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8 covers por bandas de rock e metal completamente diferentes da versão original

Por Fernando Claure
Postado em 10 de abril de 2024

A prática de tocar músicas de outras bandas e artistas não é incomum. Seja uma música icônica ou idolatria ao grupo da versão original, covers já apareceram em álbuns de estúdio, ao vivo e algumas bandas possuem projetos inteiros de covers, como o "Garage inc." do Metallica e "Under Cöver" do Motörhead. Esse tipo de reconhecimento é gratificante para o artista, mas e aqueles que gravam um cover e acabam transformando totalmente o som original? Estes são oito exemplos de bandas de rock e metal que fizeram covers de músicas de outros gêneros e acabaram criando uma nova identidade para a canção.

Judas Priest - Mais Novidades

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1. Judas Priest
Diamonds and Rust
(Original por Joan Baez)

Famosa por canções como sua versão de "House of the Rising Sun" e "Donna Donna", Joan Baez é uma artista renomada de folk, folk rock e outros gêneros, com cerca de 66 anos de carreira e mais de 30 álbuns de estúdio e muito mais material em compilações, singles, EPs e discos ao vivo. Em 1975, o seu álbum "Diamonds & Rust" foi lançado e, no final do mesmo ano, o Judas Priest viria a gravar um cover da música do mesmo título durante as sessões para o grandioso "Sad Wings of Destiny".

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Porém, o cover só viria a ser lançado no álbum seguinte, "Sin After Sin", em 1977 como uma regravação. A versão para "Sad Wings of Destiny" foi lançada nas coletâneas "The Best of Judas Priest" e "Hero, Hero", ambas sendo compilações de materiais gravados para os álbuns "Rocka Rolla" e "Sad Wings of Destiny", quando a banda ainda fazia parte do selo Gull Records.

O cover é uma versão mais intensa, com um ritmo galopante e vocais harmônicos de Rob Halford. Se Baez cantou uma música relaxante e mais íntima com o ouvinte, o Judas Priest canalizou a energia que usou para gravar "One For The Road" e "Rocka Rolla" e transformou a canção em uma aventura emocionante e contagiante, que inclusive chegou a receber aprovação da autora.

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2. Ministry
Roadhouse Blues
(Original pelo The Doors)

Em 1970, o The Doors lançou o seu quinto e penúltimo álbum antes da morte de seu vocalista, Jim Morrison. "Morrison Hotel" veio a ser um grande sucesso, principalmente devido a dois hits que se juntaram para a coleção de grandes canções do grupo: "Peace Frog" e "Roadhouse Blues". A letra na última possui algumas características peculiares, como improvisações desconexas por um Jim Morrison bêbado e, apesar do instrumental animado e pegadiço, a sua última frase antes do refrão final ser "O futuro é incerto e o fim está sempre próximo".

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A letra possui várias histórias de origem e interpretações. Uma das pessoas a gravar a sua interpretação foi o vocalista Al Jourgensen da banda de metal industrial, Ministry. O grupo fez o cover de "Roadhouse Blues" para o seu décimo primeiro álbum, "The Last Sucker", e viria a fazer parte do lançamento seguinte, um álbum apenas de covers intitulado "Cover Up". A versão é vastamente diferente da original, com uma bateria eletrônica brutal e vocais frenéticos, transformando a música original de um blues alegre para um industrial esmagador.

Em 2008 para a Blabbermouth.net, Al explicou o seu intuito com o resultado final do cover e mencionou os Rolling Stones e o cover que eles fizeram da música "Under My Thumb". "Se você ouvir a letra de ‘Under My Thumb’, é a música mais misógina já feita. Eu nunca entendi essa dicotomia, então sempre quis bater nessa tecla. É a mesma coisa com [Roadhouse Blues], é uma música de blues, mas a letra é sobre dirigir seu carro em direção à uma parede em velocidade máxima, bêbado e sem dar a mínima. É mais para um hino anarquista, deveria ter sido uma música dos Sex Pistols. Então eu quis fazer as duas versões com o espírito da original".

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3. Chat Pile
Roots Bloody Roots
(Original pelo Sepultura)

Grupo recente de rock e sludge metal, o Chat Pile lançou seu primeiro álbum de estúdio em 2022, intitulado "God’s Country". A banda de Oklahoma, que possui uma sonoridade agressiva e com um toque de doom metal, começou suas atividades em 2019 e no meio tempo até seu primeiro LP, disponibilizou dois EPs e dois singles, sendo um destes singles um cover de "Roots Bloody Roots", do Sepultura.

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O cover possui o estilo próprio da banda e do vocal de Raygun Busch, com um som mais abafado, explosivo e ecoado, mas retém todos os elementos da versão original. O Chat Pile não fez um desserviço, mas é possível que essa mudança no tom não agrade a maioria dos fãs do Sepultura, considerando o tamanho da personalidade da faixa.

Na época de gravação, o selo ao qual o Chat Pile pertencia, The Flenser, estava reunindo covers de outros grupos para formar uma coletânea de covers de nu-metal. "Send The Pain Below" foi lançado em 2022 pelo selo e contém covers de músicas do Deftones, Chevelle, Slipknot, Korn e Kitties, além do Sepultura. Apesar do termo "nu-metal" ter uma conotação negativa, o projeto foi desenvolvido como um tributo aos grupos e com respeito aos originais.

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Esse estigma do nu-metal foi abordado pelo próprio Chat Pile, que comentou para o theprp.com "O ‘Roots’ do Sepultura é um álbum incrível, uma verdadeira visão do potencial artístico que o nu-metal poderia atingir e um exemplo raro de uma ‘banda legado’ que conseguiu evoluir seu som para uma nova geração de fãs. Infelizmente o nu-metal foi para o lixo criativo quase imediatamente depois desse álbum (com exceções notáveis) e nos encontramos onde estamos hoje, seja para o melhor ou para o pior".

4. Cannibal Corpse
No Remorse
(Original pelo Metallica)

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Escrita por James Hetfield e Lars Ulrich, "No Remorse" é uma das faixas mais subestimadas do Metallica. Um dos destaques do primeiro álbum da banda, "Kill Em’ All", grupos como o Diamond Head e Cannibal Corpse gravaram covers de "No Remorse". As características presentes no som e nas letras são um mix de ódio, agressão e apatia pelo próximo, o que são emoções perfeitas para um cover da banda que, na época de gravação da versão, era composta por George "Corpsegrinder" Fisher, Pat O’ Brien, Jack Owen, Alex Webster e Paul Mazurkiewicz.

Fundado em 1988, o grupo de death metal é notório por suas letras explícitas e capas de álbum grotescas, com músicas como "I Cum Blood" (eu ejaculo sangue) e "Severed Head Stoning" (apedrejamento da cabeça cortada). A banda gravou um cover de "No Remorse" que, inicialmente, esteve presente apenas em versões limitadas do álbum "Gore Obsessed". Porém, a versão viria a ser lançada definitivamente no projeto seguinte da banda, o EP "Worm Infested".

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O cover é mais agressivo e visceral, com os vocais de Corpsegrinder flutuando entre um grave tenebroso e um grito mais acentuado e um pouco menos pesado. Os instrumentais brutais são fiéis ao estilo da versão original, mas com um toque mais explosivo para acompanhar o vocal destrutivo. Diferente da versão mais polida e limpa num sentido de produção, o cover pelo Cannibal Corpse intensifica ainda mais o tema proposto pelo Metallica.

5. Type O Negative
Black Sabbath
(Original pelo Black Sabbath)

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O baixista e fundador do Type O Negative, Peter Steele, era um grande fã de Beatles e Black Sabbath e chegou a citar as bandas como duas grandes influências para a sonoridade que desejava dar para o seu grupo. Essa admiração levou Steele a gravar diversos covers ao longo do tempo em que a banda esteve ativa, de artistas como Neil Young, Jimi Hendrix, Seals & Crofts e claro, Black Sabbath.

Inicialmente, o Type O fez um cover de "Black Sabbath", do álbum de mesmo título, para um tributo à banda realizado por diversos artistas em 1994, intitulado "Nativity in Black". Dois anos depois, para o single "My Girlfriend's Girlfriend", a banda fez um segundo cover mas com letras diferentes. Ozzy Osbourne disse que escreveu a letra quando Geezer Butler recontou uma história de quando estava obcecado por imagens satânicas e misticismo e, após se deitar para dormir e acordar, disse que viu um vulto com olhos de fogo encarando-o. Pois Steele refez a letra, agora pela perspectiva da figura tenebrosa, e intitulou essa versão como "Black Sabbath (From the Satanic Perspective).

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A música ficou um tempo apenas como um lado B de um single, até que o Type O Negative lançou a coletânea "The Least Worst Of" (traduzido para "O menos pior"), que reuniu faixas dos álbuns "Slow, Deep and Hard", "Bloody Kisses", "October Rust" e "World Coming Down", sendo lançada em 2000.

Peter Steele faleceu em 2010 e o Type O Negative acabou. Mas o som da banda continua vivo pelos fãs, sendo um deles o baterista original do Black Sabbath, Bill Ward. Em entrevista para a Rolling Stone em 2017, Ward citou o álbum "October Rust" como um de seus favoritos de todos os tempos, mencionando que a música "Red Water (Christmas Mourning)" é tão incrível que ele a coloca para tocar em seu show de rádio, "Rock 50", anualmente no mês de dezembro.

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6. Sonic Youth
I Wanna Be Your Dog
(Original pelo The Stooges)

Ícones da cena indie na década de 1980, o Sonic Youth surgiu como um grupo de adolescentes que não se encaixavam nos moldes da época. Não eram punks, pop, metal e nem post-punk, eram apenas Sonic Youth. Mas assim como todas as outras bandas, cada membro possuía suas influências e artistas favoritos. Um desses grupos era o The Stooges, lendária banda que viria a gravar álbuns icônicos como "Funhouse" e "Raw Power" e ter o seu vocalista, Iggy Pop, considerado como um dos "padrinhos do punk".

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O maior sucesso dos Stooges veio em seu álbum de estreia, "1969", na música "I Wanna Be Your Dog". A versão original é polida e refinada pelo estilo de produção de John Cale (ex-Velvet Underground), mas ao vivo era outra situação. Iggy ficou famoso por seus atos obscenos e chocantes nos palcos e foi exatamente isso que o Sonic Youth quis trazer para o cover.

Abrindo a música com o instrumental "Freezer Burn", uma gravação feita dentro de uma câmara fria, a faixa e a transição para "I Wanna Be Your Dog" funcionam como um filme de terror, antes da parte do susto. O cover começa com um vocal ríspido, intenso e vibrante da baixista Kim Gordon, no melhor estilo Iggy Pop ao vivo. A qualidade da gravação e os instrumentais frenéticos e maníacos da banda, juntamente com o estilo vocal de Gordon fazem dessa versão uma das mais icônicas da música. O Sonic Youth chegou a tocar a faixa em outras ocasiões, incluindo com o próprio Iggy em um show em 1987, que viria a ser divulgado na coletânea "Screaming Fields of Sonic Love", em 1995.

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7. Hi-STANDARD
Changes
(Original pelo Black Sabbath)

A banda de punk rock japonesa Hi-STANDARD fechou um contrato em 1996 com a Fat Wreck Chords, selo fundado pelo baixista e vocalista da banda NOFX, Michael Burkett (Fat Mike). Desde então, o grupo começou a ter mais exposição no oeste, tendo realizado tours ao lado de bandas como Green Day, Offspring, Lagwagon e outras populares da cena do punk mainstream da década de 1990.

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Durante esse período, a banda lançou o seu terceiro álbum "Making the Road", repleto de músicas rápidas, com vocais altos e, por mais que seja um grupo japonês, todas as músicas são cantadas em inglês. Uma dessas músicas é um cover da famosa "Changes", do quarto álbum do Black Sabbath.

O cover é uma versão totalmente diferente da original. Enquanto Ozzy Osbourne cantou uma versão emocionante e impactante com o seu piano em "Vol. 4", os vocais de Akihiro Nanba são menos melancólicos e mais altos e agudos, gravando uma versão de estúdio como se estivesse tocando para um estádio cheio. O baixo de Akihiro, guitarra de Ken Yokoyama e bateria de Akira Tsuneoka formam um estilo tradicional do punk da década de 1990, sem desacelerar muito e com uma intensidade surreal.

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8. Rainbow
Still I’m Sad
(Original pelo The Yardbirds)

O Rainbow tem uma história um pouco complicada com a canção "Still I’m Sad" dos Yardbirds, isso porque eles possuem três versões diferentes em sua discografia. O primeiro cover veio como uma versão instrumental e a última faixa no álbum de estreia da banda, "Ritchie Blackmore’s Rainbow". A segunda é um cover ao vivo com os vocais de Ronnie James Dio presentes, que veio a participar do LP ao vivo "On Stage". A terceira e última versão foi gravada em 1995, com os vocais de Doogie White, para o último álbum de estúdio da banda, "Stranger in Us All".

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Apesar dessa trilogia de covers, a versão original gravada para o álbum de estreia em 1975 continua sendo a mais icônica, mesmo sem os vocais de Dio presentes. Os instrumentais de Ritchie Blackmore, Micky Soule, Craig Gruber e Gary Driscoll formam uma melodia agitada, contagiante e ardente, com uma apresentação fenomenal de Blackmore e uma bateria constante de Driscoll. A energia da faixa cria um contraste enorme com a original, que possui uma melodia melancólica acompanhada por vocais de apoio barítonos.

A versão ao vivo é mais longa, batendo a marca dos 11 minutos, com grandes partes instrumentais pela formação presente no álbum "Rising", que inclui Tony Carey, Jimmy Bain e Cozy Powell. Com Doogie White em 1995, Ritchie Blackmore trouxe um tom mais polido e fiel às características apresentadas pelos Yardbirds, mas com o nível de intensidade mesclado entre a primeira versão e a ao vivo. As três são excelentes, mas a original continua sendo a melhor, com sua personalidade própria que quase a torna como uma faixa própria do Rainbow.

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Sobre Fernando Claure

Jornalista formado em 2023, cresci ouvindo Sabbath e Metallica com o meu irmão mais velho e hoje escuto de tudo e mais um pouco. No momento meu ato favorito é o Nine Inch Nails, mas é capaz que mude daqui a um tempo. Se pudesse pegar três ídolos pessoais, estes seriam Iggy Pop, Glenn Danzig e Trent Reznor.
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