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WildeStarr: muito além do Vicious Rumors

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 22 de fevereiro de 2013

Na segunda metade da década de 1980 surgiu o norte-americano Vicious Rumors, cujos primeiros álbuns conquistaram a fidelidade de muitos headbangers mundo afora. O então baixista Dave Starr tocou com o conceituado David Chastain, mas é com o WildeStarr que Dave se encontra em sua melhor fase. Assumindo a guitarra ao lado de sua esposa e vocalista London Wilde, o WildStarr está lançando seu segundo álbum, "A Tell Tale Heart". O Whiplash.Net conversou com a dupla sobre o passado e o que está acontecendo atualmente. Aumentem o volume e confiram aí!

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Whiplash.Net: Olá Dave e London, é um prazer falar com vocês. Ainda que Dave Starr e o Vicious Rumors sejam familiares, muitos entre a nova geração não os conhecem, e nem mesmo ao WildeStarr. Então, que tal se apresentarem aos leitores e falar um pouco de sua trajetória?

Dave: Obrigado Ben! Eu comecei com o Vicious Rumors há mais de 30 anos e muitas pessoas me conhecem dos inúmeros álbuns em que toquei baixo na banda, mas agora sou o guitarrista no WildeStarr. Eu não quis continuar tocando baixo no VR pelo resto da vida, pois sabia que havia muito mais a fazer na minha carreira musical.

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Dave: Assim, London e eu criamos o WildeStarr há cerca de sete ou oito anos. Nosso primeiro disco, "Arrival", saiu em 2010 e nosso novo CD, "A Tell Tale Heart", foi lançado há três meses. WildeStarr é a melhor banda em que já estive, e tenho tocado com algumas pessoas realmente talentosas ao longo dos anos. O que London e eu temos é muito especial.

London: Durante os últimos oito anos tenho sido a vocalista e tecladista do WildeStarr. Antes, a minha experiência havia sido em engenharia de gravação, além de músico de estúdio e compositora desde o início da década de 90. Para o WildeStarr eu escrevo as melodias, letras e toco teclados, além de também ter gravado e mixado "A Tell Tale Heart" juntamente com Josh Foster, nosso baterista.

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Whiplash.Net: Qual era a situação do cenário Heavy Metal norte-americano, para você decidir montar um projeto com sua própria esposa? Como flui o processo de composição entre vocês?

Dave: Não houve planos mirabolantes, apenas aconteceu de forma bastante natural! Nós nos casamos em 2001 e logo depois comecei a trabalhar com algumas das idéias de London, mesclando-a à minha música. Demorou algum tempo para realmente chegarmos a um nível adequado e gravarmos o "Arrival", mas tudo funcionou realmente muito bem.

London: Eu conhecia o Dave desde o final dos anos 80, e gravei vários de seus projetos ao longo dos anos. Na ocasião da gravação do baixo para o álbum "In An Outrage" (04), do Chastain, Dave me mostrou algumas de suas idéias para canções no violão. Eu as achei ótimas e perguntei se poderia escrever uma melodia e letras para elas, e ele disse ‘...claro!...’. Foi assim que tudo começou e, após a primeira música, ficou claro que tínhamos uma química. Nós amamos Judas Priest, e depois nossas influências foram se ampliando... Mas nós falamos a mesma linguagem musical.

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London: A nossa forma de trabalhar normalmente é que Dave escreve a música no violão, e me dá toda a liberdade em adicionar as letras e melodias. Depois disso, aperfeiçoamos tudo e trabalhamos com Josh na bateria.

Whiplash.Net: "Arrival" foi a apresentação do WildeStarr ao público e, ainda que totalmente enraizado no Heavy Metal, também oferecia uma vibração bem contemporânea e obscura. Mas com "A Tell Tale Heart", vocês quiseram fazer algo diferente, ou houve uma progressão natural entre os discos?

London: Eu acho que todo músico quer avançar com sua proposta a cada registro. Para nós, embora tenhamos amado o "Arrival", achamos que a produção poderia ser melhorada, além de a bateria soar mais agressiva. Encontramos o nosso novo baterista Josh Foster e decidimos gravar e mixar "A Tell Tale Heart" com o objetivo de obter um som ainda mais moderno. E nós, definitivamente, conseguimos isso.

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Dave: Olhando para trás, "Arrival" foi um álbum realmente grande, mas, como London disse... Existem algumas coisas que poderíamos ter feito um pouco diferente. Vivendo e aprendendo. Para um CD de estréia, "Arrival" foi muito além do que esperávamos e conquistou comentários realmente surpreendentes. Mas considero "A Tell Tale Heart" ainda melhor.

Whiplash.Net: "A Tell Tale Heart" é um disco conceitual. Qual seu tema? Ele teria algo a ver com a atual fase do WildeStarr?

London: O álbum é sobre um coração partido, mas contado através de metáforas e inspirado no escritor do macabro da era vitoriana, Edgar Allen Poe. Há escuridão, tristeza e beleza na obra de Poe, e isso se encaixou em meu humor, da forma como estava escrevendo. Eu gosto da idéia de desenvolver histórias para contar uma história completamente nova. Esse nível de complexidade é pessoalmente gratificante, mas o disco está em seu próprio mundo e, como ouvinte, você não tem que estar familiarizado com o trabalho de Poe, todos podem desfrutar de "A Tell Tale Heart". Eu também evitei quaisquer tons clichês do gótico intencionalmente. O repertório é enérgico e poderoso.

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Dave: Quando começamos a gravar o novo CD, não havia nenhuma idéia de conceito. Ele só evoluiu ao longo do tempo de acordo como a escrita foi progredindo. Eu amo o que London fez, ela deu vazão às suas ideias!

Whiplash.Net: Ainda que o download ilegal prevaleça, há muitos amantes de discos mundo afora; e os álbuns do WildeStarr são muito difíceis de achar no Brasil. Existem negociações para alguma distribuição por aqui?

Dave: Eu não sei dizer o motivo de as coisas não acontecerem para o WildeStarr no Brasil. Nossa gravadora na Itália diz que a situação no Brasil não é muito boa, tanto quanto as vendas de CDs e distribuição global. Eu ainda gostaria de encontrar o selo certo para nos ajudar na América do Sul. Se não acontecer com este disco, talvez para o próximo.

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London: Qualquer pessoa pode solicitar o nosso disco na internet, através do ebay. Apoiar as bandas através da compra de sua música é uma escolha, e eu encorajo a todos os que forem verdadeiros fãs de música e metal a mostrar seu apoio a suas bandas favoritas. Neste último ano tentamos conseguir alguma distribuição na América do Sul, e acho poderemos conseguir algo se formos persistentes.

Dave: Bem dito, os verdadeiros fãs de música podem comprar os produtos de seus artistas favoritos. Eu nunca obtive música através do download ilegal, e nunca farei isso.

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Whiplash.Net: Dave, é impossível não comentar seu trabalho com o Vicious Rumors... Qual foi seu melhor momento com a banda? Quando sentiu que seria inevitável não fazer mais parte daquilo tudo?

Dave: O Vicious Rumors foi uma grande banda, e eu tenho muito orgulho de tudo o que fizemos juntos. Eu acho que o melhor momento foi quando assinaram com a Atlantic Records no início dos anos 90. A banda nunca estourou como poderia ter acontecido, mas a vida é assim. Fizemos tudo certo, mas não conseguimos nenhum disco de ouro ou platina, e realizamos poucas turnês mundiais. Nada dura para sempre, e assim foi com o Vicious Rumors.

Dave: As coisas declinaram mesmo depois que fomos dispensados da Atlântic em 1993. Eu e Mark saímos da banda, e o vocalista Carl faleceu em 1995. De qualquer forma, o bom é que, mesmo depois de todos esses anos, o Vicious Rumors ainda tem fãs que amam aqueles discos clássicos que fizemos.

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Whiplash.Net: E atualmente, quais as maiores diferenças entre compor, gravar e promover um disco, em relação aos anos 80? Aliás, creio que London tenha sentido que o preconceito para com as mulheres vocalistas tenha diminuído consideravelmente, certo?

Dave: No Vicious Rumors eu nunca tive que fazer outra coisa além de tocar meu baixo. Nós tínhamos gravadoras fazendo todo o trabalho, os promotores, gestores, etc. Atualmente os membros da banda têm que fazer muito desse trabalho para as coisas acontecerem. A indústria fonográfica tem sofrido muito graças à internet e ao download ilegal. Há muito pouco dinheiro para as gravadoras e bandas trabalharem, o que é muito frustrante, para dizer o mínimo.

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London: Há muito mais mulheres no Heavy Metal nos dias de hoje... O preconceito é menor, mas ainda existe, e eu simplesmente o ignoro. Tudo o que me importa é que os músicos com que trabalho me respeitem.

London: Hoje em dia, no mundo da música, com a internet e as redes sociais, existem tantas bandas que tentam chamar a atenção, mas é muito difícil conseguir destaque. Como Dave disse, a indústria não tem dinheiro e nossa cultura evoluiu para as artes criativas esperando conquistar a liberdade. É um problema que pode não ter uma solução. Nós continuamos a fazer música porque a amamos e ela está em nossa alma. Nós não temos escolha, mas nos satisfazemos em fazer os fãs felizes com uma música incrível.

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Dave: A internet tem sido uma bênção e uma maldiçãoao mesmo tempo. Quanto a London, atualmente acho que as pessoas estão mais abertas em aceitarem as mulheres no Heavy Metal. Antes, talvez fosse algum tipo de novidade ter uma mulher vocalista em uma banda de metal. London é julgada por seu grande talento, e sua beleza é um bônus. Eu ainda ouço algumas pessoas dizendo que não gostam de mulheres cantando metal, mas daí eles ouvem London e mudam de opinião!

Whiplash.Net: Dave, você é um veterano que ainda está tocando e liberando novos álbuns. Considerando tudo, incluindo o fato de que agora você está limpo e sóbrio, quais são as suas perspectivas para o cenário musical?

Dave: Eu só conduzo as coisas, um dia de cada vez. Eu estou 100% limpo e sóbrio há quase oito anos. Sou grato por estar vivo e ainda fazer música. Muitos músicos da minha idade estão vivendo de glórias passadas, coisas que eles fizeram há 20, 25 anos atrás, mas não eu. Eu decidi tocar guitarra um pouco tarde, mas estou me saindo muito bem e estou feliz com essa escolha. Eu estou fazendo a melhor música de minha carreira agora, com London e Josh no WildeStarr.

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Whiplash.Net: Mas, afinal, o WildeStarr continua sendo um projeto, ou é uma banda no sentido real? Quem os acompanha ao vivo?

Dave: Basicamente, o WildeStarr somos London e eu, juntamente com o baterista Josh Foster. Eu toco todas as guitarras e baixo no CD. É apenas a maneira como fazemos as coisas. Há três de nós no estúdio fazendo um trabalho que, normalmente, seria feito por cinco ou seis pessoas. Se e quando acontecer uma turnê, vamos contratar músicos para completar a formação.

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London: Nós somos uma banda no sentido real. Josh, Dave e eu somos uma grupo de tempo integral, comprometidos com uma química que não pode ser fabricada ou forçada. Mas, para reproduzir o que fazemos no estúdio precisamos de mãos extras para os shows ao vivo. Nós temos alguns músicos em mente para estas apresentações, mas nada é definitivo ainda.

Whiplash.Net: Dave e London, o Whiplash.Net agradece pela entrevista e deseja boa sorte a todos. O espaço é do Wilde Starr para os comentários finais, ok?

Dave: Obrigado, Ben, pela oportunidade, nós apreciamos muito conversar com você! E obrigado a todos os nossos amigos e fãs no Brasil!

London: Agradecemos a oportunidade de falar com você, e obrigado por nos ajudar a espalhar a palavra. Fizemos novos amigos e fãs na América do Sul, e espero fazer muitos mais! Eu quero dar grande ‘olá’ ao Mario Pastore, um incrível vocalista de Heavy Metal do Brasil, com quem planejamos fazer um dueto no novo disco. Estamos muito animados com a ideia!

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Contato:
http://www.wildestarr.com/

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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