Meduza: Entrevista exclusiva com o guitarrista Stefan Berg
Postado em 16 de fevereiro de 2003
A banda sueca Meduza aportou recentemente no Brasil, com o seu primeiro álbum – "Now and Forever" – lançado pela gravadora Hellion Records. Para quem nunca ouviu falar na banda, saiba que se trata de uma grande revelação do cenário sueco, e que já vem obtendo muitas boas críticas tanto aqui no Brasil, como na Europa e Japão. A banda diferencia-se do convencional ‘power melódico’ por possuir um vocalista com um timbre bem característico, pela baixa inserção de teclados nas músicas e – o mais marcante – pela influência da música barroca. Conversamos com o líder e guitarrista do Meduza, Stefan Berg, que é acompanhado pelos músicos Apollo Papathanasio (vocal), Jonas Edström (baixo), Jan Larsson (teclado) e Ola Grönlund (bateria).
WHIPLASH - Primeiramente, como surgiu o nome Meduza? Sabemos que ele tem uma certa história dentro da cultura grega...
STEFAN BERG / Você está certo quanto à relação do nome e a mitologia grega. Um nome que estava bem cogitado era Autunn Lords (nota: também referente à mitologia grega), mas nosso empresário achou que este nome servia melhor para uma banda de death metal. Por isso optamos pelo Meduza, já que esta é uma criatura realmente fascinante da mitologia mundial.
WHIPLASH - Por falar em cultura egípcia, o álbum "Now and Forever" pode remeter diversas vezes a esta cultura, por exemplo, a capa e a música "Curse of Pharaoh". O trabalho do Meduza é conceitual, pelo menos, dentro deste tema histórico?
STEFAN BERG / Não, o "Now and Forever" é apenas o resultado da escolha que fizemos quanto às melhores músicas para estarem presentes neste nosso álbum. O fato de se ter músicas com temáticas parecidas, foi mera coincidência. Mas quanto à capa, pensamos mesmo em tê-la ligada ao nome da banda.
WHIPLASH - A banda é sueca, porém, o vocalista é grego. Como é para vocês possuir no line-up o vocalista Apollo Papathanasio? Como vocês chegaram até ele, ou como ele chegou até a banda?
STEFAN BERG / Nós tentamos ter na banda o vocalista Kristian Andrén, que gravou com bandas como Memento Mori, Tad Morose, Fifth Reason, Street Talk e Wuthering Heights. Nós tentamos por diversas vezes ter ele na banda, mas por problemas pessoais, resolvemos procurar um outro vocalista. Eu conversei com o Claus da Intromental (nota: empresa ‘management’ da banda) e mostrei para ele o álbum do Trinity Overture, e disse também que eu havia adorado o vocalista daquela banda, o Apollo. O Claus foi atrás do vocalista, mandou para ele uma versão demo do que queríamos gravar e ele aceitou entrar na banda de imediato. Acredite, ele é um grande cara!
WHIPLASH - No final do encarte, temos através das suas palavras, que o som do Meduza chega bem perto de uma visão do que seria a melodia do metal melódico juntamente com influências barrocas. Como surgiu a idéia de fazer este tipo de som? Podemos dizer que ele está longe de ser propiciado através de uma forma mais, digamos, "natural"?
STEFAN BERG / A grande maioria do trabalho não foi planejada, veio naturalmente da minha parte, em músicas que eu gostaria bastante de ouvir. Quando estou compondo, eu sempre busco incorporar ao nosso metal algumas influências da música clássica, mas nunca em demasia...
WHIPLASH - Acredito que músicas como "Shed no Tears", "Now and Forever", "Land of Forgotten Dreams", por exemplo, são as melhores do álbum. Vocês possuem este mesmo ponto de vista? E quais são as músicas que os fãs ao redor do mundo gostam mais?
STEFAN BERG / Bem, "Shed No Tears" parece para mim a música favorita de todos os que nos acompanham, não só dos fãs, mas da banda também. Também considero "Burn in Hell" e "Touch The Sky" como minhas favoritas. Já os outros integrantes do Meduza gostam de músicas como "I Will Rise" e "Hounds of Hell". É muito difícil citar uma música em especial, todas elas são especiais para nós... Fazer esta escolha é como escolher, por exemplo, um filho favorito! (risos)
WHIPLASH - O que pode ser dito quanto à faixa-bônus da versão brasileira do "Now and Forever", a instrumental "Farewell (I Miss You)"? Por que ela não está na edição normal do álbum?
STEFAN BERG / O Claus (da Intromental) me disse uma vez que a gente precisava de uma faixa bônus para o Brasil, então, eu precisei escreveu algo "diferente". Esta música é dedicada a uma mulher que eu amei bastante, porém sem ser correspondido. Tecnicamente esta faixa não é perfeita, mas ela demonstra bastante emoção a quem a ouve. Por isso, decidi que esta seria uma faixa bônus perfeita.
WHIPLASH - Este álbum foi lançado na Europa pela dinamarquesa Intromental Records, e aqui no Brasil, pela Hellion Records. O que pode ser dito sobre este trabalho ao lado destas gravadoras?
STEFAN BERG / Antes, apenas uma correção: o álbum está sendo lançado pela Massacre Records na Europa, a Intromental é apenas quem nos empresaria. No Japão, o "Now and Forever" saiu pela Toshiba-EMI e na Coréia pela Sail Productions. O trabalho ao lado destas gravadas vem sendo muito bom. Todas trabalham de forma muito profissional, e é uma gratificação para nós termos o nosso álbum em tantos lugares diferentes no mundo.
WHIPLASH - Todas as resenhas que eu tenho lido quanto a este material do Meduza, são sempre as melhores possíveis aqui no Brasil. O que vocês sabem sobre o nosso público de heavy metal?
STEFAN BERG / Que legal! Pena que eu ainda não tomei conhecimento algum quanto a estas resenhas, mas sei que no Brasil o nosso resultado vem sendo bem positivo. Adoraríamos um dia tocar aí no Brasil, seria uma oportunidade inesquecível.
WHIPLASH - Para um próximo álbum podemos esperar um trabalho com o mesmo andamento "melódico/barroco", ou vocês pretendem algo ainda mais inusitado? A temática da banda continuará dentro da história antiga?
STEFAN BERG / Eu ainda não sei ao certo como será um próximo álbum, mas as influências do melódico e do barroco deverão continuar em nosso som, acompanhadas de um pouco mais de agressividade em nosso instrumental. As letras também devem ser diferentes, abordando temas mais sombrios em uma temática medieval.
WHIPLASH - O Meduza é a banda principal dos cinco integrantes, ou vocês possuem também outros projeto dentro da música?
STEFAN BERG / Atualmente, só eu que estou envolvido com algum outro projeto. Ele se chama Maestoso, capitaneado pelo tecladista Roberto Wikman, um músico muito bom por sinal. O som da banda é algo bem diferente, clássico e bombástico ao mesmo tempo. Espero que um dia você possa ouvir este trabalho!
WHIPLASH - Um dos fatos interessantes no som de vocês é o fato de não haver longas e cansativas passagens de teclado. Isto já era uma idéia preconcebida, ou aconteceu por acaso?
STEFAN BERG / Quando as músicas são compostas na guitarra, é natural que este instrumento prevaleça no som. Os teclados são incorporados no nosso som de uma maneira mais "leve" mesmo, para não deixarmos o peso das músicas de lado.
WHIPLASH - Vocês andam fazendo uma turnê de divulgação deste álbum? Quanto a um show do Meduza, o que se pode esperar?
STEFAN BERG / Alguns shows foram feitos, e quem um dia pretende nos conferir ao vivo, pode esperar bastante agito no palco e uma boa performance de todos, especialmente do vocalista Apollo, que é muito bom ao vivo.
WHIPLASH - Como ocorreram as gravações do "Now and Forever"? Vocês já chegaram no estúdio com tudo definido, como deveria ser? Como foi ainda, ter a produção do álbum assinada por vocês mesmos?
STEFAN BERG / A maioria das músicas já estava pronta antes das gravações, com exceção de algumas linhas de voz e teclado, que foram feitas em estúdio. Nós tivemos bastante liberdade em executar o nosso som, o que é muito bom. Como eu fui o produtor, sabia exatamente o que queria do nosso som, e todos os músicos tiveram liberdade para expor as suas características de tocar.
WHIPLASH - Vocês acreditam que o Meduza ainda é uma banda do underground sueco, mesmo com este álbum "Now and Forever" lançado na Europa e mais recentemente aqui no Brasil? A cena aí ainda é dominada por nomes como Hammerfall, In Flames, Yngwie Malmsteen...
STEFAN BERG / Bem, neste momento eu tenho um forte pressentimento que isto mudará em breve!
WHIPLASH - Obrigado pela entrevista, e espero ainda entrevistar o Meduza no futuro, com um novo álbum lançado aqui no Brasil. Para finalizar, peço que vocês deixem uma mensagem para os fãs brasileiros que acompanharam esta entrevista.
STEFAN BERG / Acreditem nos seus sonhos e nunca desistam deles. ‘Stay Metal’!
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