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Neurosis: entrevista com o vocalista e guitarrista Steve

Por Luiz Mazetto
Fonte: Blog Dor de Ouvido
Postado em 21 de outubro de 2010

Formado na ensolarada Califórnia, EUA, em 1985, berço de grupos e estilos tão diferentes como Grateful Dead, Dead Kennedys e Slayer, o Neurosis é uma das principais bandas de rock/metal das últimas décadas. Com um som extremamente reconhecível, ainda que muito diverso ao longo da carreira, o grupo sempre soube misturar as quantidades exatas de metal e punk (e seus diversos sub-gêneros) criando um estilo único, já denominado de diversas maneiras (post metal, sludge core, epic doom e outros nomes no mínimo estranhos e sem sentido), mas que nunca conseguiram definir o indefinível e destruidor som da banda, que varia entre a calmaria e o peso explosivo de maneira perfeita, tendo influenciado bandas de diversas vertentes da música pesada, como High on Fire, Mastodon, Kylesa e Isis, só para citar algumas mais conhecidas. Seja nos primeiros álbuns, mais crus e com maior influência punk, nos já clássicos produzidos por Billy Anderson, que significaram uma reviravolta na carreira do grupo, ou nos últimos quatro discos, todos com o dedo de Steve Albini, o sexteto (contando Josh Graham) nunca abandonou seus ideais e sua paixão pela música.

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Neste ano, a banda completa 25 anos de estrada, com nove álbuns de estúdio na bagagem (sem contar o disco em parceria com a vocalista Jarboe e alguns EPs).

Confira abaixo a entrevista realizada por telefone com o mais do que simpático vocalista e guitarrista Steve Von Till, que fala sobre as mais de duas décadas da banda, além de planos para o futuro.

Neurosis da esq. para dir: Josh Graham, Jason Roeder, Noah Landis, Steve Von Till, Scott Kelly e Dave Edwardson

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1- O Neurosis começou a tocar em 1985. Quando você se juntou à banda? Já conhecia os caras?

SVT: Eu entrei na banda em 1988. Eles tocavam em vários lugares na época e eu já conhecia e gostava da banda. E eu tinha outros projetos antes de entrar na banda, mas nada muito sério.

2- Quais eram seus objetivos no início da banda? Vocês pensavam em ficar juntos por tanto tempo?

SVT: Queríamos tocar muito, fazer música. Acho que talvez não pensássemos em chegar tão longe e ficar tanto tempo juntos. E como não fazíamos parte de nenhuma cena específica, acabávamos tocando nos mais diferentes lugares, atravessando o país todo tocando.

3- Vocês têm algum plano especial para um show ou algo do tipo para comemorar os 25 anos do Neurosis?

SVT: Não. Isso seria um pouco brega. Parece algo um pouco abstrato fazer algo especial apenas por causa de um número. Neste ano, vamos apenas continuar o que fazemos normalmente, que é fazer nossos shows e trabalhar em material novo.

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Nota do repórter: Apesar da negativa sobre possíveis realizações especiais pelo aniversário, o clássico disco "Enemy of the Sun" foi relançado, com a capa redesenhada por Josh Graham (membro da banda, que cuida de toda a parte visual dos shows e discos, além de tocar guitarra e cantar no A Storm of Light). E no site oficial do grupo esse relançamento é descrito como uma nova versão para comemorar justamente os 25 anos de estrada da banda.

4- Vocês com certeza inspiraram muitas bandas, dos mais diversos estilos, como Mastodon e Isis, só para citar algumas das mais conhecidas e próximas de vocês também. Gostaria de saber quais bandas inspiraram vocês?

SVT: Bom, sempre admiramos bandas que faziam suas próprias coisas. Sem se importar com nada. Que não faziam parte de nenhuma cena ou coisa do tipo. Bandas como Black Sabbath, Black Flag, Amebix e Joy Division.

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5- Todas as músicas da banda são muito intensas. Mas penso que, apesar desse ponto em comum, todos os álbuns possuem "estilos" diferentes, com mudanças sonoras perceptíveis ao longo da carreira. Como vocês escrevem as músicas/discos?

SVT: Bom, nós não temos um padrão específico de composição. Varia muito. As vezes criamos algo antes de nos encontrarmos. Ou no ensaio juntos. Ou cada um leva uma parte e criamos na hora. Ou fazemos algo e jogamos tudo fora e depois fazemos uma música a partir disso, mas soando totalmente diferente. Como eu disse, não existe realmente um padrão ou algo desse tipo. É como se algo se apoderasse de nós. Como se as musicas não fossem nossas. Mas fossemos apenas os escolhidos para tocá-las.

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6- Vocês moram em cidades diferentes atualmente, certo? Com qual frequência costumam ensaiar ou se encontrar para trocar ideias sobre novas músicas e coisas do tipo?

SVT: Hoje em dia moramos até que meio longe uns dos outros Por isso, podemos chegar a ficar meses sem nos encontrar. Mas vamos sempre nos falando, mandando ideias de novas musicas, como é o caso agora (Nota: a banda está começando a preparar um novo disco, ainda sem data de lançamento). E quando temos um show pela frente normalmente nos encontramos uma semana antes para fazer alguns ensaios.

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7- Por qual razão a banda tem feito menos shows nos últimos anos?

SVT: Bom, no começo, quando éramos mais novos, nós só queríamos tocar, em praticamente qualquer lugar. Desde que tivesse um pouco de comida, um lugar para dormir, ou algumas cervejas ou algo do tipo (risos). Depois de um tempo, as coisas começaram a dar certo e resolvemos realmente ir em frente. Chegamos a fazer mais de 100 shows por ano numa época. Mas foi em 1999 eu acho que paramos e pensamos que não era mais isso que queríamos. Que não fazia mais sentido para nós. Todos esses shows. Pensamos que tínhamos famílias em casa. E não queríamos mais ficar tocando em lugares ruins ou fazer shows de que pudéssemos não gostar ou estar numa segunda-feira fazendo um show qualquer, por exemplo. Não estava mais fazendo sentido para nós.

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Hoje em dia tocamos apenas aonde queremos. Gostamos que cada show seja especial, uma experiência diferente. Não apenas mais um show. Temos empregos regulares e tentamos ser bons pais e tudo mais. E procuramos também ter trabalhos que sejam mais flexíveis para que possamos fazer nossos shows.

8 – Alguma chance de a banda tocar no Brasil algum dia?

SVT: Bom. Quem sabe cara? Tudo é possível. Acho que seria meio caro levar nove caras até aí (risos). Eu acho que nunca fomos convidados oficialmente. Mas claro, adoraríamos. Eu nunca fui ao país.

Leia a outra metade da entrevista no blog Dor de Ouvido: somruim.wordpress.com.

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