Compact Disc: como e por qual motivo nasceu o revolucionário formato
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 29 de julho de 2014
Por DAVE SIMPSON para o THE GUARDIAN
Jacques Heemskerk, pesquisador, Philips
Nos anos 70, a PHILIPS sentiu que o disco de vinil estava chegando ao fim de sua vida, porque ele era grande, empoeirado e riscado. Nos EUA, o mercado musical tinha sido completamente dominado pela fita cassete, mas elas eram usadas principalmente em carros, e tinham péssima qualidade. Então a ideia de criar um disco pequeno que fosse digital, e não analógico, para melhor sonoridade, surgiu.
Quando eu cheguei, a Philips tinha um projeto chamado Video Long Player [VLP] que depois foi rebatizado como LaserVision – que imprimia vídeo em um disco ótico de 12 polegadas e que parecia como um disco de vinil reluzente. Aquilo não decolou, mas foi um DVD primitivo. Ao mesmo tempo, tanto a Philips como a Sony estavam pesquisando novos discos de áudio. Pelo fato de ambas as empresas terem visto o que acontecera no vídeo – onde os rivais VHS e Betamax seguraram um ao outro – combinamos de desenvolver um formato padrão juntas.
A princípio, havia desconfiança de ambos os lados. Mas tão logo você começasse a conversar, você se dava conta de que a outra equipe tinha o mesmo problema e as mesmas experiências. Então você via que não eram tão diferentes assim no fim das contas.
Tendo dito isso, um problema era que os japoneses usam muito a palavra ‘hai’, que quer dizer ‘sim’, para expressarem ‘nós entendemos’ ou ‘sabemos o que quer dizer’. Então era frequente que quando eles dissessem ‘hai’, achávamos que tínhamos chegado a um acordo, mas eles estavam apenas dizendo que haviam nos entendido. Era muito frustrante.
Tivemos dois anos de reuniões e discussões antes de chegarmos ao disco de 12 cm de policarbonato [plástico], com uma camada refletiva armazenando dados lidos por um feixe de laser. Ele portaria até 74 minutos de música – porque o presidente da Sony queria poder ouvir à Nona sinfonia de Beethoven sem interrupções. Quando finalmente chegamos a um denominador comum em 1980, as especificações técnicas foram escritas no ‘Livro Vermelho’. Daí fizemos uma grande festa.
Desenvolvemos os discos e os players ao mesmo tempo, e então licenciamos a tecnologia para outras empresas para que elas fabricassem seus próprios. Uma vez que convencemos a Panasonic, todas as outras abraçaram. O primeiro player custava 1000 dólares – muito dinheiro em 1982 [US$ 2500 nos valores de hoje] – mas depois de uns dois anos o preço começou a cair.
Precisávamos fazer muita divulgação e sabíamos que a música popular seria o maior mercado, mas não podíamos começar com nada extremo, como o punk. Então fizemos um acordo com o DIRE STRAIS para promovê-los: a música deles foi toda posta em CDs, e eles apareceram em pôsteres e anúncios. Quando ‘Brothers In Arms’ tornou-se o primeiro compact disc a vender um milhão de unidades, vimos que havíamos subestimado o quão rápido ele se tornaria o formato dominante. O disco de vinil estava tão estabelecido, e nos EUA parecia inconcebível que o cassete desaparecesse. Mas depois daquilo, as coisas começaram a mudar muito, muito rapidamente,
Quando os CDs chegaram, eu estava decorando minha casa. Então eu decidi me livrar de todos meus discos de vinil e comprar meus discos dos Rolling Stones e dos Beatles em CD. Isso ainda dói. Apesar de eu ter trabalhado no CD, e tecnicamente ele ser melhor, eu não tenho certeza de que as pessoas terão o mesmo calor e apego emocional com eles como eu tinha com o álbum de vinil, com a bela arte gráfica de 12 polegadas.
Jean Schleipen, pesquisador, Philips
Eu entrei para a Philips no começo dos anos 90 com um PhD em física. Em 1999, o CD tinha se tornado o formato estabelecido e se desenvolvido para o DVD, que tinha sido outra revolução e dominado o vídeo. Os DVDs eram menores e tinham qualidade melhor, e você não tinha que se preocupar com adiantar fitas – você podia achar o ponto que você queria instantaneamente, o que era um divisor de águas.
Então o meu papel era dar o próximo passo, o Blu-ray. Do ponto de vista tecnológico, CDs, DVDs e Blu-rays são a mesma coisa – um disco ótico incitado digitalmente por um feixe de raio laser – mas passar de uma geração para a outra envolveu 10 anos de pesquisa e centenas de engenheiros. A principal vantagem do Blu-ray em relação ao DVD é a capacidade de armazenamento. Em um DVD, você não tem como gravar ou reproduzir um filme em Full HD porque é muita informação. Então precisávamos de um disco que pudesse abrigar tudo isso.
Claro, desde que conseguimos, a internet melhorou notavelmente. Agora, se você quiser assistir a um filme, você faz um streaming dele da rede. Então, depois de todos aqueles anos de pesquisa, nós de repente paramos. O Blu-ray é o último da família, então eu fui demitido. Estou brincando. Estou trabalhando em algo completamente diferente.
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