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DragonHeart: entrevista com o guitarrista Eduardo Marques

Por Rodrigo Vinhas
Postado em 10 de abril de 2002

Nessa 2º edição vamos abordar uma técnica usada em praticamente qualquer estilo de música, a chamada palhetada alternada. Teremos também um lick do Metropolis Part 2 : Scenes From a Memory, do Dream Theater e uma entrevista exclusiva com o guitarrista da banda DragoNHeart, Eduardo Marques. Confira:

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O DragonHeart, é uma banda já bem conhecida no underground brasileiro, tendo sido banda de apoio de grandes nomes internacionais em Curitiba e fazendo shows importantes como o Brasil Metal Union. A banda chega ao seu segundo álbum "Throne of the Alliance", que é um lançamento muito aguardado, pois nesse estilo "medieval" o DragonHeart é sem dúvida o maior expoente brasileiro. Este mês trazemos uma entrevista com o guitarrista da banda Eduardo Marques que fala sobre equipamento, influências o começo da carreira e dá algumas dicas.

Qual a sua formação musical?

Eduardo: Eu, como a maioria dos músicos de minha época comecei como autodidata. Há 13 anos quase não tinha material para estudo, instrumento de qualidade então... Depois de um tempo tocando em bandas de garagem eu queria tocar com mais seriedade. Quando entrei em estúdio para gravar uma demo conheci Murilo da Ross que é produtor e também um excelente violonista de música flamenca e guitarrista de mão cheia aqui de Curitiba. Com certeza ele é um dos melhores músicos brasileiros que conheço. Inclusive ele produziu os dois discos do DragoNHeart. Todo meu conhecimento técnico na guitarra foi ensinado por ele. Depois descobri a música clássica e medieval que me influenciou muito. Estudei um pouco esses estilos e agora dou aulas e toco no DragoNHeart. Mas pretendo continuar estudando para me aperfeiçoar.

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Você acha importante estudar fora pra ser respeitado aqui no Brasil?

Eduardo: Acho importante tocar bem. Claro que estudar fora enriquece muito o currículo do músico e a experiência de morar em outros países abre os horizontes tanto musicais como pessoais. Isso influencia muito na música. Quanto mais informações pessoais e técnicas você tiver mais ricas serão suas composições.

Quais suas influências?

Eduardo: Nos meus solos vocês podem sempre perceber uma parte rápida e técnica e outras com bastante melodia. Só correr escalas pelo braço do instrumento não faz sentido para mim. Além de ser auto-indulgente não passa nada para quem ouve. Na música há momentos que você tem que saber quando fazer uma coisa mais complexa e outro quando tocar um tema com mais feeling. Então, gosto muito de Brian May do Queen que sempre toca as notas certas nos lugares certos. O cara tem muito feeling! O guitarrista que mais gosto que toca com técnica invejável é John Petrucci, além dele ser um grande compositor com grande criatividade, faz coisas impressionantes com a guitarra. Mas Kai Hansen, Rock'n'Rolf são grandes influências como músicos de Heavy Metal. Compositores clássicos como Mozart, Vivaldi, Verdi e canções celtas e medievais sempre são uma referência importante tanto no meu estilo quanto no do DragoNHeart.

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O novo álbum do Dragonheart tem a capa feita por Andreas Marschall e foi mixado no Finnvox na Finlândia, até que ponto você acha que isso influencia para a profissionalização da banda?

Eduardo: Conseguimos aproximar ao máximo a qualidade deste trabalho às bandas estrangeiras. Acho que com o know-how que os gringos possuem gravando Heavy Metal há muitos anos eles tem todas as técnicas e formação de engenharia de som que no Brasil só agora estamos aprendendo. Quanto à capa é um sonho que virou realidade porque somos muito fãs do Andreas. Realmente ele fez um trabalho incrível e conseguiu captar exatamente o que queríamos.

O que a banda tem achado do trabalho da atual gravadora de vocês (HTR) e como a compara com a Megahard?

Eduardo: A HTR nos deu totais condições de trabalharmos esse novo álbum. Ainda não lançamos o trabalho novo para termos uma idéia de como eles vão trabalhar quanto aos direitos de vendagem e distribuição. Quanto a promoção está muito boa já que está sendo bastante divulgado nos principais veículos da imprensa metal. Já a Megahard é um problema do passado e uma experiência muito difícil que passamos que nem vale mais citar os caras.

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Como você vê o crescimento do heavy metal, no mercado nacional nos últimos anos?

Eduardo: Tem crescido muito. Existem bandas de todos os estilos e capazes de concorrerem com as bandas de fora. Infelizmente, como virou um grande business, apareceram também várias pessoas querendo se aproveitar do sonho da moçada que está começando sua carreira. Ainda vai levar alguns anos para acertarmos isso... Mas com o tempo o meio selecionará somente os profissionais mais dedicados.

Quais suas expectativas para o novo trabalho do DreagonHeart?

Eduardo: São as melhores possíveis já que estamos confiantes cem por cento no trabalho que fizemos. Nenhum detalhe foi deixado de lado. Desde a concepção da estória e letras até o processo de masterização foi exigido o máximo dos profissionais envolvidos. Quanto à banda, trabalhamos muito duro na pré produção e no estúdio para atingirmos o objetivo a que nos propusermos que era compor um álbum de heavy metal conceitual e que levasse a quem escutasse para dentro da estória do "Throne of the Alliance ". As narrações, diálogos entre os personagens e sons de batalhas estão lá junto com nossa música retratando cada evento da saga.

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Como as guitarras foram gravadas?

Eduardo: Nós usamos o amplificador JCM 900 da Marschall ligado em duas caixas com quatro falantes cada. Utilizei também o pré-amplificador da Marschall e um Exciter para dar pressão ao som e manter a distorção bem Heavy Metal. Microfonamos toda a sala e como experiência posicionamos um outro microfone na sala ao lado e abrimos a porta. Funcionou e ficou muito bom o timbre já que esse último microfone deu profundidade ao som.

Que efeitos você usou?

Eduardo: Eu toco sem efeitos para gravar as bases e solos. Depois acrescento um pouco de Delay e Reverber para amaciar o som na mixagem. Não gosto muito de encher de efeitos o som da guitarra. Por isso a performance na tomada tem que ser perfeita para que fique bom.

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Até que ponto você acha que os efeitos influenciam na qualidade de um guitarrista?

Eduardo: Os efeitos realmente ajudam na performance, principalmente ao vivo. Mas a técnica é fundamental. Não existe efeito que faça o guitarrista ter uma boa performance se ele não souber tocar com limpeza e souber o que está fazendo. E isso só se consegue através de bastante estudo e dedicação. A guitarra aparentemente é um instrumento fácil, mas tocá-lo com habilidade exige conhecimento e muita pesquisa.

Quais guitarras você usou?

Eduardo: Para as bases uma excelente Gibson Explorer que dá um grande peso ao som. E para os solos uma Ibanez bem antiga que não é mais fabricada pela empresa.

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Fora do Dragonheart você atua como músico de alguma outra forma, seja fazendo workshops dando aulas...

Eduardo: Sim, dou aula particulares de guitarra e violão aqui em Curitiba. Se alguém estiver interessado não se acanhe em me mandar um e-mail :) [email protected]

É possível viver bem de música no Brasil?

Eduardo: Infelizmente ainda não dá para viver exclusivamente de música no Brasil. O público faz sua parte, compram o disco, vão ao show, mandam e-mails nos apoiando. Nós músicos investimos em equipamentos, ensaios, estudo, abrimos mão de várias coisas em nossas vidas particulares. Mas o Heavy Metal não se torna mais sério no Brasil porque são outras pessoas que lucram com o estilo e elas nem gostam de Heavy Metal já que se gostassem não fariam o que fazem. Selos que não repassam o valor das vendas dos discos, produtores de show que não pagam nem o transporte para as bandas tocarem e ainda acham que é obrigação das bandas tirarem do bolso para se apresentarem! É uma pena porque, realmente na Europa, na maioria dos casos, eles já superaram essa fase o que torna as bandas muito melhores tecnicamente e profissionalmente já que podem dedicar-se com exclusividade à sua música e aos seus fãs.

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Como surgiu seu interesse na guitarra?

Eduardo: Eu sempre gostei de música. Minha avó era pianista o meu avô tocava violão e clarinete. Meus pais sempre escutaram muita coisa em casa. Então quando tinha treze anos descobri o Heavy Metal quando o Iron Maiden lançou o Seventh Son of a Seventh Son e fiquei doido. Comprei todos os discos dos caras, descobri o Sepultura, o Vulcano e comprei uma guitarra. Sonhava em tocar na frente de uma galera que cantava a música de minha banda. Por isso valorizo muito o que consegui com o DragoNHeart.

Qual foi sua primeira guitarra?

Eduardo: A minha primeira guitarra foi uma Giannini Stratosonic usada que comprei de um lutier. A guitarra estava toda destruída com o braço torto. Ela era horrível mas foi ali que aprendi os primeiros acordes.

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Deixe um recado para as pessoas que estão começando a tocar agora.

Eduardo: Procurem desde o início estudar com um professor. A evolução é bem mais rápida. Escutem muita coisa dentro e fora do estilo em que vocês querem tocar, sempre prestando atenção em outros instrumentos também, como o violino na música celta por exemplo. E componham desde o início do aprendizado para desenvolver a criatividade e habilidade. No início os resultados não serão os melhores mais depois com certeza virá a recompensa. Não esqueçam que o feeling é o mais importante e não tentem tocar mais do que podem fazer. E o mais importante... Keep the Metal!!!!!

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Sobre Rodrigo Vinhas

Rodrigo Vinhas é guitarrista da banda Thalion, ex-aluno de Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Hugo Mariutti e Kiko Moura. Vinhas dá aulas de guitarra na baixada santista. Telefone para contatos: (013) 3429-17-80. Em São Paulo: (11) 9890-0490.
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