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Viter: aparando as arestas entre o Folk e o Industrial

Por Vitor Franceschini
Fonte: Blog Arte Metal
Postado em 29 de novembro de 2012

Yulian Mytsyk (vocal), Sviatoslav Adept (guitarra), Volodymyr Derecha (guitarra), Bohdan Potopalskyi (Baixo), Olexandr Ignatov (teclados) e Sergiy Krasutsky (bateria) são jovens e ousados músicos que, vindos da longínqua Ucrânia, não têm medo de ousar. Fazendo uma mescla que atrai gregos e troianos, o grupo vem divulgando seu primeiro trabalho, o belíssimo "Springtime", onde exploram diversas sonoridades e utilizam até uma galinha sampleada. O que parece engraçado é muito sério e tem funcionado até então. Falamos com Olexandr e Volodymyr que nos contaram tudo sobre a produção, divulgação e repercussão do novo álbum, além de outros assuntos curiosos que envolvem o Viter. Confira nas linhas abaixo.

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Como surgiu o Viter? Conte-nos resumidamente como vocês chegaram até a atual formação da banda.

Olexandr Ignatov: Bem, quando eu entrei na banda, os cinco outros caras já estavam lá, eles estavam procurando apenas por um tecladista. Após a audição me escolheram me tornei membro oficial da família VITER. Mas, então, o baterista decidiu sair, e fizemos outro teste para bateristas. Depois de ouvir alguns caras, paramos em Sergiy Krasutsky. Agora estamos com esse line up.

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Volodymyr Derecha: Eu cheguei no VITER há cerca de dois anos, foi durante uma grande mudança, a banda tinha apenas lançado o mini álbum e o vídeo de "Dzherelo" (2010) e começou a trabalhar com um novo material, o que acabou alterando o som e estilo.

Antes de gravar "Springtime" vocês lançaram um EP, "Dzherelo" (2010) e um split com a banda Kings & Beggars, além de 9 espantosos singles! Tudo em pouco mais de 2 anos. Explique-nos porque tantos singles antes de um trabalho oficial?

Olexandr Ignatov: "Dzherelo" e os splits foram feitas sem mim. Eu acho que a banda estava tentando se encontrar e buscando o som que todos queriam. Fazer 9 singles foi divertido, porque o estilo de música mudou drasticamente e foi interessante ver o feedback das pessoas e os singles são perfeitos para isso. Vimos como as pessoas, divididas em duas frentes - aqueles que nos criticam e aqueles que nos apoiam pela mudança - olhar positivamente sobre essas experiências.

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E como foi o processo geral de composição de "Springtime"?

Olexandr Ignatov: Divertido! Nós fizemos um monte de coisas legais trabalhando em demos que o Yulian fez e mudou muito também. Talvez devêssemos lançá-las no futuro, para ver a diferença (risos). Lembro-me do sample da galinha na matadora faixa Marichka – já valeu todo o álbum!

Apesar de contar com instrumentos comuns, "Springtime" possui outros instrumentos atípicos no Rock/Metal. O que vocês utilizaram no disco?

Olexandr Ignatov: Galinhas, é claro. Galinhas com um monte de instrumentos originais, artesanais e de várias etnias. Eles soam tão modernos e sintetizados que você não pode dizer com certeza que eles são reais. E, claro, um monte de sintetizadores modernos e programação. Algo que torna esse registro único.

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O som de vocês alia riffs típicos de Metal com elementos industrial e uma pegada Folk mais orgânica. Enfim, algo impossível de se pensar, mas que ao ouvir comprova-se que soa bem e coeso. Vocês concorda com isso? Como chegaram até essa sonoridade?

Olexandr Ignatov: Sim. Como eu já disse anteriormente, tudo sobre samples e programação, e moldar o som nessa direção. Passamos longos dias e noites fazendo isso para não soar como o chato típico Folk Metal.

Volodymyr Derecha: Eu fiquei muito surpreso quando descobri que os gêneros folk e industrial são inimigos, e há muitas pessoas que gostam de folk, mas não aceitam ruídos industriais e vice-versa. Quanto a mim o nosso som é muito bonito e natural.

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Essa mescla pode ser percebida nas variadas composições do disco. Enquanto algumas partem para o lado mais industrial, outras soam mais Folk e suaves, enquanto algumas beiram até o Gothic Metal. Não é perigoso a banda perder a identidade mesclando tantos gêneros assim?

Olexandr Ignatov: Quando as pessoas ouvem este álbum - todos que amam esses gêneros encontram algo para si mesmo, em uma faixa ou outra, ou em todo o álbum, e isso é muito legal. Nós somos o que somos, e nós fazemos a música que vem de nossas almas quando trabalhávamos nele, e o resultado é exatamente como é. Não queremos fazer um álbum para determinada categoria de pessoas, isso simplesmente não faz sentido para nós.

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Volodymyr Derecha: Eu acho que hoje em dia estamos mais propenso a perder a identidade ao tocar apenas um gênero, além de que estamos constantemente olhando para o nosso som único, pois o nosso álbum tem muitas experiências.

Vocês gravaram um clipe para a faixa For The Fire. Por que escolheram essa música e como foi o clipe (que ficou muito bom, por sinal)?

Olexander Ignatov: Eu acho que nosso vídeo de For The Fire responde essas questões perfeitamente, chequem o vídeo abaixo.

Assistir vídeo no YouTube

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Aliás, esse clipe tem uma versão censurada. Qual o motivo dessa censura e qual a sensação de já ter um vídeo proibido já no primeiro álbum?

Olexandr Ignatov: Porque o vídeo é um dos mais vistos devido àquela menina bonita (risos). Na verdade isso é por causa de cenas de violência, elas não são tão cruel, mas são suficientes para marcar um "sem censura" no vídeo. Canais de TV, especialmente alguns, pediram a versão censurada disso.

Como tem sido a repercussão de "Springtime" tanto pela crítica quanto pelo público?

Olexandr Ignatov: Depende do gosto musical de uma pessoa que está ouvindo ou criticando. Se você é um verdadeiro fã de Pagan/Folk/Black Metal ou qualquer coisa, provavelmente você não vai gostar "deste" VITER. É melhor ir ouvir "Dzherelo" e desfrutar de sua vida. Mas se você está de mente aberta, você definitivamente vai achar este álbum interessante, pelo menos em algum ponto. Devo admitir que o álbum é, em alguns casos Progressivo, você o deve ouvir varias vezes, para ele entrar de verdade na sua cabeça. Você precisa prová-lo, não apenas engolir.

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Volodymyr Derecha: Eu acho que o álbum foi bem recebido. Temos muitas críticas positivas. Nosso novo vídeo reuniu duas vezes mais views por um período de dois meses, do que o anterior por dois anos.

O som de vocês é complexo. Deve ser complicado executar as músicas ao vivo não?

Olexandr Ignatov: Sim, há um monte de programação ao vivo que eu, pessoalmente, dou muito duro para executar. Você pode fazer o que quiser no estúdio - mas quando é a hora de tocar ao vivo, você deve recriar todas essas coisas e dar o seu melhor.

Volodymyr Derecha: Uma vez tive um pesadelo onde estávamos fazendo a passagem de som por um longo tempo, mas não podíamos começar a tocar, por causa da do grande número de instrumentos que nós temos que ligar e ajustar. As pessoas ficaram com raiva e queria destruir o palco. Era como um filme de terror. Felizmente não usamos todo instrumento Folk em nosso show, apenas alguns deles, mas ainda é muito difícil de fazer passagem de som rápido.

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Como está a agenda de shows da banda?

Olexandr Ignatov: Já fizemos alguns shows em cidades diferentes, incluindo três grandes festivais, um deles foi em uma montanha com mais de 1000 metros de altura, que foi legal, os instrumentos estavam frios e congelando (risos).

Sinceramente conheço pouco da cena Metal da Ucrânia. Como é a cena por aí e qual estilo se dá melhor nessas terra? Vocês conhecem a cena Metal do Brasil?

Olexandr Ignatov: Pessoalmente, eu sei que há um monte de bandas de Metal aqui, mas apenas algumas delas são realmente grandes. Também quero marcar uma grande banda chamada Make Me Famous, eles estão realmente chutando o traseiro, mesmo que toquem mais pro lado do post-hardcore, screamo. Sobre a cena do Metal brasileiro – Bad Salad são os meus favoritos, caras e músicos matadores.

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Volodymyr Derecha: Existem apenas algumas bandas que são conhecidas fora da Ucrânia. Em relação à cena Metal do Brasil, eu conheço Max Cavalera e Sepultura.

Quais as chances de tocarem por aqui algum dia?

Olexandr Ignatov: Nós definitivamente amaríamos isso, assim como promotores ajudassem a nos levar para aí!

Volodymyr Derecha: É tudo, até você, acho que se alguém daí decidir convidar-nos, é muito provável que iremos.

Muito obrigado pela entrevista, deixem uma mensagem aos leitores.

Olexandr Ignatov: De nada. Seja positivo, fiel a si mesmo, mas tenha a mente aberta e bem arredondadas ... Confira nosso site oficial, o nosso novo vídeo, notícias e fique atento! P.S.: Não tente samplear galinhas em casa.

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Volodymyr Derecha: Eu só quero dizer aos nossos leitores: Não hesite em apoiar suas bandas favoritas, comprar o CD e 'merch', assistir a shows. Hoje em dia todos eles realmente precisam disso. Eu sei que é legal baixar tudo de graça, mas em algum momento isso pode destruir toda a indústria da música, e tudo o que resta para ouvintes – você irá ouvir apenas registros independentes de baixa qualidade e assistir apenas a concertos com bandas locais, sem chance de ver uma banda grande de outro país.

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Sobre Vitor Franceschini

Jornalista graduado tem como principal base escrever sobre Rock e Metal, sua grande paixão. Ex-editor do finado Goredeath Zine, atual comandante do blog Arte Metal, além de colaborador de diversos veículos do underground.
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