrita na vida é que as pessoas tentem me fazer passar por bobo ou que sejam mal-agradecidas. Há um grupo de pessoas que ajudei direta ou indiretamente nessa pandemia e algumas, quando necessário, estiveram atentas, e agora que tudo está voltando estão se fingindo de mortas. Mas não tem problema, eu me lembro de cada situação e só fico observando por qual caminho elas vão andar. É assim como cada pessoa vai escolhendo seus caminhos.

Finalizando, um clássico: como a pandemia te afetou diretamente, tanto em âmbito pessoal como profissional? O que ela trouxe de aprendizado? E, como alguém que coloca planos em prática, o que você tem em mente, em curto prazo, que já pode ser revelado? Ficam aqui os nossos agradecimentos!

PB: A pandemia me levou a entender que precisamos olhar mais de perto para nossos entes queridos e curti-los com máxima intensidade, pois pode acontecer que no dia seguinte eles já não estejam mais com você. Ela me ensinou a ter um pouco mais de paciência e controlar minha ansiedade. Sempre fui um cara que gostei de trabalhar com projetos de um ou dois anos e, de repente, ver que meus planos e projetos não podiam se concretizar me trouxe, sim, incerteza em minha vida.

Mas também me trouxe momentos fazendo coisas diferentes: fazia tempo que não meditava, que não viajava de moto e voltei a fazer essas coisas. Passei muito tempo na praia, simplesmente observando as ondas do mar, passei a me alimentar melhor. E quando percebi que estava engordando, foi quando consegui emagrecer e ter uma dieta regrada. Tive tempo de fazer coisas que nunca tinha feito, como, por exemplo, estar no canal do Regis Tadeu e entrevistar todos os astros do rock que eu conhecia. Isso me trazia uma emoção maravilhosa e me fazia sentir que estava contribuindo com algo na música. E assim pude entrar também na intimidade de muitos artistas.

Por exemplo, conversar com Paul Stanley e ele ter cantado as músicas que eu escutava quando era criança. Ou com Sammy Hagar e ele ter contato como mudou sua vida quando teve experiência com extraterrestres e me contar histórias de um dos meus ídolos de infância: Eddie Van Halen. Falar com Mike Patton em espanhol, português e dar tantas risadas com ele. Falar tão abertamente com Rob Halford sobre sua história e assim por diante. Tudo isso me fez sentir que estava contribuindo de alguma maneira com o mundo do rock.

Nesse mesmo tempo, criei o Congresso Rocking Your Life, que, como comentei, é para ajudar artistas a se tornarem os seus próprios empresários e buscar novos empresários para que dêem esse serviço ao mundo da música. Escrever uma parte da continuação de "Rocking All My Dreams" e até descobri uma veia de ator que eu nem sabia que existia em mim numa série de TV em que estamos trabalhando e que em breve sairá à luz.

Mas principalmente ter muita empatia com os seres humanos, valorizar as pessoas por serem únicas e entender que às vezes perdemos tempo com pessoas que não nos merecem e tiramos esse tempo de quem realmente amamos. E, por último, concretizei, em poucos meses, uma turnê que se encerrou hoje, 05/12: a Rocking Your Life Acoustic Tour, a primeira turnê de rock a passar por quatorze cidades diferentes do Brasil, com o nome inspirado em meu congresso e participação de Fabio Lione (Angra e Turilli/Lione Rhapsody) e Marcelo Barbosa (Angra e Almah). Então, quando olho para o que aconteceu na pandemia, parece que vivi mais uma vida paralela à minha.

Muito obrigado pela entrevista. Suas perguntas foram muito diferentes de outras que já fiz!

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Sobre Vagner Mastropaulo

Bacharel em Letras Inglês/Português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site como as melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)
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