Graveworm: Vibrações e novo começo no Black Metal
Por Rafael Carnovale
Postado em 27 de setembro de 2005
Os italianos do Graveworm já possuem um "curriculum" de respeito, com quatro CDs lançados, e shows pela Europa, como "headliners" ou em festivais de verão. A banda lança agora "Nutopia", no qual supera a saída do guitarrista e compositor Steve Unterpertinger, com a entrada do igualmente talentoso Lukas Flarer. Completam o time: Stefano Fiori nos vocais, Hary Klenk - que saíra da banda e voltou para este CD - no baixo, Sabine Mair nos teclados, Eric Righi na segunda guitarra e Moritz Neuner na bateria. Lukas se mostrou um bom substituto e a banda emplaca mais um grande álbum. Batemos um papo com Stefano Fiori para adquirir mais detalhes do novo CD e falar de outras coisas muito interessantes, como a versão para o clássico pop "Losing My Religion" do R.E.M.
Whiplash! - As bandas de power metal têm sido o grande destaque da Itália. Como é ser de uma banda de metal extremo em seu país? A aceitação é boa para o estilo ao que vocês se propõem?
STEFANO FIORI - Desde o começo tivemos um direcionamento mais focado no metal alemão e austríaco. Todos falamos alemão e foi fácil para nós lidar com algumas pessoas nessa época. Mas preciso ressaltar que somos uma banda de metal italiano e nos sentimos assim. Fico chateado quando alguns italianos pensam que somos alemães ou austríacos, por causa do idioma e do direcionamento musical, mas sabemos que o contrato com a Nuclear Blast irá nos ajudar a mudar essa situação no futuro.
Whiplash! - Algumas pessoas rotulam o Graveworm como uma banda de "Symphonic Black Metal", ,mas "Nutopia" apresenta vários elementos que fogem do espectro "black metal", como passagens de metal melódico, e atmosféricas. Como você definiria o estilo de sua banda?
STEFANO FIORI - Para mim a melhor maneira de nos descrever é "Dark Metal". Somos influenciados por vários estilos musicais, do Black ao Death, Gothic e Metal em geral. Em nosso novo CD você ainda vai encontrar alguns ‘riffs’ de metalcore ou coisas do tipo. Eu particularmente considero isso como ‘Dark’...
Whiplash! - Seu primeiro contato com o gótico foi no EP "Eternal Winds" (1997). Agora vocês trabalham com vários estilos, fincando suas raízes no Death Metal. Como você analisaria a evolução musical da banda no decorrer dos anos?
STEFANO FIORI - Quando começamos a tocar fazíamos vários "covers" de bandas como Napalm Death, Cannibal Corpse e outras. Aí começamos a procurar as melodias que nos satisfizessem como músicos. Nossos primeiros lançamentos foram inspirados pela banda alemã Crematory. Depois destes discos passamos a procurar nosso som, nosso diferencial. Os dois álbuns seguintes foram influenciados por bandas como Dimmu Borgir e Cradle Of Filth. Nunca quisemos copiar esta ou aquela banda, mas a sonoridade similar ás vezes simplesmente surge em um riff ou uma passagem de música. Com o novo CD mudamos o processo de composição, e isso trouxe algo novo para a banda, o que chamamos de "Nutopia".
Whiplash! - "Nutopia" reflete um novo começo. A saída de Steve Unterpertinger teve algo a ver com isso?
STEFANO FIORI - Como disse depois da saída de Steve, nos vimos em dois grandes problemas: achar um novo guitarrista e um bom compositor. Lukas preencheu os dois requisitos plenamente. Ele nos afirmou que suas idéias visavam como a banda soaria no futuro. Devo confessar que estava meio receoso, mas a escolha não poderia ter sido melhor.
Whiplash! - Como foi o processo de composição, agora com a participação de Lukas e o retorno de Harry ao baixo?
STEFANO FIORI - Lukas tem um estúdio em sua casa e foi responsável por 95% das músicas. Quando ele escreve, ele escreve a música completa, da bateria aos teclados e ainda colocando as letras. Foi um processo diferente, mas funcional e prático para nós.
Whiplash! - "The Machine" funde com habilidade heavy, death e metal gótico e será o primeiro vídeo de "Nutopia". Porque desta escolha?
STEFANO FIORI - Tínhamos três opções de início. "The Machine", "Nutopia" e "Hateful Design". Depois de algumas discussões com nossa gravadora decidimos pela primeira opção, por ser a mais acessível e ao mesmo tempo agressiva e forte. Mas pode ser mostrada na TV sem problemas. Acho que o vídeo não é algo tão especial, pois queríamos apenas mostrar a banda como ela é. Uma "performance" ao vivo com efeitos visuais.
Whiplash! - "Nutopia" lembra muito o som praticado por In Flames e Children Of Bodom. Você concorda com isso? O que acha destas bandas que agregam o death e o heavy metal?
STEFANO FIORI - Concordo! In Flames é uma das minhas bandas favoritas. Adoro os novos trabalhos deles. Children Of Bodom é uma grande banda, mas não é a minha favorita. Também acho que a faixa citada lembra o Hypocrisy... uma das melhores bandas que tocam Death Metal no mundo.
Whiplash! - A banda usou alguns elementos industriais em "Hateful Design" e "MCMXCII". É algo a ser mais desenvolvido no futuro?
STEFANO FIORI - Não sei afirmar com certeza. Gostamos de experimentar, mas sem comprometer nossas raízes. Somos o Graveworm e continuaremos sendo o Graveworm no futuro.
Whiplash! - "MCMXCII" tem um conteúdo muito pessoal. Poderia nos contar mais sobre isso?
STEFANO FIORI - Sim, é uma música especial para mim. É o número 1992 em romano. Este foi o ano em que perdi meu pai. Venho desenvolvendo este tema a um bom tempo, e agora decidi escrever as letras, como uma homenagem a ele usando meu trabalho.
Whiplash! - Outra grande música é "Deep Inside", que eu acho que seria ótima para um segundo "single" ou vídeo. Há planos para tal?
STEFANO FIORI - Definitivamente não. Vamos nos concentrar em compor músicas para o próximo álbum. Fizemos duas turnês este ano e faremos mais uma em outubro. Depois de encerrar estes shows, começaremos a compor. Isto é mais importante para mim. Faremos um vídeo no próximo álbum, com certeza.
Whiplash! - Em "Engraved In Black" vocês fizeram uma versão fantástica para "Losing My Religion" do R.E.M., e esta veio como bônus em "Nutopia". Vocês chegaram a tocar esta música ao vivo?
STEFANO FIORI - Na verdade tivemos muitos problemas legais com esta música em nosso CD anterior, porque mudei alguns versos das letras. Nossa gravadora teve que retirar do mercado os CDs que tinham a música (na época de "Engraved in Black") e lançar uma nova tiragem sem a mesma. Como muitas pessoas nos perguntaram aonde poderiam encontrar a música, por não possuírem a primeira tiragem do CD, decidimos refazer o trabalho e colocar como bônus em "Nutopia". Tocamos a música algumas vezes e foi muito divertido.
Whiplash! - Vocês já excursionaram com várias bandas, e tocaram em festivais europeus de renome. Há algum momento em especial que tenha marcado a carreira do Graveworm?
STEFANO FIORI - Só poder ficar em frente a tantos fãs loucos já se configura um momento marcante. É ótimo ver tantas pessoas pulando quando ouvem sua música. A energia que emana do público é indescritível.
Whiplash! - A banda já recebeu emails ou cartas do Brasil? Há algum plano para shows na América do Sul?
STEFANO FIORI - Sim... e é uma felicidade ver que os brasileiros gostam de nosso trabalho. Não temos plano para shows no Brasil agora, mas no próximo álbum vamos tentar ao máximo viajar para aí e tocar para nossos fãs.
Whiplash! - "Black Metal" é um estilo que vem sofrendo mudanças com o aparecimento de bandas como Dimmu Borgir, Cradle Of Filth, que diferem drasticamente dos nomes mais consagrados como Venom e Possessed. O que você considera como uma banda de "Black Metal" plena?
STEFANO FIORI - Para mim bandas deste estilo tocam música muito selvagem, rápida e agressiva, sem compromisso. Considero bandas de "Black Metal" Marduk, Immortal e Darkthrone. Estas sim se encaixam no estilo.
Whiplash! - Stefano, obrigado pela entrevista. Este espaço é seu para deixar uma mensagem aos fãs brasileiros que visitam o WHIPLASH! Rocksite.
STEFANO FIORI - Muito obrigado pela oportunidade de falar aos brasileiros. E obrigado a todos por nos apoiarem e ouvirem nossa música. Vamos tocar para vocês no futuro, e não vai demorar... até logo!
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