Cirith Ungol: uma entrevista com a lenda viva
Por Ivison Poleto dos Santos
Fonte: Clrvynt.com
Postado em 13 de novembro de 2016
Dizem por aí que lendas nunca morrem! Talvez seja a mais puta verdade! Após um hiato de 25 anos, o Cirith Ungol, a melhor pior banda de metal do mundo, retornou aos palcos no dia 08 de outubro em sua cidade natal, Ventura na Califórnia.
Chris Corry, da página Clrvynt, conseguiu uma entrevista com Tim Baker, o seminal vocalista da banda.
Rolou de tudo nesta conversa. Há momentos de pura poesia e comoventes, mesmo para o headbanger com o coração de pedra que não se emociona por nada, ou talvez com um álbum do Death. Cito três que me trouxeram a lágrimas: quando ele mencionou que a banda NUNCA havia excursionado, nem mesmo até a costa leste dos US of A; quando foi relembrado do Battle Of The Bands que eles não ganharam, ficando em segundo lugar para uma banda de música de consultório de dentista (como ele mesmo diz) e, quando menciona que a banda sabia da horrorosa menção da Kerrang.
Bom, deixo com vocês as suas conclusões. Mas posso adiantar que às vezes perder é ganhar, pois passados mais de 30 anos a banda ainda relembrada com carinho por uma legião de fãs, e quanto à banda que ganhou o concurso... Ora, deixa para lá.
Aqui vão os melhores momentos da entrevista...
Quando você se tornou o vocalista da banda, como ela estava naquele momento? Estou curioso sobre o pedaço não documentado já que vocês estão na estrada há muitos anos.
Eles faziam todo o tipo de demos e coisas do gênero. Eu e o Rob estávamos lá contando tudo o que eles gravavam nas demos e dando ideias para as músicas mesmo antes de entrarmos para a banda. O cantor da época sumiu e eles tentaram vários caras antes de mim, mas como eu já ajudava o Rob com os vocais nas demos, eu acabei sendo o cantor. Ou vocalista. Eu não sei bem se sou o cantor...
Você tinha uma voz bem única para a época. O que você pensou quando eles disseram: "Bem, este é o cara!"?
Não fui realmente uma unanimidade. [risos] Você sabe como é - as pessoas amam ou odeiam o que eu faço. Mais ainda no início. Eu tinha a voz mais esganiçada ainda naquela época. Eles estavam procurando algo único.
Existe uma história infame sobre como você financiaram a gravação de Frost And Fire. Parece que vocês ganharam algum dinheiro em um festival de bandas.
Não, nós não ganhamos o festival. Fomos os segundos depois de uma banda que tocava algo como música de consultório de dentistas, mas o prêmio foram algumas horas de gravação no estúdio Goldmine, onde acabamos fazendo todos os nossos discos. Um dos juízes era o dono do estúdio. Era o momento de fazer algo, então pegamos este tempo mais algum dinheiro que tínhamos para financiar tudo. Eu acho que este festival acabou não sendo tão ruim assim.
Em quanto tempo vocês gravaram Frost And Fire?
Demorou pouco porque foi autofinanciado porque teríamos que conseguir mais dinheiro se não fizéssemos naquele momento. Levou algumas semanas, não mais que isso. Tínhamos as músicas e elas já estavam prontas quando fizemos as demos em nosso estúdio caseiro. Então já sabíamos como elas ficariam. Etão estávamos em um estúdio de verdade - na época de 16 canais - e tudo já estava pronto. Foi só o trabalho de escolher as músicas e prepará-las.
Bom, não vamos nos enganar: Frost And Fire é bem pesado, mas comparado ao King Of The Dead, você percebe que a banda atingiu a sua sonoridade clássica. Como foi o processo de um para o outro?
Bem, foi quase o mesmo, pois já estávamos fazendo gravações caseiras por uns anos, então sentíamos confortáveis em um estúdio e, além disso, ensaiávamos a metros do estúdio de gravação. Na verdade ajudamos a construir parte deste estúdio. O cara que era dono de gravação alugava onde ensaiávamos, portanto éramos como uma família. Então, quando tínhamos dinheiro e havia tempo disponível, íamos e lá e arrumávamos isso, terminávamos aquilo. Estamos de volta ao mesmo estúdio agora onde costumávamos ensaiar. Bem na frente de onde gravávamos os nossos discos. É bem estranho, mas bem legal também. Não mudou muita coisa e existe bastante história por lá.
Eu vi um vídeo onde a banda entram te carregando dentro de um caixão na época do King Of The Dead. Foi algo que fizeram sempre, ou foi só para aquele show? Acho que foi numa abertura para o Stryper.
Foi coisa de um show só. [risos] Aqueles caras queriam que eu fizesse aquilo no Frost And Fire Festival, mas eu disse "Não, eu não vou fazer isso!" [risos] Foi algo que fiz só para aquele show.
Você acha que a imprensa gostou do King Of The Dead quando saiu? Estava acontecendo muita no metal naquela época. Era a época das bandas farofas, do thrash, e vocês estavam no meio de tudo aquilo. Voltando no tempo e olhando a imprensa daquela época, vocês tinham uma certa cobertura, mas como vocês se sentiam?
Bom, é, como você quiser. Nos começamos muito tarde para os anos 1970 e muito cedo para os anos 1980. Então, tínhamos alguma cobertura, e algumas pessoas realmente gostavam do que fazíamos, mas fomos desprezados por muita gente, sabe. se você olhar para algumas reportagens, uma delas dizia que éramos a piro banda de metal da história, do que usávamos como uma medalha de honra. Bom tivemos boa e má cobertura. Estávamos na Europa, em revistas como a Kerrang! e outras, mas era muito difícil atrair a atenção no meio de todas aquelas bandas de hair metal. Tocávamos em Los Angeles com bandas como o Stryper, o Ratt e era muito difícil. Mas era o que tínhamos que fazer: Tocar para os fãs e tentar conseguir que eles nos seguissem. Fico muito feliz em saber que existe um mercado para o metal clássico hoje em dia. É maior do que foi no passado. É chocante e ao mesmo tempo legal.
Vocês excursionaram nos anos 1980?
Não. Não tivemos o gerenciamento de carreira ou o apoio. Nunca tivemos dinheiro para isso. Tocamos ao longo da costa oeste, Cidade do México, mas nunca fizemos uma excursão completa.
Então vocês nunca foram à costa leste?
Não, nunca. Bom... talvez... não faremos uma excursão completa desta vez, mas queremos ir até lá. Nós fizemos o festival e vamos para a Alemanha em abril, porém acho que nós nos veremos por lá algum dia. As cartas ainda estão na mesa!
Você deve se sentir vingado em relação ao álbum Paradise Lost. Não vou entrar na história toda, mas foi uma parte muito triste da história da banda. Na realidade o álbum nem foi lançado, a banda se separou durante as gravações. Ficou fora de catálogo por muitos anos, mas agora foi relançado e lançado em vinil pela primeira vez, e, finalmente vocês estão tendo o reconhecimento que merecem. Como é isso?
Bem, é legal, mas para mim nunca foi deprimente. Eu considero o álbum o melhor que já fizemos e o que soa melhor em termos de qualidade sonora. Portanto, eu tive nenhum problema com o álbum em si, mas a gravadora e todos os problemas durante a gravação foram as coisas que encheram o saco. Não quero falar sobre isso. É muito bacana que ele saiu em vinil pela primeira vez e vem com todos os extras. Tomadas extras e um poster e encarte gigantes. Tudo foi remasterizado e é realmente sensacional. Não vou dizer que é uma vingança porque parece muito amargo. Só estamos muito felizes que ele finalmente teve o lançamento que merecia e que vamos escutá-lo como deveria e como ele deveria ser visto. Eu recebi o vinil e dei uma olhada na capa! Não poderiam ter feito um trabalho melhor.
Ouvi falar que vocês estão pensando em novo álbum.
Realmente gostaríamos! Não há nada que nos impeça. Estamos ensaiando e fazendo todas as coisas que trazem os shows, e por enquanto... bom, estamos trabalhando em algo. Nós podemos revisitar algum material antigo e inédito. Então, estamos considerando gravar um novo álbum - é algo que queremos fazer ano que vem. Vamos ver o que acontece. Não posso falar por qual selo ele sairia ou coisas do gênero. Mas no momento estamos realmente aproveitando tudo isso e indo para lugares que nunca fomos. É muito bacana que tudo deu certo e pudemos voltar como banda. Nunca pensamos que aconteceria de novo. Eu nunca pensei..., O Rob nunca iria tocar numa bateria novamente enquanto vivesse desde quando nos separamos em 1992. Não somos velhos ainda, então queremos sair e fazer isso enquanto podemos e enquanto ainda é divertido.
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