Dead Fish: explicando em entrevista o seu posicionamento de Esquerda
Por Fila Benário
Fonte: Fila Benário Music
Postado em 20 de março de 2015
As declarações da banda Dead Fish, nas redes sociais, acerca do seu posicionamento político de esquerda, tem causado muita polêmica e uma série de divergências. No último domingo (15/03), a banda se apresentou na cidade de Jundiaí, e deu uma entrevista ao blog musical "Fila Benário Music", e falou justamente sobre essa polêmica. Leia a seguir trechos da entrevista:
Na época do lançamento do DVD de 20 Anos de carreira, o Rodrigo deu uma entrevista dizendo que o próximo de álbum de estúdio da banda estava com uma sonoridade ainda a definir, já que ele queria algo bem Hardcore, e o restante da banda queria algo mais trabalhado. Ouvindo hoje o Vitória, se nota um grande álbum de Hardcore, será que pelo fato dele ser um álbum financiado pelos fãs, que em sua maioria é fã do Dead Fish tocando Hardcore, foi uma forma da banda agrada-los?
Rodrigo: Não cara, o disco saiu porque deveria sair assim
Alyand: Todos os nossos discos são feitos para a banda, tirando o Um Homem Só que foi uma coisa mais estranha como eu te falei antes, todos os outros discos são feitos pra banda, o que me agrada, o que agrada ao Rodrigo, o que agrada ao Rick e o que agrada ao Marco. É meio estranho falar isso, mas estamos sendo honestos, a gente não faz nada pra agradar ninguém.
Rodrigo: Talvez por isso a gente não seja maior, fazer parte desse joguinho de: "Ah meus fãs, eu adoro vocês, vocês são a minha vida, vou cheirar pó e vou me matar", entendeu? (risos).
Será que é por isso que não tem espaço na grande mídia para vocês? Vocês teriam pretensão de um dia voltar a tocar na rádio para grande massa?
Rodrigo: Isso tinha que ser pra todo mundo cara, a gente como brasileiro tem essa mania sudarca horrível de achar que a rádio é pra poucos, que a televisão é pra poucos, que o jornal diário só pode dar tais informações. É pra todo mundo cara, as ondas do rádio são pra todos, se você não tem direito o acesso a ela você tem que dar um jeito de arrumar roubando, baixando, pirateando…
E quanto ao Dead Fish na grande mídia, a gente nunca teve essa intenção, durante o tempo que estávamos na gravadora (Deck Disc), ela queria ganhar uma grana, porque a gravadora queria fazer alguma coisa, eu era tipo o chatão que dizia "puta a gente vai ter que ir naquele programa chato? Puta aquele baita apresentador péla saco que não entende nada do que eu to fazendo", e os caras me diziam: "você está sendo bobo, conservador, você está deixando de dar um passo a frente", é um argumento sabe, era um argumento. Mas o meu argumento é que: "toda informação, toda cultura, toda música, toda arte, tudo de tudo, todas as pessoas tem que ter acesso", talvez isso seja um dos grandes motivos da gente não submeter a essa minoria que detém a grande maioria da difusão da informação no Brasil. A gente está vivendo hoje dia 15 de março de 2015, um grande boom midiático, não que o governo Dilma e a esquerda, no caso a esquerda estabelecida, seja uma coisa boa, não é, é uma merda, eles cagaram no pau, fuderam tudo, a gente vai viver dez anos de muito conservadorismo, mas a gente vive um fenômeno midiático e quem plantou esse fenômeno não foi a população, não foi a maioria. Foram cinco pessoas, ou dez caras, os caras da Veja, os Marinhos (donos da Rede Globo), e o povo compra fácil, porque o Brasil não é Síria, e ainda não é a Ucrânia, mas pode vir a ser.
Rodrigo, aproveitando a oportunidade, eu gostaria de perguntar sobre um fato que aconteceu na semana passada, às vésperas do lançamento do Vitória no Hangar 110?
Rodrigo: Ih cara, isso vai virar polêmica.
Vai dar polêmica mesmo, posso fazer essa pergunta?
Rodrigo: Claro, por favor.
Você publicou no evento criado do show no Facebook a seguinte frase: "o Dead Fish é uma banda de Esquerda, pra Esquerda e da Esquerda. Se você é de Direita e cola nesse role, deve ter algo meio errado com você…", e a publicação deu muita repercussão, eu gostaria que você falasse a respeito disso.
Rodrigo: Eu não li a repercussão, mas eu odeio ter que me explicar, é extremamente desagradável, principalmente para fãs que são muito péla saco, mas me explicar é terrível porque, quando eu falo direita, eu falo do cara racista, homofóbico, preconceituoso, que tem preconceito de classe, nacionalista babaca, paulistano bandeirante. Puta meu, eu vi gente do meu bairro, eu moro em Perdizes (SP), dizendo: "Eu sou bandeirante", ai eu olhava e falava: "caralho, você veio de toda sífilis mesmo?", pensava alto né? Não podia falar senão ia tomar um pau.
Mas cara, quando eu falo que é uma banda à esquerda, eu provavelmente sou o cara que tem mais leitura esquerda aqui, o Alyand ele veio da classe trabalhadora, provavelmente não precisa nem provar que é esquerda. Eu vim da classe média, então eu li muitas coisas da esquerda. Quando eu falo esquerda, é o contrário do cara racista, homofóbico, preconceituoso de classe, que quer uma república temente a Deus e não uma república leiga e que tenha um senso de estado forte, entendeu? É sobre isso que eu falei: "se você é da direita, não apareça, não faz sentido você ouvir o Dead Fish, se você pensa assim".
Alyand: Estamos falando da direita de verdade, não a direita política. A direita viva
Não à direita Aécio Neves né?
Rodrigo: Cara a direita é a Dilma, o Aécio é à direita da direita. A Dilma não é uma presidente de esquerda, ela é uma presidente de centro direita, cara. Ela tem um acordo político e várias facções do PT tem um acordo político de centro direita, desde sempre. Os caras falam: "o Rodrigo vota em tal partido…", eu não voto cara, eu não voto desde a primeira eleição do Lula, que a gente tava em João Pessoa (PE) fazendo um show. Ninguém tem mais título de eleitor aqui, estamos mais a esquerda ainda. É mais pra lá galera, é mais pra lá. Foi isso que eu disse na frase.
Leia a entrevista completa no link:
https://fbenariomusic.wordpress.com/2015/03/17/fila-benario-entrevista-dead-fish/
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