Vitão Bonesso: os legais, os chatos, e os amadores da cena
Por Thiago Rahal Mauro
Postado em 18 de novembro de 2010
A rádio BACKSTAGE iniciou as atividades em fevereiro de 2006, sendo a primeira web-radio do Brasil, com 24 horas de programação dedicadas ao estilo. Ainda no formato "programa", o Backstage foi ao ar pela primeira vez em novembro de 1988 pela 97 FM SP, onde permaneceu até dezembro de 1994. Do começo de 1995, até janeiro de 2006, o programa foi transmitido pela Brasil 2000 FM (107,3) com 1026 edições em 17 anos de existência.
Em março de 2008, o programa retornou à rádio aberta, desta vez pela Kiss FM (102,1), sendo apresentado todos os domingos das 22 às 24 horas. Confira uma entrevista exclusiva com o apresentador Vitão Bonesso.
O programa Backstage está completando 22 anos de vida, mas isso não seria possível sem que você tivesse a garra necessária para ir contra as adversidades. Podemos afirmar que sem Vitão Bonesso o Backstage não existiria? Já pensou em passar o bastão?
Vitão Bonesso: Com certeza, o Backstage não existiria sem Vitão Bonesso e sinceramente não vejo o programa sendo conduzido por outra pessoa. É como um filho, que eu vi crescer nesses 22 anos. Passar o bastão? Nem pensar! Essa história de aposentadoria não cabe a mim. Graças a Deus ainda tenho que trabalhar e sinto muita satisfação em fazer o que eu faço.
Você ficou conhecido graças ao seu trabalho na rádio 97 FM de Santo André. Conte como foi essa época?
Vitão: Comecei como colaborador na 97 FM. Quase sempre eu aparecia com alguma novidade ou lançamento que era adicionado à programação diária – isso foi em 1987. Logo depois, comecei a colaborar na produção dos especiais de sábado à tarde até que o dono da rádio, o Zé Antonio, me ofereceu um programa de uma hora nas tardes de domingo, que iria substituir um outro existente. Acredite, naquele momento eu me ofereci somente como produtor daquele programa que já existia, pois eu não tinha nenhuma experiência como locutor. Eles não aceitaram e me colocaram na fogueira, naquele esquema: "Te vira que você estreia domingo que vem". Ou seja, ou topa, ou topa... É claro, acabei topando (risos).
Quando você pensou que seria apresentador de rádio? Teve que estudar ou simplesmente colocou a voz no microfone e saiu falando o que pensava?
Vitão: Nem tive tempo de pensar nisso (risos). Foi tudo muito rápido. Tive que arrumar um nome para o programa, organizar uma pauta, gravar vinhetas em apenas três dias. No primeiro ano do programa eu somente fazia a locução, além de produzir o programa. Como os operadores eram os locutores folguistas, aqueles sem muita experiência, rolavam muitos erros que me deixavam muito puto. Se eu reclamasse o clima ficaria (apesar de eu reclamar), ainda mais tenso, mas teve uma hora que eu resolvi assumir a parte técnica, então eu operava e fazia a locução ao mesmo tempo, e isso deu uma plástica e uma dinâmica melhor ao programa.
Vitão: Se eu errava alguma coisa, rolava um stress comigo mesmo. Mas aprendi rápido, a função (risos). Quanto a aprender alguma coisa em escolas especializadas, nunca me interessei. Criei a minha própria maneira de trabalhar. Somente tive que prestar mais atenção no inglês, que naquela época era terrível. Mas aos poucos tudo foi se encaixando.
Como era o trabalho de pesquisa de um programa de rádio nos anos 80?
Vitão: Me lembro que depois que o programa passou por um teste de qualidade da 97 FM, me preocupei bastante com o aspecto da informação, e para isso fiz a assinatura de algumas revistas importadas como a inglesa Kerrang e a americana Circus. Ao longo dos anos, assinei também a Metal Hammer e a Raw, que me supriam de ótimas informações, até o surgimento da Internet, que deu uma reviravolta em tudo relacionado à informação. Além disso, eu contava com alguns correspondentes que também me enviavam material pelo correio; desde recortes de jornais, discos e fitas K-7, com muita novidade.
As gravadoras da época ajudavam o programa enviando material ou tudo que tocava na rádio era graças ao seu acervo pessoal?
Vitão: Ajudavam, bem mais que hoje. Nós éramos o caminho para as pessoas conhecerem os lançamentos, então, o tratamento que as gravadoras dispensavam para o nosso trabalho ajudava demais. Porém, eu sempre dava uma rasteira neles, pois na maioria das vezes eu conseguia tudo bem antes que as gravadoras daqui. É claro que o grande chamariz do programa era, e ainda são as raridades e exclusividades que eu ainda mostro, e que eu colecionei durante toda a minha vida. O Backstage não conquistaria o sucesso que tem, se não contasse com isso.
O preconceito da mídia era muito grande com o Heavy Metal? O que você chegou a escutar dos donos da rádio que você trabalhava sobre o estilo?
Vitão: Olha, nunca me senti alvo de preconceito por trabalhar com o Heavy Metal. Tudo é uma questão de postura. Se você não gosta, ok, não ouça, ou mantenha distancia. Nas rádios pela quais passei, o Backstage sempre foi uma das atrações que mais deu Ibope, por isso os diretores sempre me davam liberdade, sempre acreditando naquilo que eu estava desenvolvendo. Sempre sou procurado para dar entrevistas, palestras, e opiniões sobre o estilo, e nunca fui tratado com preconceito. Como disse, a postura tem muita a ver com isso.
Você ficou bastante tempo, tanto 97 FM, como na Brasil 2000 – no total foram 17 anos. O que fez você mudar de uma para outra emissora?
Vitão: Uma das coisas que eu mais me orgulho é de nunca ter sido demitido por nenhuma das rádios que trabalhei. Fiquei na 97 FM de novembro de 1988 até dezembro de 1994. Saí da emissora, pois a mesma estava partindo para outro estilo musical. Eu não teria o que fazer lá. No mês seguinte (janeiro de 1995), estreei na Brasil 2000, onde fiquei até janeiro de 2006. Saí porque a dona da rádio, que é a Anhembi Morumbi, resolveu arrendar o local e com certeza o estilo seria outro. Foram anos maravilhosos e deixei muito amigos em cada uma delas.
Em 1998, quando você estava na Brasil 2000, cogitou-se a sua entrada na MTV, no programa Fúria Metal, que estava sem apresentador após a saída do Gastão Moreira. Por quê não deu certo?
Vitão: Tem uma história antes disso. O Gastão uma semana antes de ser demitido da MTV, esteve em meu programa para uma entrevista. Durante a entrevista ele se mostrou irritado com a emissora e por várias vezes fez criticas e comentários raivosos, tanto que quando estávamos no comercial eu o alertei, que o programa era ao vivo e que algumas declarações poderiam prejudicá-lo. Ele não se importou e continuou a soltar faíscas contra a MTV.
Vitão: Como todos sabem, em novembro daquele ano o Gastão saiu da MTV e deixou meu nome como sugestão para substituí-lo. A MTV não deu muita bola, e chamou o João Gordo que recusou e também sugeriu meu nome. Foi assim que em dezembro de 1998 eu fui chamado para uma conversa com a diretora de programação da MTV. De cara, as idéias não me agradaram, e propus a eles que me deixassem desenvolver meu trabalho da minha forma por três meses. Inclusive abri mão de receber cachê. Mas eles teimavam que eu teria que seguir o que o diretor do programa mandasse. Então as coisas pararam por ai, porque naqueles tempos, o Fúria já se mostrava desgastado e, na minha opinião, muito mal dirigido, somente exibindo clipes antigos. Me coloquei a disposição para arrumar material novo, mas acho que isso assustou um pouco eles. Senti algo como: "O que esse cara pensa que é?"
E qual a sua opinião sobre o programa "That Metal Show" do canal de televisão VH1 Classic, que é apresentado pelo radialista Eddie Trunk? Você já pensou em fazer algo parecido por aqui?
Vitão: Tem coisas engraçadas, mas pra mim não passa de um papo de bar, com um assunto sendo jogado no ar para criar uma certa polêmica: Qual o disco ao vivo mais importante pra você? Qual o riff de guitarra mais destruidor para você? Um fala uma coisa, ou outro discorda, e é isso. Pra mim não quer dizer absolutamente nada.
Vitão: Quanto a fazer alguma coisa por aqui nesse formato, não. Seria algo bem diferente onde a informação teria um lugar importante, assim como mostrar imagens bem legais. Faltou pouco para o Backstage virar também um programa de TV. Foram feitos pilotos, que chegaram a serem aprovados, mas eu me desinteressei pelo projeto.
Em fevereiro de 2006, você colocou no ar a rádio Backstage na Internet. Por quê decidiu se transportar para a rede mundial de computadores?
Vitão: Porque era a minha única saída (risos). Antes mesmo de deixar a Brasil 2000, isso em meados de julho de 2005, comecei a negociar uma ida para a Kiss FM, pois já sabia que a Brasil 2000 estava sendo negociada. Ao mesmo tempo eu já estava pesquisando a possibilidade de fazer uma rádio na net. Foram meses até que em fevereiro de 2006 ela foi ao ar, em meio à desconfiança de muita gente, inclusive de patrocinadores que me acompanhavam há muitos anos. Foram tempos difíceis, pois aqui no Brasil ainda não existia o habito de se ouvir uma rádio na internet. Aos poucos essas barreiras foram caindo, e hoje posso afirmar com muito orgulho, que a Rádio Backstage é um sucesso absoluto.
A audiência da rádio é maior por usuários brasileiros ou estrangeiros?
Vitão: 90% são brasileiros e essa é a minha meta. Fazer rádio para os Headbangers e apreciadores do Classic Rock do meu país.
Você também tem a seção "Backspace" na revista Roadie Crew. Qual a maior dificuldade de se criar pautas todo o mês?
Vitão: Cara é um parto (risos)... Chego a ter cólicas e passar noites em claro procurando algum assunto. Veja bem, eu faço essa coluna a mais de 10 anos e é claro que as idéias vão acabando. No final sempre aparece alguma coisa, seja legal, ou mais ou menos legal (risos). Agradeço aos amigos, entre eles você, por me darem dicas preciosas para que eu venha a desenvolver algum assunto.
Sem contar o livro que conta os 10 primeiros anos do Backstage, All Access, que foi muito bem aceito por todos. Você pensa em atualizar a história?
Vitão: Sempre penso, e sou cobrado constantemente de uma continuação. Porém me falta tempo, além de que existem muitos assuntos e passagens que poderiam causar algum desconforto a certas pessoas (risos). Mas a idéia está de pé, e qualquer dia desse eu anuncio que os trabalhos já estão a caminho.
Com o sucesso do programa e da rádio na Internet, você finalmente foi para a Kiss FM. Conte como foi essa época de transição?
Vitão: Foi um saco (risos). As negociações para a ida do Backstage para a Kiss duraram dois anos. Por várias vezes me convenci que não iria dar certo. É uma rede enorme, e num certo momento acabei desencanando, e foi justamente nessa hora que a coisa desencantou, e eu fiz minha estréia na Kiss no dia nove de março de 2008. Quanto à transição rádio aberta/Internet, foi algo fácil, porém em 2006 o quadro era totalmente diferente, e muita coisa teve que ser revista e adaptada para uma nova realidade.
Poucos leitores/ouvintes sabem, mas você grava o programa direto de sua casa. É verdade que você está reformando o seu estúdio?
Vitão: Sim. Sempre tive preferência de fazer o programa ao vivo. Mas desde agosto de 2004, moro numa chácara que dista cerca de 70 quilômetros de São Paulo. Aos poucos fui alternando programas ao vivo com gravados. Minha maior preocupação era fazer o programa gravado com o mesmo clima do ao vivo. No começo não foi nada fácil, mas hoje posso dizer que consegui equiparar o clima ao vivo com as edições gravadas, mantendo a mesma dinâmica e qualidade.
Vitão: Quanto ao estúdio, comecei em novembro a fazer um novo, mais amplo, mas organizado e mais moderno, e onde também irão caber tudo o que eu tenho, e olha que não é pouca coisa (risos). O "The Three Stoodios" (uma paródia com The Three Stooges), ou "Rushstudio", que deve ficar pronto no inicio de dezembro... Isso se os malditos pedreiros quiserem. Ah, e aceito sugestões sobre o nome do estúdio. Podem me mandar às opiniões no [email protected].
Com os lançamentos caindo na rede antes do CD ir as lojas, muitas das pessoas já escutaram as músicas, mas, mesmo assim, você ainda as toca no programa. Qual a maior dificuldade para se fazer uma programação hoje em dia?
Vitão: A maior dificuldade é encontrar coisas com qualidade como alguns anos atrás. Ainda dependemos dos nossos queridos veteranos para ouvir coisas de qualidade. Existem muitos lançamentos, mas muitos são descartáveis e ficam fora da programação. Como o Backstage funciona como uma revista musical semanal, é claro que os principais lançamentos são mostrados, queiram eles estejam na rede ou não - não deixam de ser novidades. O mais legal é que o Backstage ainda continua sendo um forte referencial a respeito dessas novidades.
O que você acha da programação normal da Kiss FM?
Vitão: Considero ideal para aqueles que ouvem a rádio diariamente, mas poderia ser mais abrangente.
A Kiss FM anunciou um novo programa chamado "Lendas do Rock". Você também irá participar dele?
Vitão: Depende, se me chamarem... Mas por enquanto, não.
Você é conhecido também por tocar bateria na banda Electric Funeral (Black Sabbath Tribute Band). O que te da mais prazer, tocar as músicas de sua banda favorita ou apresentar o Backstage?
Vitão: Osso essa pergunta, hein? (risos). Gosto demais de tocar bateria. Não é sempre que o Electric Funeral se apresenta por ai, pois o cachê oferecido chega a ser ofensivo. A banda, além de contar com músicos profissionais, carrega consigo um equipamento de primeira linha. Por isso, sair de casa para correr riscos e ainda sair com uma mão na frente e outra atrás, não compensa. São duas coisas diferentes. Cada edição do Backstage é como um show com músicas diferentes. Tenho como meta surpreender os ouvintes a cada programa. Com o Electric Funeral, faço uma homenagem aos meus heróis, me divirto muito em noitadas memoráveis.
O guitarrista Andreas Kisser (Sepultura) já tocou na banda, conte como foi isso?
Vitão: Foi engraçado (risos). Quando estávamos abrindo o show do W.A.S.P. na Via Funchal, o Andreas fez uma participação em Sabbath Bloody Sabbath. Logo depois do show, nosso guitarrista, Marcelo Schevano nos comunicou que precisaria deixar a banda para se dedicar a outros projetos. Aquilo foi um baque, pois o Marcelo além de um grande guitarrista é um ótimo sujeito, mas se era o desejo dele, nós tínhamos que respeitar. Dois dias depois cruzei o Andreas no Blackmore Rock Bar. Ele me disse que tinha gostado demais de tocar com a gente e tal. Foi ai que, eu meio triste, disse que estávamos sem guitarrista, e que seria um saco arrumar outro. O Andreas foi direto: "Opa, vamos ai!". Eu perguntei: "Vamos ai aonde alemão?". Ele: "Vamos continuar a parada ai, eu toco com vocês!" Eu: Está bêbado alemão? Ele insistiu e no dia seguinte marcamos um ensaio, foi bem legal tocar com ele.
Vitão: Conheço o Andreas desde 1988, sempre fomos grandes amigos, e foi um prazer enorme dividir o palco com ele. As improvisações que fazíamos era hilárias (rs). Porém, a agenda dele é complicada, e se já era difícil marcar shows sem ele, imagine com ele. Ai depois de um ano e meio o Marcelo me disse que, se nós quiséssemos, ele retornaria à banda. Achei melhor. O Alemão ficou meio chateado de sair, mas nada grave, continuamos amigos. O Andreas é um profissional de primeira linha, e ter tocado com ele e ser seu amigo é uma honra para mim".
Você tem como ídolo o baterista Ian Paice (Deep Purple), mas conte aos leitores como você ficou amigo dele?
Vitão: Além do Paice, tenho grande influência do Ringo Starr, John Bonham e Neil Peart. Mas o Paice eu tenho uma certa amizade. O primeiro contato que tive com ele foi em agosto de 1991, na primeira visita do Deep Purple ao Brasil. Não foi nada especial, mas consegui trocar algumas idéias com ele. Quando retornaram em 1997, ai sim, tomei coragem e procurei me aproximar mais. Ocorreram alguns workshops com ele em São Paulo e num deles eu fui o apresentador, já que naquela época eu também era patrocinado pela Pearl. Desde a primeira vez, assisto aos shows do Purple no palco, ali do lado do roadie dele. Para quem é baterista, ter aquela visão é um presente dos deuses. A cada show, pego algum detalhe, alguma técnica que me deixa ainda mais impressionado. Ele é uma pessoa muito legal.
Sem contar à história que você sugeriu uma música para eles tocarem no show e que o Ian Gillan quase te bateu (risos)...
Vitão: (risos), o Gillan é uma figura... Ele pode ser extremamente gentil com você, como pode te mandar um coice na cara do nada (risos). Essa história é legal. Foi em 1998, o Deep Purple estava por aqui divulgando o álbum Abandon. Lembro que na primeira parte da turnê a música Sometimes I Feel Like Screaming estava no repertório, e que para a segunda parte, que incluía o Brasil, eles haviam tirado do set list. Depois de uma entrevista coletiva, fui entrevistar o Ian Paice e o Gillan.
Vitão: No meio da conversa comentei que eles haviam retirado essa música e tal, e que aqui no Brasil ela era bem conhecida e que o publico iria gostar de ouvir, etc... E conclui dizendo: "Porque vocês não a tocam por aqui?". O Gillan me olhou com uma cara de azedo e soltou: "Eu detesto quando opinam sobre o que devemos ou não tocar..." Do nada, ele se voltou ao Paice e perguntou: "De que música ele está falando?". "Ah, aquela lá que o Jon (Lord) gosta...", respondeu o Paice. O Gillan voltou a me fitar dizendo: "Hoje à tarde nós vamos ensaiar o show e vamos incluir essa música. Mas, se na hora da apresentação a plateia ficar indiferente, eu te mato! (risos). "Pode me matar quantas vezes quiser" (risos), completei.
Vitão: No dia seguinte, logo nos primeiros acordes da música, o público foi à loucura, e do palco, ele deu uma olhada onde eu estava e deu uma piscadinha, como se dizendo: "Você tinha razão". Depois do show, eu estava no camarim conversando com o Roger Glover, quando apareceu o Gillan querendo falar comigo. O cara entrou na frente de todo mundo, me abraçou e pediu desculpas. "Me desculpe, fui estúpido com você, você tinha razão, eles gostaram muito da música". Legal da parte dele.
O guitarrista Ritchie Blackmore num show do Rainbow no Brasil, não queria atender a MTV, mas fez questão de atender você, como foi isso?
Vitão: Todo mundo sabe que o Blackmore detesta dar entrevista, ainda mais para programas de TV. Estava tudo certo para ele gravar uma entrevista com o Gastão para a MTV no Olimpia. Eu também estava escalado para fazer uma, porém, quando cheguei, encontrei o Gastão muito puto, dizendo que o Blackmore havia cancelado o encontro. Pensei: "Se cancelou a MTV, eu rodei também". Foi quando um assessor do Blackmore me chamou num canto e disse: "Ele não gosta da MTV, mas vai fazer a entrevista com você, só que depois do show no hotel, você topa?", adivinha o que eu respondi? (risos)
Qual foi o entrevistado mais mala que você já presenciou?
Vitão: Tiveram alguns. O Glen Danzig e o Tony Martin (ex-Black Sabbath). O Zakk Wylde eu bati o telefone na cara dele, o cara estava muito bêbado e não falava coisa com coisa (risos). Outro cara chato que entrevistei foi o Michael Weikath (Helloween), pois ele estava sempre com cara de "bosta". Brinquei o tempo todo com ele num programa ao vivo. O mais legal foi que o vocalista Andi Deris entrou no clima e também brincou com ele o tempo todo.
E as entrevistas mais legais?
Vitão: Rolaram algumas bem legais e engraçadas como, por exemplo, a do Rick Wakeman. O cara adora parar a entrevista pra contar piada, é uma figura, extremamente inteligente e com um senso de humor único. O Ronnie James Dio é outro que guardo lembranças incríveis. No total foram umas 13 entrevistas, todas sensacionais. O Bruce Dickinson é meio de lua... Também fiz umas 13 ou 14 entrevistas com ele que foram bem legais. São muitas para relatar aqui...
Quais as maiores dificuldades de se fazer um programa de rádio sobre Heavy Metal no Brasil?
Vitão: Você convencer as pessoas que apesar de terem uma rádio, desconhecerem por completo da essência e da importância que o estilo tem, e o mais importante: existir rádios dedicadas ao Rock, com espaço ao Heavy Metal assim como a Kiss FM.
Existem muitas pessoas amadoras no meio e que atrapalham a cena do Heavy Metal. Como você lida com isso?
Vitão: Os amadores aparecem, fazem suas cagadas e somem. Depois de um tempo voltam a aparecer, fazendo mais algumas cagadas, e voltam a sumir. Mas para cada amador sumido, sempre aparecem dois no lugar, é cíclico (risos). Se isso atrapalha a cena? Sim, demais! Mancham o trabalho de gente séria e essa é a pior parte da história. Acredito que, depois de 22 anos, aprendi a lidar saudavelmente com esses tipos, mas, mesmo assim, todo cuidado é pouco.
Quais os planos para o futuro próximo?
Vitão: Terminar meu novo estúdio, isso se antes eu não matar uma dúzia de pedreiros (rs), dar uma super descansada no final de ano, e voltar com tudo em 2011, com algumas novidades interessantes.
O Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte na divulgação do programa "Backstage". Fique à vontade para as considerações finais.
Vitão: Muito agradecido pelo espaço. Espero ver todos vocês na festa de 22 anos do Backstage e do Electric Funeral, nesse sábado (20/11), no Blackmore Rock Bar. Muito obrigado a todos que acompanham os meus trabalhos, seja por 22 anos, 22 meses, 22 semanas, 22 dias, ou há 22 minutos (risos).
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