Megadeth: se você me conhece você não me odeia, diz Mustaine
Por Alexandre Caetano
Fonte: Blabbermouth
Postado em 26 de abril de 2013
O líder do MEGADETH, Dave Mustaine, foi entrevistado para a edição de 29-31 de março do programa Full Metal Jackie.
Full Metal Jackie: De volta a Dezembro, você tinha 'tuitado' que Clint Eastwood tinha inspirado você nos vocais cortados. No geral, o que tem sido a inspiração definitiva que guiou a direção musical deste grupo particular de novas músicas?
Mustaine: Bom, essa coisa do Clint... eu meio que olho as expressões dele quando estou cantando, porque isso ajuda a entrar na personagem, porque eu não canto da mesma forma que eu falo, é um pouco diferente. Isso meio que me ajuda a entrar na atitude punk, porque eu gosto muito de punk rock e acho que é uma mistura legal com MEGADETH e sua música. Eu sempre tentei cantar criando um pouco de um personagem ao invés de ser apenas um cantor. O novo álbum, gravado agora, quando nós iniciamos o trabalho tínhamos todo tipo de coisas incríveis acontecendo, porque fizemos um monte de transições para novos níveis em nossa carreira - tínhamos conseguido uma nova agência muito legal com a qual estamos trabalhando, a CAA, e nós subimos para uma nova gravadora, maior, nossos shows se tornaram realmente excitantes com a inclusão de toda aquela produção de vídeo. Se você não conhece, se não tem, você nem sabe, mas daí assim que você tem é como "Ah meu Deus, como eu pode viver sem isso?" Você vê essas bandas novas e pensa "Isso seria legal" e finalmente decide, daí isso leva seu show para um nível totalmente novo. Nós nos divertimos tanto fazendo a turnê do "Countdown To Extinction", e tivemos algumas músicas que começávamos e nunca passávamos da fase 'demo' até que chegássemos em casa, então é meio que onde estávamos há dois meses, quando começamos isso - sem músicas, apenas uma nova atitude e um novo sopro de vida.
Full Metal Jackie: Ao longo dos últimos dois anos, você comemorou o aniversário do "Rust In Peace" e "Countdown To Extinction" tocando os álbuns ao vivo. Como voltar a estes álbuns clássicos influencia suas ideias como compositor que está escrevendo novas músicas?
Mustaine: Bom, é sempre legal voltar e olhar para as coisas que te fizeram popular, porque é meio como um golfista - quando eles se afastam de seu estilo, o jogo começa a ficar difícil. Havia uma certa arrogância no "Rust In Peace" e uma certa maturidade no "Countdown To Extinction". Acho que nós meio que começamos a perder o rumo depois disso com o "Youthanasia" e os álbuns seguintes, embora sejam todos ótimos álbuns para mim. Eu acho que muitos fãs queriam mais da época do "Countdown" e "Rust in Peace", porque tinha um grau melódico, mas continuava muito pesado. Nós não tínhamos nenhuma garantia no jazz ou nas influências do progressivo, mas aprendemos algumas coisas que funcionaram com o "TH1RT3EN". Quando nos reunimos com o [produtor] Johnny K., tudo começou a estalar de novo, porque eu decidi, depois que começamos, ter um monte de mudanças, como lançar um álbum que não era o que todos pensavam que seria, ter algumas mudanças na formação, mudando rótulos e outras coisas. Chegou um ponto que eu disse "O que aconteceu?", e você quer dar um giro de 180°, mas é duro mexer com uma grande organização como essa, eu disse isso antes, é como girar um porta-aviões - você pode girar o leme totalmente para a esquerda e você sabe que está virando, mas não parece. Então eu sinto como se tivéssemos voltado às nossas raízes com esse álbum em particular.
Full Metal Jackie: O novo álbum é o segundo desde que o [baixista] David Ellefson voltou à banda, três anos atrás. Quando você ouve as novas músicas, o que você escuta ele fazendo que te faz pensar "Esta é a quintessência do MEGADETH"?
Mustaine: Apenas se destacando. Ele é meu parceiro. Nós fazemos grandes músicas juntos. Estivemos trabalhando duro para resgatar suas composições e plugá-las na máquina MEGADETH. Ele é um músico muito talentoso, um grande letrista, ser humano descente e pau para toda obra. No ramo da música é muito fácil não gostar de alguém. Muitas pessoas não me entendem, então me odeiam, o que é triste, porque se você chega a me conhecer, você não vai me odiar. Até aí tudo bem, mas com o David Ellefson, ele é um desses caras que você tem que gostar. Ele é tipo um franco atirador, e francamente, na maioria das bandas, os baixistas são um pé no saco, porque eles são caras frustrados, mas ele conseguiu muitos amigos na indústria e muitas bandas legais gostam da gente por causa dele, porque se conectam com ele e conversam sobre música e outras coisas. Para mim, eu estou sempre ocupado ou eu não poderia me preocupar socializando por causa da carga de trabalho. Para ele, ele ama fazer essas coisas.
Full Metal Jackie: O que você poderia nos dizer sobre seus planos para a turnê deste ano. A Gigantour está voltando? No que você tem trabalhado?
Mustaine: Bom, nós tocaremos com o IRON MAIDEN em maio. A turnê começa na Europa. Vamos fazer alguns shows no Reino Unido. Nós tivemos uma formação fantástica da Gigantour para este ano. Não sabíamos se íamos continuar em turnê sozinhos ou se íamos fazer algum festival de novo. A coisa toda da Gigantour a princípio foi porque meu braço estava machucado e eu não era mais capaz de tocar. Não foi pensado para ser tipo o festival do MEGADETH, como toda banda tem seu festival e sai em viagem. Então teve um período no qual eu meio que pensei "Quer saber? Eu não preciso fazer mais isso porque eu estou tocando de novo", mas a formação que nós temos para a Gigantour este ano é muito legal.
Full Metal Jackie: Você sabe quando ela vai ser anunciada
Mustaine: Provavelmente será neste verão [inverno do Brasil] e eu sei que vamos para a América do Sul por volta de setembro.
Full Metal Jackie: Nós vimos uns vídeos com alguns clipes de estúdio, mas tem alguma coisa que você queira revelar aos seus fãs sobre o álbum ou o tipo de som?
Mustaine: Com a música, quando nós começamos o trabalho - o prazo estava muito apertado para isso. Tínhamos assinado contrato e tínhamos uma quantidade "x" de tempo para fazer tudo, mas estávamos fora, em turnê, então os dias iam passando e pressão, foi meio faca nos dentes. Quando nós entramos [em estúdio], as primeiras duas músicas eu queria tirar algumas das coisas mais melódicas fora do caminho e poupar algumas partes mais trabalhadas e fodas para o final. Agora o Chris [Broderick] está gravando a parte dele. Nós estamos meio que pulando de uma música para a outra então você vai ouvir coisas diferentes, mas o que eu vou tocar hoje será cinco das seis músicas que gravamos. A primeira delas é a faixa título e provavelmente mais uma estrutura simples de acordes, mas é uma música de grande sonoridade. A segunda música é sobre o mal de Alzheimer. Minha sogra tem Alzheimer. É uma coisa terrível e muito triste porque eu sei que eles sabem como curar isso, assim como qualquer outra doença, eles apenas não querem lidar com isso porque você não pode fazer dinheiro com as pessoas curadas. Acompanhar alguém com o mal de Alzheimer é como assistir a uma escultura de gelo derretendo - é muito dolorido - então a segunda música é sobre isso e entra em outros assuntos. A terceira música é sobre um relacionamento que terminou muito mal e o cara acabou ficando com depressão por isso. A quarta música é sobre olhar para as circunstâncias muito ruins e dizer "Ok, vamos tirar o melhor disso". O engraçado é que eu estava em um restaurante e peguei alguns biscoitos da sorte, daí eu estava lendo as mensagens do biscoito da sorte e eu estava tipo "Nós precisamos de uma música que seja como nós todos estamos nessa bagunça terrível juntos agora, então vamos fazer o melhor e aprender como dançar na chuva" - esse tipo de coisa. Eu tenho uma música sobre incêndio criminoso. Shawn [Drover, baterista] tem uma música que escreveu comigo, Chris tinha um pouco a ver com isso - então nós tivemos, pela primeira vez, os três compondo juntos. A sugestão de título do Shawn era "Face Melter" [derretedor de faces], e eu disse "Que título mais estúpido", e eu sugeri chamar simplesmente "Ball Buster" [bola destruidora], só para detonar as bolas dele nisso, certo? Então achamos este um título engraçado por um tempo, mas essa acabou sendo chamada "Built For War". Chris e eu escrevemos uma música juntos; é uma música com partes incríveis. Era muito mais progressivo do que agora. Quer dizer, você tira o progressivo do rock progressivo e só sobra o rock. Eu estava dizendo para ele "Vamos deixar meio 'não progressivo' um pouco, cara", porque é uma música realmente incrível. Tem algumas outras músicas, algo bem obscuro, soa como um Bayou, tipo de banda de metal do sul. É muito curiosa a forma como soa e assim que entra o refrão você sabe que sou eu. Nós queríamos incluir alguns trechos nesse álbum - nada como o que fizemos com "Risk", porque ainda é um álbum bem metal. Mas você é quem vai julgar; ouça você mesmo.
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