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Voivod: "Barack Obama está fazendo uma guerra robótica"

Por Diego Camara e Pedro Zambarda de Araújo
Postado em 01 de maio de 2014

Críticos ao abordar política, tecnologia e ficção científica em suas letras, os canadenses do Voivod toparam conversar com o Whiplash.net sobre suas opiniões musicais, sobre rock e metal e os 30 anos do primeiro disco deles "War and Pain" (1983).

A banda é formada atualmente por Michel "Away" Langevin (bateria), Denis "Snake" Bélanger (vocais), Jean-Yves "Blacky" Thériault (contrabaixo) e Daniel "Chewy" Mongrain (guitarra). O Whiplash conversou com exclusividade com Michel, dono das baquetas e fundador do Voivod, que consegue misturar um thrash metal rasgado com a sofisticação do rock progressivo mais clássico.

Confira a entrevista:

O primeiro album da banda, chamado "War and Pain" completará 30 anos em setembro deste ano. Como foram as transformações do VOIVOD durante estas três decadas?

Tem sido uma longa caminhada! Eu diria que nós começamos bastante thrash, com muita pancada mesmo, e quando nós começamos a aprender sobre nossos instrumentos, fomos nos tornando mais e mais progressivos. Depois do "The Outer Limits" (1993), nós ficamos mais progressivo em nossos álbuns. Acabamos sentindo falta de nossas boas e velhas raízes nos anos 90 e, então, voltamos para o thrash metal. Em 2001, nós tivemos uma nova formação com Jason Newsted, marcando uma aproximação da banda com o stoner rock, porque ele toca muito como Geezer Butler (BLACK SABBATH). Agora, com Chewy, nosso novo guitarrista, temos uma união de tudo o que já fizemos.

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Como foi o início da banda, ao fazer um metal progressivo pesado com temas e conceitos de guerra, violência e tecnologia no Canadá? O país trouxe inspirações quando vocês compunham?

Nossas principais influências vieram da música da Inglaterra, como IRON MAIDEN, JUDAS PRIEST, MOTÖRHEAD. No Canadá, ANVIL, EXCITER, RAZOR… todos eles tiveram uma grande influência para nós. O rock progressivo além do clássico era bastante popular na época para nosso grupo, não apenas nas músicas de YES, GENESIS e PINK FLOYD, mas também VAN DER GRAAF, KING CRIMSON e GENTLE GIANT. Já os conceitos da ficção científica em nossas músicas eu diria que vieram do RUSH, que também foi uma grande tendência para a banda.

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Quando vocês unem o thrash metal com o rock progressivo, isso não soa um pouco contraditório para várias pessoas? Por que não soou contraditório para o VOIVOD?

Porque nós escrevemos as músicas pensando que todo mundo conhecia o rock progressivo. Foi em meados dos anos 80 que nós começamos a fazer turnês com o CELTIC FROST, KREATOR. Lá nós descobrimos que ninguém conhecia VAN DER GRAAF GENERATOR fora de Quebec. Mas nos anos 70 eles eram realmente populares de onde nós somos, então havia um monte de bandas de rock progressivo no Canadá. Por isso, foi natural unir BLACK SABBATH e MOTORHEAD com KING CRIMSON, com influências do RUSH.

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Para vocês, como está o atual cenário do heavy metal? Ele precisa do progressivo para continuar se renovando?

BARONESS e MASTODON são bandas com um tipo de som que nós realmente gostamos, mas eu gosto mais do metal oldschool, especialmente de IRON MAIDEN e MOTORHEAD, mas também TANK, RAVEN, SAXON. Gosto de metal progressivo e até do metal industrial, como MESHUGGAH e FEAR FACTORY. São vários tipos de música que gosto. Já das bandas novas novas mesmo, eu diria que o Blacky (o baixista do Voivod) entende mais da nova cena. Eu sou do velho heavy metal (risos).

Há muitas bandas atualmente utilizando elementos progressivos no heavy metal, como MASTODON, TOOL, entre outras. Você pensa que este é um caminho para o heavy metal, tornar-se mais e mais complexo e buscar elementos cada vez mais de fora?

Sim, penso que o metal progressivo, que iniciou bastante do rock experimental, é realmente interessante. Também temos que ficar de olho em gêneros como o drone metal, que tem como representante a banda de Seattle SUNN O))).

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Você acha que ainda há algo faltando no estilo do heavy metal atualmente?

Não, porque, desde o thrash metal, as pessoas começaram a ter uma atenção maior às novas causas, como o meio-ambiente e a destruição da Terra. Ao tocar sobre armas de alta tecnologia e poluição, acho que o thrash metal é muito relevante. Jovens hoje ouvem DESTRUCTION, KREATOR e NUCLEAR ASSAULT. Já as novas bandas estão cada vez mais atentas à situação perigosa neste planeta, que está prestes a explodir.

Com todos os problemas que o mundo vem passando, você acha que bandas que tocam sobre a Guerra como VOIVOD são cada vez mais necessárias?

Se eu for para o meu quarto agora e ligar a TV, provavelmente verei as tensões na Ucrânia. É sempre estressante para mim, pessoalmente, e penso que seja também estressante para muitas pessoas ver as notícias atualmente. No passado tínhamos Chernobyl e agora temos Fukushima, sabe... São sempre os mesmos problemas mais e mais uma vez, como se a humanidade não aprendesse. Isso é realmente estressante.

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Sobre o cenário político atual, o que vocês acham da atual presidência de Barack Obama nos Estados Unidos? E sobre a crise econômica americana?

Esta pergunta é dura, pois em todo o mundo as pessoas pensaram: "Ah… a era Bush acabou, as invasões acabaram...". Mas agora nós temos uma nova tecnologia que são os drones e a administração Obama é à favor deles. Eles estão querendo usar drones para atacar alvos em toda a parte. Barack Obama está querendo fazer uma guerra robótica, o que é ainda mais atemorizante. Os Estados Unidos são vizinhos muito próximos do Canadá. Se Nova Iorque fosse explodida, bem... Montreal não está ali muito longe (risos nervosos). É lá onde nós vivemos hoje.

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Falando então sobre guerra, o que você pensa sobre a crise Ucrânia-Rússia?

A última vez que eu estive tão inquieto foi quando a Rússia invadiu o Afeganistão. Então, para mim, nunca esteve tão próximo esse negócio de Guerra Fria desde aquele tempo. Não é ainda possível se ter uma opinião sobre todo o cenário, porque as propagandas do Oeste e do Leste mentem. É realmente difícil saber quem está manipulando o que.

Jason Newsted foi parte da banda, e sempre foi uma figura importante no heavy metal. Ele tocou no METALLICA, FLOTSAM AND JETSAM e agora está detonando com seu novo projeto NEWSTED. Quais foram as principais influencias que ele trouxe ao VOIVOD?

Nós [VOIVOD e NEWSTED] tocamos no último ano do Hellfest na França. Ele estava tocando no palco ao lado, logo antes de nós. Por isso, conseguimos nos juntar para tocar VOIVOD juntos de novo. Tínhamos tanto Blacky quanto Jason no palco e isso foi realmente pesado. Ele é ainda parte da família e nós realmente gostamos dele. Sobre o estilo, Jason trouxe aquele toque do BLACK SABBATH que nós tínhamos esquecido por um bom tempo, uma de nossas principais influências no início. Nós acabamos nos tornando mais e mais thrash, e esquecemos o doom que ele nos ajudou a trazer de volta. Além do perfeccionismo, Jason nos empurrou para tocar melhor e nos tornarmos mais profissionais. Estes foram os principais e muitos aspectos que ele trouxe para a banda.

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Falando um pouco sobre Piggy e sua trágica morte em 2005, como foi para todos vocês durante esses nove anos? Vocês ainda pensam sobre isso, sobre o que ele pensaria do VOIVOD fazendo estes três novos álbuns? E especialmente sobre o "Target Earth" onde não há mais nenhum resquício de suas composições?

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Bem, "Katorz" e "Infini" ele ainda escreveu conosco em 2004, antes de ficar doente. Claro que o "Target Earth" foi totalmente escrito pela nova formação, mas foi muito influenciado por Piggy e sua música. Chewy, nosso novo guitarrista, realmente pegou a essência do VOIVOD e pegou a assinatura de Piggy tão bem que Snake pensou que Piggy tinha mandado ele para nós (risos).

Por que a banda levou em torno de dois anos para selecionar um novo guitarrista? Foi este o tempo necessário para que pensassem sobre a banda e juntassem todas as peças após a morte de Piggy?

Foi principalmente o luto. Levou de dois a três anos para Snake e eu termos 100% de certeza que devíamos continuar. Nós tínhamos medo que isto seria um sacrilégio. Então, em 2007, Snake e eu fomos ver um show onde Blacky e Chewy estavam tocando em uma banda chamada BLACK CLOUD, em Montreal, e nós ficamos tão empolgados pela química deles no palco que resolvemos retornar em 2008.

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Como foi a seleção de Daniel Mongrain (Chewy)? Ele disse em diversas entrevistas que era um grande fã do VOIVOD desde que tinha 11 anos de idade. Isto foi importante para a sua seleção? No que a banda pensou ao fazer esta importante, mas sofrida, seleção?

Primeiramente era apenas para um único show. Nós tínhamos sido convidados para um Festival chamado Heavy Montreal, onde fomos convidados para tocar em 2008. Eu realmente não queria, porém Chewy era um grande amigo de Blacky e nós tínhamos o conhecido no funeral de Piggy, em 2005. Realmente pensei que ele era um cara muito legal, mas eu não estava 100% certo... Nós pensamos: "Isso pode ser um sacrilégio". A primeira semana com ele foi estranha, pois era Chewy ao invés de Piggy, e Blacky estava de volta depois de 17 anos. Os dois ou três primeiros sons que nós ensaiamos eu achei bastante estranho, mas o estilo de Chewy era tão similar que depois de três ou quatro músicas (estrala os dedos) era realmente natural. Quando tocamos o show em Montreal, toda a garotada estava insana e eles pensaram que nunca veriam o VOIVOD. Foi então que nós vemos que poderíamos continuar, que não seria sacrilégio mas sim apenas um presente para os fãs. Era como tocar as músicas de Piggy e mantê-lo vivo.

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Vamos falar um pouco sobre "Target Earth", o último disco do VOIVOD. Ele é louco como o bom e velho rock progressivo, e agressivo também como o thrash metal dos anos 80. Foi também o primeiro álbum sem Piggy. Como foi o processo de composição deste álbum? E, especialmente, como Chewy respondeu ao chamado do processo?

Nós fizemos um monte de sessões onde improvisamos e gravamos tudo, e então nós pegamos as melhores partes. Chewy e Blacky as arranjaram em duas músicas. Neste aspecto, foi bastante similar de quando trabalhamos com Piggy. Os dois também tinham suas próprias músicas que nós modificamos para o estilo do VOIVOD. Foi um processo bastante fácil, mas que levou alguns bons anos. Começamos a compor em 2010 e só gravamos no início de 2013. Foi bastante trabalho, e nós trabalhamos duro para ter certeza que ele estaria nos padrões de qualidade para o VOIVOD. Era para as pessoas que gostam do VOIVOD, sabe? Então foi bastante trabalho!

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Como Robert Fripp e o KING CRIMSON inspiraram o album "Target Earth", lançado em 2013?

Piggy sempre foi grande fã de Robert Fripp, enquanto Chewy é mais fã de jazz progressivo. Mas Chewy era também grande fã de Piggy. Então, quando ele entrou no VOIVOD, ele pegou a guitarra e aprendeu todas as músicas. Nosso novo guitarrista sabe sobre as fases de Blacky, Eric Forrest e Jason Newsted [os principais baixistas da banda desde sua criação]. É por esse motivo que há ingredientes de todos estes álbuns neste novo, com um toque futurista dele próprio.

Para finalizar, é a primeira vez que o VOIVOD vem ao Brasil. Por que levou tanto tempo para trazer este som insano de vocês para os fãs daqui?

Nós realmente queríamos vir para a América do Sul, mas mesmo o VOIVOD tendo bastante respeito dos críticos e dos fãs, ainda éramos bastante underground. Para nós, era difícil fazer isso financeiramente. Porém, nestes últimos sete ou oito anos, aumentou o interesse pelo thrash metal e diversos jovens andam usando patches do DESTRUCTION, KREATOR, VOIVOD, CELTIC FROST. Isso aumentou nossa base de fãs. No último mês nós visitamos o Japão e agora estamos no Chile, chegando no Brasil. Ano que vem tentaremos ir pra China e até pra Índia. Nós vamos aos festivais e lá nós encontramos nossos velhos contemporâneos, como o TESTAMENT, EXODUS e outros. O ressurgimento do thrash metal como estilo tornou tudo isso possível.

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Você tem alguma mensagem aos fãs no Brasil que verão a banda no Brasil?

Nós sempre desejamos vir para cá nestes últimos 30 anos e tenham certeza que estamos tão animados quanto os fãs estão. Ou seja, estamos realmente loucos!

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