Kissin' Dynamite: Uma mensagem para Geração "Adios" (entrevista)
Por Irina Ivanova
Fonte: Kissin' Dynamite Team Brazil
Postado em 04 de fevereiro de 2017
A banda Kissin' Dynamite da Alemanha é respeitada pelo mundo por trazer sua 'mistura' única de uma energia jovem, com profissionalismo, e a maturidade de uma banda muito experiente. Os músicos começaram sua carreira na adolescência e agora, com seus 24-25 anos de idade já têm cinco álbuns lançados. O grupo foi fundado na Alemanha, em 2006, quando os integrantes ainda frequentavam o colégio. Apesar de terem só 15 anos de idade naquela época, todos eles já tinham grande experiência tocando ao vivo, e participando de programas de TV que descobriram talentos como o Star Search, especialmente o vocalista, Hannes Braun.
O maior princípio dos músicos: ficar no âmbito do estilo tradicional, ao mesmo tempo, mantendo o espírito e peculiaridades de tempos contemporâneos. Com o seu mais recente trabalho 'Generation Goodbye', a Kissin' Dynamite fortalece essa identidade musical já com o som mais maduro e equilibrado. Para o seu quinto álbum, a banda escolheu um assunto muito atual refletindo sobre o mundo das tecnologias modernas, da Internet, globalização, das redes sociais e o afastamento da humanidade dos valores reais. Pela primeira vez na história da banda, o vocalista e o principal compositor Hannes Braun também assumiu o cargo do produtor.
Recentemente, tivemos uma oportunidade de conversar com o fundador, produtor, vocalista e o maior compositor da Kissin' Dynamite, Hannes Braun, e o seu amigo e parceiro, o baterista da banda Andi Schnitzer que está responsável pelas letras.
O seu novo álbum, Generation Goodbye, é um disco conceitual?
Andi: Sim, há um conceito definitivo no disco. Na realidade, no início não tivemos em mente gravar um álbum conceitual, isso aconteceu de uma maneira natural. Com o 'Generation Goodbye' estamos refletindo sobre a nossa geração e todas as coisas que à acompanham. Por exemplo, as redes sociais, Internet, globalização... Hoje em dia seres humanos têm oportunidade de receber muitos bens... além do mais, recebê-los de imediato e no final das contas parem de valorizá-los. E a gente diz: 'Hein! Vale apena viver o momento da sua própria vida, e o que isso não tem nada a ver com o desenvolvimento das tecnologias, etc'. É muito legal ter tudo isso à disposição, mas a verdadeira vida é muito mais do que apenas isso. E o nosso rock'n'roll lembra dos valores reais!
Quem foi o autor da ideia do título Generation Goodbye? Esse nome é bombástico!
Hannes: Normalmente, no próprio início, ainda antes de começar a compor, fazemos uma lista de possíveis nomes de faixas, como slogans, e toda a banda participa do processo. Depois escolhem os melhores títulos que nos pegam mais. Acho que a ideia inicial do 'Generation Goodbye' foi do meu irmão, guitarrista Ande Braun. Todo mundo gostou do título e criamos essa música ainda sem saber que ia ser o nome do álbum. A gente sempre permite a todos os integrantes participarem da criação e da composição, alguém contribua mais, outro contribua menos, mas afinal das contas é o trabalho que envolve toda a banda. Eu componho a maioria das músicas e o Andi Schnitzer escreve as letras. Mas a parte mais difícil pra nos é começar, e uma das melhores formas de começar o trabalho é imaginar nomes de músicas.
Acham que vocês são diferentes dos seus contemporâneos da mesma idade ou vocês fazem parte dessa 'Generation Goodbye' – geração 'adios'?
Hannes: TODAS as pessoas são diferentes, são individuais. Não gosto de comparar alguém com um outro! Acredito que tudo depende do estilo da vida que uma pessoa leva, e acho que não seria possível comparar duas pessoas tendo em vista apenas o fato que têm a mesma idade! É preciso levar em conta sua experiência, coisas boas e ruins que passaram na vida. Experiência negativa força uma pessoa se tornar mais adulta, então... afffff.... Sabe o que? Outros me dizem que eu devo ser mais velho do que sou... Talvez, é porque eu comecei a minha carreira muito cedo e sou mais experiente. Mas sou um ser humano, e realmente não sou diferente dos outros!
Vocês próprios estão viciados pelas redes sociais e gadgets?
Hannes: Não. Definitivamente, não estou viciado pelas redes. Sim, eu uso o Facebook para divulgar o meu trabalho, é muito bom porque por meio dessa ferramenta é possível espalhar informações, novidades entre meus fãs e amigos muito rápido. Mas no mesmo tempo é preciso estar consciente percebendo qual informação nas redes sociais seja útil, que informação seja uma bagunça. Mas isso não te faz um 'viciado'.
Como vocês criaram esse material? O que foi diferente em comparação com outros trabalhos?
Andi: A maior diferença foi o fato que pela primeira vez não tivemos um produtor externo. Hoje em dia, o próprio Hannes é tão apto por trabalhar como produtor que decidiu enfrentar esse desafio. Como resultado, estivemos livres, como nunca antes, quanto ao tempo para compor, e gravar, porque trabalhamos sozinhos e tivemos esse espaço. O trabalho começou imediatamente após a Megalomania Tour e tínhamos o menos tensão possível e trabalhávamos na maneira muito boa e bem relaxada.
Andi, essa faixa Everybody needs somebody to hate, ela está dedicada aos haters?
Andi: Bom, há duas 'mensagens' nessa música. A primeira fica na 'superfície'. 'Somebody To Hate' é simplesmente uma música pesada e divertida, com ela você pode fazer headbanging ou saltar durante o show imaginando pessoas que você odeia, seja o seu boss, seja sua ex-namorada... seja quem quiser. Assim você pode jogar pra fora suas emoções negativas. A gente usou o moto 'Everybody need somebody to love', só trocando a palavra love para a palavra hate. Acho que essa ideia é bem divertida, o Hannes que a trouxe. De outro lado, a música tem um sentido mais profundo. Estamos refletindo da geração 'adios' (Generation Goodbye), que passa todo o seu tempo nas redes sociais onde você tem oportunidade de ficar anônimo, quando nunca sabe quem você realmente é, e espalhar ódio sem notar, sem se preocupar se alguém esteja envolvido. Esse é o lado negativo do qual se trata nessa música.
Que música levou mais tempo e atenção pra criar?
Hannes: Utopia! É a música mais longa que gravamos, é a música mais épica e profunda na nossa carreira. Precisamos achar a aproximação emocional mais correta para revelar a ideia maior e fazê-la clara. A faixa está dedicada a um assunto muito contraditório - a corrida de touros. Normalmente, todo mundo está preocupado com o touro, acha que é muito ruim matar o touro, mas poucas pessoas tentam olhar do lado do toureiro. Ele pode parecer como um assassino dos animais que gosta do que faz, e é provável que alguns deles são assim. Mas nós refletimos sobre os dois – touro e toureiro como os personagens trágicos. O povo quer ver a luta até a morte de um deles, mas afinal das contas ambos odeiam isso. Eles são obrigados a continuar, não têm jeito de parar...
Como você pode avaliar o desenvolvimento do grupo desde o lançamento do primeiro álbum, 'Steel Of Swabia', em 2008, e especialmente, desde a saida do disco precedente – 'Megalomania' de 2014?
Hannes: 'Megalomania' – é um álbum muito importante para gente. Nós encontramos a nossa própria identidade com ele que não está baseada apenas na década de oitenta. O fato é que nós crescemos nos anos noventa e devemos aproveitá-lo, por exemplo, usar influências eletrônicas. Claro, que era um passo realmente importante para nós: entender o que queríamos fazer, e aquele álbum era a primeira tentativa verdadeira de fazê-lo. Mas a primeira tentativa nunca é ideal. Assim, agora encontramos a melhor combinação para expressar a nossa identidade, já com o álbum 'Generation Goodbye'. Decidimos diminuir a quantidade de elementos eletrônicos e voltamos um pouco mais à música dos anos oitenta. Acho que finalmente conseguimos o melhor combinação que é mais orgânico. E em geral, estamos muito felizes que estamos crescendo cada vez mais, que alcançamos mais e mais sucesso, tocamos nos palcos de maiores festivais.
Que bandas 'clássicas' do glam metal e hard rock são suas favoritas? Em quem vocês ficaram mais inspirados?
Andi: Guns'n Roses, Mötley Crüe, Aerosmith, AC/DC, Iron Maiden, Scorpions. Com certeza, cada um tem suas preferências, mas falando dos clássicos, esses são os mais importantes pra todos nós.
Qual é a situação com o sleaze metal, glam no seu pais hoje em dia? Você prefere se chamar como uma banda do sleaze/glam ou seria melhor definir o Kissin' Dynamite como hard rock?
Andi: Era justo só para o álbum 'Money, Sex and Power' de 2012. Sim, estamos inspirados por várias bandas que tocam sleaze e glam, mas não apenas por elas. Por isso, não somos uma banda do sleaze. Não queremos nos limitar pelos clichês desse gênero. Temos também muitos elementos do hard rock e heavy metal nossa música, além das influências modernas e eletrônicas. Combinamos tudo isso para criar algo o que chamamos como o Kissin' Dynamite. O que me faz muito feliz em relação disso é o fato que em muitas resenhas para o 'Generation Goodbye' os jornalistas acham que temos o nosso único som do Kissin' Dynamite. Acredito que é a melhor coisa que uma banda pode alcançar. Afinal das contas, não é tão importante como os outros chamam nossa música… Só escute e conheça, talvez, vai gostar!
Existem diferenças entre o hard rock da América do Norte e Alemanha? Seria possível de dizer algo novo nesse estilo?
Andi: Claro que há diferenças porque são países diferentes com suas identidades e sua história. Mas não é preciso prestar tanta atenção nisso, você só gosta de um estilo ou não. Por exemplo, o nosso Rammstein é muito popular nos Estados Unidos porque eles trazem pra lá o que eles não têm. E da sua vez, Steel Panther é bem grande na Europa porque eles trazem a sua identidade americana com um senso de humor muito especial, etc. É um dos motivos porque não somos uma banda do glam: não temos essa sensação que têm bandas dos EUA e não queremos apenas imitar.
Passamos os tempos de quando muitos lendas do rock estão falecendo ou simplesmente terminam sua carreira como Motley Crue. Alguns monstros do rock, como Aerosmith, estão em suas turnês da despedida. Você acha que bandas da 'Geração Adios' (Generation Goodbye) podem substituí-los ou rock'n'roll vai morrer?
Hannes: Espero que possam! Estamos jovens, repletos de ideias e energia. Sim, é muito triste que as lendas do rock vão embora... Mas fazer o que? É uma das partes da existência humana, todos nós vão parar e falecer um dia... Há dois caminhos para enfrentar. Você pode dizer algo tipo Оh, meus heróis estão morrendo e o meu gosto musical também!. Ou: Agora vamos dar uma chance para bandas jovens! Estamos esperando por a segunda escolha. Já envolvemos muitos fãs na nossa torcida, mas queremos mais! Claro que não queremos que todas as lendas morram logo para liberar espaço pra gente, pelo contrário! Demais os apreciamos, estamos muito tristes que eles acabam, mas é uma coisa natural. É sempre difícil de perder! Mas é preciso seguir e olhar pra frente.
Você acha que seria possível salvar a Geração Adios? Pode ser feito pela música?
Hannes: Não acho assim, porque não somos pessoas que fazem esse mundo melhor. Somos músicos! Sim, temos o que dizer. É assim como: temos um espelho em nossas mãos onde cada um pode ver a si mesmo. Mas é tudo que podemos fazer. Talvez, isso possa ajudar mudar algo nesse mundo, por que olhando no espelho as pessoas podem perceber que tem algo errado. Mas se quiséssemos fazer e alterar algo REAL, precisaríamos se tornar políticos, mas não queremos isso! Assim, só contam pros outros sobre a nossa geração, e eles podem decidir – mudar algo ou não. Somos apenas cinco garotos. E as mudanças reais acontecerão só quando a maioria tomar decisão de alterar algo!
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