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Arandu Arakuaa: entrevista para revista da UNB

Por Jakline Costa
Fonte: Página Oficial Arandu Arakuaa
Postado em 28 de janeiro de 2015

Tivemos a honra de contribuir para um trabalho escolar da Ana Carolina, estudante do Curso de Museologia da UNB (Universidade de Brasília). Como a entrevista só foi disponibilizada em formato impressão pelo Revista UNB iremos compartilhar na íntegra por aqui

Ana Carolina - Qual o porquê de terem montado a banda?

Nájila - Buscava fazer parte de uma banda e me identifiquei com a ideia, cantar e ao mesmo tempo resgatar nossa cultura passa a ser bem mais interessante que somente cantar.
Zândhio – No caso do Arandu Arakuaa era/é se expressar artisticamente divulgando as culturas dos povos indígenas do Brasil.
Adriano - Talvez pela não conformidade do que sempre vimos e ainda vemos, queremos fazer algo diferente e do nosso jeito.

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Ana Carolina - Quais as influências?

Saulo - Cada integrante tem uma escola bem diferente em termos de Rock, mas em comum temos paixão por música brasileira desde Vaquejadas, baião, catira, cantigas indígenas, Zé Ramalho, Nação Zumbi, Jorge Ben Jor, Alceu Valença, Almir Sater...
Adriano - As mais variadas possíveis, desde metal extremo até músicas regionais interioranas, perpassando sempre pelo rock/metal.
Nájila - Sou influenciada principalmente por sabe o poder que a música exerce sobre mim e sobre quem me ouve. Certamente não cantaria letras que traz em seu contexto algo que eu não concorde.

Ana Carolina - A banda tem um ideal? Qual?

Saulo - Sim mostrar a importância da nossa cultura que por muitas vezes subestimada. Um mergulho nos elementos indígenas, regionais e folclóricos.
Adriano - Propagar a cultura indígena, o regionalismo desse nosso Brasilzão aí e o rock.
Nájila -Certamente, principalmente sobre a questão de respeito à diversidade, em um mundo onde o que se ver a todo instante é a padronização do comportamento humano aquele que não se identifica com essa padronização acaba sofrendo retaliações e isso vem de séculos. Arandu Arakuaa busca resgatar nossas origens, mostrar e esperar que sejam respeitadas todas as culturas e povos existentes.

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Ana Carolina - Acreditam que a música de vocês tem alguma projeção social? Qual(is)?

Nájila - Sim, tolerância para com a diversidade, busca do conhecimento e conscientização sobre a importância dos povos indígenas.
Adriano - Sim, acreditamos que vamos além da projeção estamos na prática do social. O fato de cada membro da banda ser de uma região do DF e do país já nos mostra social e cultural diversificado. O fato de tentarmos colocar o regionalismo do Brasil, que muitas vezes, é sucumbido pelo mercado já é social e assim por diante. Queremos mais e estaremos sempre abertos ao social.

Ana Carolina - O que é o rock para a banda?

Adriano - O rock é a base e linha condutora para a nossa criatividade e trabalho.
Nájila - O rock para mim é um estilo de vida e tem que ter atitude para ser um roqueiro, tem que ter o sentimento de revolucionar, porque o rock em si foi uma revolução mundial, nos primórdios do rock quebraram padrões e geralmente os roqueiros pensam na mudança para o bem comum.

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Ana Carolina - Como entendem a indústria / mercado do rock hoje?

Nájila - Empresários investem em bandas comerciais, Arandu Arakuaa vem da periferia se mantém com a dedicação e investimento de todos os integrantes, se um dia conseguirmos alcançar o sucesso com certeza não foi pelo mesmo caminho que muitas chegaram lá.
Adriano - Uma industria/mercado "fechada" e bem difícil de entrarmos nisso tudo, até mesmo devido a diversidade do som da Arandu, mas o fato é que tentamos transgredir isso sempre, essa é a nossa motivação.
Zândhio – A grande maioria dos "investidores" da indústria musical hoje são um bando de bundas moles, não arriscam, subestimam o público, não tem sensibilidade artística e não entendem porra nenhuma de música. Somos abertos a qualquer parceria que respeite nossa arte, mas não esperamos por ninguém. Tudo que conseguimos até hoje foi por mérito próprio e quando conseguimos já víamos merecendo há bastante tempo.

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Ana Carolina - Brasília tem muita relevância no contexto do rock nos anos 80. Hoje, ser daqui, da capital, facilita ou atrapalha em algo? Ou essa lógica não existe?

Adriano - Para o som da Arandu Arakuaa talvez até dificulte (risos) uma vez que o rock de Brasília é algo quase engessado, daí uma banda que tenta trazer uma temática, um estilo diferente, outras inspirações seja muitas vezes "colocada de lado" em eventos, por exemplo, mas o ideal é transgredirmos, sempre!
Nájila - Tenho orgulho de dizer que somos de Brasília, mesmo com toda dificuldade que enfrentamos para divulgar nosso trabalho. Grandes bandas surgiram de Brasília somos mais uma.
Zândhio – Eu acho que a coisa dos anos 80 ou até mesmo dos Raimundos (que sou fã) nos anos 90 não tem mais impacto positivo ou negativo na cena atual do DF ou da forma como as pessoas lá fora veem as bandas daqui. O underground sempre resiste a essas questões de mercado e até agora não vi banda das cidades satélites ou do entorno do DF ter um grande destaque a nível nacional. Então, se um dia tivermos uma grande repercussão não teremos qualquer associação com essas bandas populares de Brasília.

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Ana Carolina - Qual a opinião da família a respeito da carreira musical?

Nájila - Não é surpresa para eles já que a música sempre fez parte da minha vida, todos me apoiam.
Adriano - A carreira musical traz sempre interrogações e não é nada fácil, quando temos o apoio/auxílio da família as coisas tendem a facilitar, na Arandu Arakuaa de uma forma geral, temos esse apoio.
Saulo - Em casa tenho total apoio.
Zândhio – Só me envolvi com banda quando já morava distante da família e sempre gostei das coisas bem separadas na banda, trabalho e família, no entanto eles apoiam, talvez por terem ciência que a música que faço tem um propósito maior do que apenas diversão.

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Ana Carolina - Qual a resposta do público?

Nájila -A cada dia sou surpreendida com gestos de carinho palavras de apoio, criticas construtivas de todos os seguimentos do rock e diversas idades, agradeço a todos.
Adriano - Sempre é muito boa, positiva e dinâmica. A galera de hoje em dia está sujeito há diversas informações e bandas e aquela que tenta se sobressair e realmente possui atitudes profissionais consegue uma boa resposta do público e é isso que tentamos fazer, fazermos tudo isso pelos nossos fãs.
Zândhio – As manifestações de apoio vão desde apreciadores de rock, MPB, indígenas, ambientalistas, pessoas da literatura, quadrinhos... Isso nos emociona bastante porque esse sempre foi nosso objetivo.

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Ana Carolina - O que acham da internet hoje? Como ela influencia o trabalho?

Adriano -A facilidade de comunicação é estrondosa nos dias de hoje e a internet propaga esse essas informações e traz um dinamismo muito grande a tudo que acontece. Hoje temos como principal forma de contato com os fãs, mídia e mercado musical, a internet, portanto, influencia e muito o nosso trabalho.
Nájila -A internet facilitou bastante a divulgação do nosso trabalho, através de blogs e sites todos que se interessam no trabalho da banda consegue se manter informados e nós trabalhamos em sempre trazer novidades para o nosso publico.

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Sobre Jakline Costa

Formada em química, atualmente envolvida com qualquer tipo de trabalho literário. Meu primeiro contato com o rock foi por volta dos 12 anos de idade, quando fui em uma loja e comprei sem ao menos conhecer, uma camiseta do Iron Maiden. Chegando em casa meu tio todo orgulhoso ficou decepcionado ao saber que mesmo com a camiseta não conhecia nenhum som da banda e a partir daquele momento o objetivo de vida dele foi me ensinar os caminhos do rock. Graças a ele hoje conheço de Iron a Led e tenho todas as minhas influências musicas. Obrigada tio.
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